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CODEPENDÊNCIA O AMOR TÓXICO

COLUNA | SAÚDE MENTALCOLUNA | SAÚDE MENTAL CODEPENDÊNCIA O AMOR TÓXICO
A pessoa codependente se ocupa da vida alheia e perde a capacidade de viver a própria

A codependência é um padrão de comportamento em que uma pessoa se torna excessivamente dependente de outra para validação e senso de identidade, negligenciando suas próprias necessidades e bem-estar. Originalmente, o termo se referia aos pares de indivíduos adictos, mas atualmente inclui comportamentos de pessoas que promovem ou incentivam a dependência alheia, controlando o comportamento do outro de forma excessiva, sendo também conhecido pela expressão “amor tóxico”.

Uma pessoa codependente canaliza sua energia para os outros a ponto de se anular, o que inevitavelmente resulta em consequências negativas. Empatia não deve se confundir com a compulsão em satisfazer os desejos alheios. Sentir a dor do próximo não implica ter que resolvê-la, e reconhecer nossas necessidades é essencial para a saúde de qualquer relacionamento.

Pessoas codependentes frequentemente tomam decisões baseadas nas opiniões alheias, sentem intensa necessidade de serem aceitos ou amados, estão sempre atentos aos problemas dos outros e preocupados em orientá-los, ficando ansiosos ou aborrecidos quando as pessoas não seguem seus conselhos. Frequentemente se colocam em relacionamentos onde se dedicam exageradamente enquanto o outro mais recebe, não sendo incomum o vínculo com pessoas abusivas — e costumam se envolver em atividades que exigem muito tempo e energia, sempre negligenciando a si mesmos. Depois, ressentem-se quando não recebem a mesma dedicação.

Essa atitude de autossacrifício é difícil de perceber. A codependência pode parecer positiva, paciente e generosa, pautada nas melhores intenções, mas, na realidade, é inadequada, exagerada e muitas vezes, intrusiva. O codependente se ocupa na vida alheia e perde a capacidade de viver a própria. A generosidade pouco retribuída, seja em atenção, carinho ou ajuda, cria um ciclo em que, quanto mais se dedica aos outros, menos autoconfiança possui. Pode estar repetindo um padrão familiar de relação ou perpetuando, talvez, abusos emocionais sofridos na infância.

Considero relevante ressaltar que, embora a codependência e o transtorno de personalidade borderline (TPB) compartilhem aspectos semelhantes de instabilidade emocional e dificuldades para limites nos relacionamentos, são condições distintas. O codependente depende emocionalmente de outra pessoa para se sentir válido e necessário, já o comportamento no transtorno borderline é caracterizado por esforços desesperados para evitar o abandono, real ou imaginário, incluindo comportamentos autodestrutivos, impulsividade e mudanças rápidas na autoimagem e nos objetivos.

Embora ambas as condições possam ter raízes em experiências traumáticas na infância, o TPB é um transtorno de personalidade reconhecido clinicamente, com causas que incluem fatores genéticos, neurobiológicos e experiências traumáticas. A codependência, por outro lado, é mais frequentemente vista como um padrão de comportamento aprendido em ambientes familiares disfuncionais.

Compreender essas diferenças é fundamental para tratar cada condição de maneira adequada, promovendo relações mais saudáveis e um maior autoconhecimento pessoal.

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