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TRABALHO, JUVENTUDE E EXAUSTÃO 

COLUNA | SAÚDE MENTALTRABALHO, JUVENTUDE E EXAUSTÃO 

Existe uma triste realidade a respeito do trabalho que a geração de nossos filhos já entendeu. A demanda não será pequena ou equilibrada; ela será intensa e desgastante, e somente alguns poucos conseguirão extrair do trabalho, ao mesmo tempo, dinheiro e prazer.

Se não encontrarem uma competência que possam explorar ou uma função privilegiada, não alcançarão nem mesmo dinheiro suficiente para o descanso necessário. Esse cenário de extrema competitividade, exploração e demandas excessivas é o pano de fundo para o medo, a paralisia, a procrastinação, a ansiedade e a depressão de nossos jovens.

O que pode tirá-los da paralisia é enxergar o mundo com olhos críticos, aprender a dizer não para demandas absurdas e colocar no trabalho componentes maiores do que o salário: aprendizado, utilidade, crescimento pessoal e entendimento de mundo. Trabalho é sagrado e valioso demais, tem que ser fonte de realização e proporcionar bem-estar. Ninguém pode se submeter a fazer algo, 8,10, 12 horas ao dia, todos os dias, que deteste. Até porque não consegue; o corpo adoenta, a cabeça não aguenta.

O futuro do trabalho deve ser moldado não apenas pela tecnologia, mas por uma consciência coletiva que valorize o equilíbrio, o respeito ao tempo pessoal e o bem-estar mental e físico. Com a automação, inteligência artificial e globalização, as exigências sobre os trabalhadores se tornam ainda mais altas. A competição por posições que exijam criatividade, pensamento crítico e inovação será ainda mais acirrada, e os critérios de desempenho se tornarão mais rigorosos e impiedosos. A expectativa de estar sempre disponível a qualquer hora aumenta, borrando as linhas entre vida profissional e pessoal.

É imprescindível questionar o paradigma que associa status ao cargo e ao salário, desenvolvendo habilidades técnicas, emocionais e sociais. A capacidade de adaptação, a resiliência e a inteligência emocional serão tão importantes quanto o conhecimento técnico. Os jovens precisam ser preparados para lidar com a incerteza e com a mudança constante, desenvolvendo um senso crítico aguçado que os ajude a navegar por um ambiente de trabalho em rápida transformação.

No entanto, é preciso também questionar a direção em que estamos indo. Se continuarmos a aceitar um modelo de trabalho que valoriza apenas a produtividade e o lucro, negligenciando o bem-estar humano, corremos o risco de perpetuar um ciclo de exaustão e insatisfação. A sociedade precisa de uma mudança de paradigma que reconheça o valor intrínseco do ser humano, independentemente de sua capacidade de produzir. Precisamos começar a ver o trabalho como um meio de alcançar a realização pessoal e coletiva, e não apenas como um fim em si.

Se quisermos criar um mundo melhor para a geração de nossos filhos, é essencial que eles aprendam a não aceitar passivamente as demandas do mercado, mas a lutar por um futuro onde o trabalho seja um espaço de crescimento, e não de opressão.

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