VARICOCELE É UMA DAS CAUSAS MAIS COMUNS E TRATÁVEIS DE INFERTILIDADE MASCULINA
O acompanhamento regular com um médico urologista desde o início da puberdade é essencial para manter a saúde em dia, esclarecer dúvidas e prevenir possíveis problemas no futuro. Existem doenças que podem se desenvolver de forma assintomática, como a varicocele, considerada uma das causas mais comuns e tratáveis de infertilidade masculina.
A condição é caracterizada pela dilatação anormal que ocorre nas veias dos testículos, mais frequentemente do lado esquerdo, podendo levar a uma redução da quantidade e qualidade dos espermatozoides produzidos, afetando a capacidade reprodutiva dos homens.
“A causa da infertilidade decorrente da varicocele permanece indefinida, apesar de se aceitar que ocorre um prejuízo da espermatogênese pelo aumento da temperatura intratesticular decorrente da estase venosa, ou seja, acúmulo de sangue nas ‘varizes testiculares’”, explica o urologista Miguel Zerati Filho, do Instituto de Urologia e Nefrologia – IUN.
Segundo dados do Ministério da Saúde, a varicocele é responsável por cerca de 40% dos casos de infertilidade masculina primária e até 80% dos casos de infertilidade secundária. Cerca de 6.000 consultas e quase 14.000 internações para correção cirúrgica foram registradas no Sistema Único de Saúde – SUS, entre 2019 e junho de 2024. A maioria desses atendimentos ocorreu em homens com idade entre 31 e 40 anos, período em que muitos começam a tentar ter filhos com suas parceiras.
Apesar de muitas vezes ser uma doença silenciosa, o principal sintoma da varicocele é uma sensação de peso no testículo, especialmente após longos períodos em pé ou sentado. “Como sinal, observa-se um aspecto lenhoso na bolsa escrotal, logo acima do testículo, internamente, mas que molda a pele. A palpação dessa região é semelhante à de um cordão macio”, explica o urologista Daniel Pessutti, da Clínica Uropessutti. “O diagnóstico é realizado por meio de exame físico e complementado por exames de imagem, como o ultrassom, utilizado tanto para confirmar a varicocele quanto para descartar outras condições semelhantes”, completa.
As opções de tratamento da varicocele incluem métodos cirúrgicos, como a varicocelectomia, que pode ser realizada por meio de técnicas microcirúrgicas ou laparoscópicas. “A abordagem pode ser considerada em casos de infertilidade, dor ou atrofia testicular progressiva”, explica a urologista Karina Omori, do Centro Médico Macri.
O urologista Miguel Zerati Filho ressalta que não existe tratamento clínico para a varicocele; a cirurgia é recomendada quando são identificadas alterações nos exames de sêmen. “Em casos excepcionais, a intervenção cirúrgica pode ser indicada devido a um aumento significativo do volume escrotal ou dor intensa. A técnica mais apropriada é a ligadura (secção) das veias do plexo pampiniforme por via subinguinal, utilizando um microscópio, o que tem contribuído para a redução das complicações pós-operatórias”.
De acordo com o urologista Daniel Pessutti, o tratamento cirúrgico é focado na resolução do problema, considerando a intensidade da dor e, sobretudo, o desejo de ter filhos. No entanto, é possível conviver com a varicocele, já que a condição não progride para complicações mais graves, como câncer ou perda do testículo.
Segundo o médico, a recidiva da doença é uma condição comum e deve ser discutida com o paciente ao programar seu tratamento. A prevenção inclui evitar atividades que aumentem repetidamente a pressão no abdômen, como levantamento de peso na academia. Em vez disso, é preferível optar por exercícios aeróbicos, que causam menos impacto nessa área.
“O monitoramento da doença ao longo do tempo deve ser feito com ultrassonografia para avaliar a piora do padrão de dilatação ou a diminuição do volume dos testículos. Homens sem prole definida, ou seja, ainda com desejo de ter filhos, devem realizar espermogramas de controle”, orienta Pessutti.
Características antropométricas
Condições vasculares associadas
Fatores genéticos
Anomalias anatômicas
Crescimento corporal acelerado (estirão) e aumento do fluxo sanguíneo para os testículos (em adolescentes)
Fonte: Urologista Karina Omori, do Centro Médico Macri
Com o tratamento cirúrgico
A melhora dos parâmetros de fertilidade ocorre em 50 a 70% dos casos, principalmente na motilidade e morfologia dos espermatozoides
O testículo que sofreu atrofia devido à varicocele tende a recuperar o tamanho normal após a cirurgia
Na técnica microcirúrgica, a possibilidade de complicações, como recidiva ou aparecimento de hidrocele, é inferior a 5%
O acompanhamento deve ser periódico, pois a melhora dos parâmetros seminais pode levar de 6 meses a 1 ano após a cirurgia
Fonte: urologista Miguel Zerati Filho, do Instituto de Urologia e Nefrologia
Incidência de varicocele
6% até os 10 anos e 15% na adolescência e na vida adulta
Critério para indicação cirúrgica em adolescentes
Diminuição de 2 ml no volume do testículo
Redução de 20% do tamanho em relação ao testículo contralateral
Fonte: Urologista Miguel Zerati Filho, do Instituto de Urologia e Nefrologia - IUN