Identidade Instintiva
Há pouco mais de uma década, conheci, por meio da especialista Dani Camargo, o Eneagrama. Hoje, olhando para trás, vejo que foi um conhecimento fundamental para me auxiliar no meu autoconhecimento e, sobretudo, no desenvolvimento do pilar de liderança de uma cultura inovadora humanizada. Claro que naquela época ainda não tinha toda a consciência dos nossos pilares, mas já sentia que o primeiro grande passo para o que estava construindo seria investir no desenvolvimento de pessoas. E o autoconhecimento seria imprescindível, portanto.
Podemos dizer que o Eneagrama é um mapa profundo da alma humana, que revela padrões inconscientes que moldam a forma como pensamos, sentimos e agimos no mundo por estudar as questões relacionadas à nossa identidade instintiva. Todos nós temos um instinto dominante que nos rege e, sem reconhecê-lo, não nos apropriamos plenamente do nosso próprio poder como líderes de nós mesmos. O que foi mais importante para mim no trabalho realizado lá atrás, foi entender que cada um de nós teremos padrões diferentes para lidar com as mesmas coisas e ao ganhar consciência sobre isso conseguimos compreender melhor as reações das pessoas para uma liderança mais efetiva, pois cada tipo é como uma lente — uma maneira única de enxergar a vida. E ao compreender essa lente, podemos aprender a expandi-la, desenvolver mais empatia, melhorar nossos relacionamentos e tomar decisões com mais consciência.
Durante o último encontro da comunidade Reinvente, tive o prazer de estar novamente com a Dani para aprofundarmos esse conhecimento sobre identidade instintiva e o impacto que podem ter na própria cultura corporativa. De forma resumida, são 3 os instintos básicos: autopreservação, sexual e social que assumem subtipos diferentes na identidade de cada um de nós: dominante, apoio e reprimido. Na combinação dos 3 instintos com seus 3 subtipos, temos os 9 perfis do Eneagrama.
Dani nos dá o exemplo de uma equipe predominantemente guiada pelo instinto de autopreservação. A prioridade, nesta equipe, será manter a ordem, proteger o status quo e evitar riscos. Pode ser excelente para estabilidade, mas um desafio para a inovação. Já uma cultura liderada por instintos sexuais tende à intensidade, à competitividade e à inovação veloz — mas pode negligenciar o cuidado e a escuta. E nas empresas onde o instinto social domina, o senso de pertencimento e harmonia são fortes, mas a dificuldade de assumir conflitos pode engessar processos decisórios.
Identificar esses instintos nos ajuda a entender por que certas iniciativas de inovação encontram resistência ou fluem com facilidade. Mais do que isso: nos permite redesenhar a cultura de forma mais consciente, respeitando os impulsos que movem os times, mas também equilibrando os excessos que podem comprometer o desenvolvimento sustentável e colaborativo.
Na prática, esse conhecimento nos ajuda a ter um melhor entendimento das forças naturais de uma equipe para que os ajustes necessários para atingir os resultados em equipe possam ser feitos de maneira positiva, com crescimento de todos no processo, por meio do autodesenvolvimento e do autoconhecimento.