A morte repentina da Bispa da Assembleia de Deus em São Paulo, Keila Ferreira no, no último dia 1º, levantou debate sobre o que são as mortes súbitas e por que elas ocorrem sem aparentes sintomas. Definidas como repentinas, não acidentais e que requer atendimento rápido, as mortes repentinas ou mal súbitos podem ter causas diversas como infarto agudo do miocárdio, conhecido como infarto fulminante, os acidentes vasculares cerebrais (AVC), embolia pulmonar, como no caso da Bispa, aneurismas, além de outros problemas silenciosos ou com sintomas não tratados.

A médica cardiologista Amanda Pupim explica que a morte súbita ou mal súbito, como é conhecido popularmente, é uma morte inesperada e rápida, “geralmente dentro de uma hora após início dos sintomas que pode afetar pessoas aparentemente saudáveis ou com condições pré-existentes”, explicou. Entre as principais causas está o infarto agudo do miocárdio, conhecido como infarto fulminante. Dados do Ministério da Saúde apontam que este tipo de infarto é a maior causa de mortes no Brasil – a estimativa é de 300 mil a 400 mil casos todos os anos, com cinco mortes a cada sete pessoas infartadas.

Os principais fatores de risco são o tabagismo, sedentarismo, alimentação desbalanceada, colesterol alto e estresse. Segundo o Ministério, diabéticos e hipertensos têm de duas a quatro vezes mais chances de sofrer infarto. Nos diabéticos e idosos, o infarto também pode ocorrer sem sintomas específicos – com mais riscos a mal súbito. “Temos também fatores como histórico familiar e idade que devem considerados. E quanto mais fatores de risco, maiores as chances”, ressaltou a cardiologista.

O cardiologista do Hospital de Base Márcio Santos explicou que pessoas com doenças cardíacas já instaladas têm mais riscos, principalmente em momentos de exageros de álcool, cigarro, comidas salgadas e exposição ao sol (desidratação). Assintomáticos, como hipertensos que não tem sintomas, e pessoas com doenças coronarianas, as quais obstruem as artérias, precisam buscar avaliação médica e tratamento. “Chegou numa faixa etária de 40 anos, tem alguém na família, com problema de coração, tem que rastrear antes de aparecer os sintomas”, orientou.

O infarto agudo do miocárdio é a morte de células do coração por conta de coágulos que bloqueiam o sangue ou por contração da artéria. O infarto, geralmente, ocorre com dor intensa no peito, que pode espalhar para as costas, rosto, braço esquerdo (raramente no braço direito), sensação de peso ou aperto, suor frio, palidez, falta de ar, sensação de desmaio e precisa de atendimento rápido. “Esses pacientes não podem perder tempo. Então, nesta fase, com sintoma ou não teve, ou não é tratado, teve dor no peito ou alguma perda de movimento, vá para a emergência”, afirmou Santos. No HB, referência no Estado, a emergência 24 horas para infartados e AVC preconiza o menor tempo possível para cada procedimento para garantir mais chances de vida.

Como a segunda causa de morte no mundo, segundo a Sociedade Brasileira de AVC, o acidente vascular cerebral, popularmente conhecido como derrame, também pode causar morte repentina. Colesterol alto, cigarro, diabetes, sedentarismo, apneia do sono e pressão alta são fatores de risco. No caso do AVC hemorrágico, o atendimento rápido na emergência é essencial para evitar a morte cerebral em poucas horas ou sequelas graves. Problema que também pode ter seus fatores de risco tratados com prevenção. “Visitas regulares ao cardiologista para realização de exames, medicações e orientações necessárias”, destacou Amanda Pupim.

Embolia pulmonar

No caso da Bispa, a princípio, a imprensa afirmou ser infarto do miocárdio. Logo, o Bispo Oídes José do Carmo, amigo da família, disse que uma autópsia do hospital Sírio libanês, em São Paulo, apontou para embolia pulmonar. A embolia ocorre quando um coágulo de sangue solta das veias das pernas ou pelve, bloqueia a artéria do pulmão, causa lesão, dor ao respirar e falta de ar intensa, com redução de oxigênio no sangue e nos outros órgãos, o que pode levar ao infarto pulmonar e morte. A embolia pode ser consequência de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), insuficiência cardíaca, obesidade, cigarro, ficar muito tempo na mesma posição, cirurgias, traumas, Covid-19, anticoncepcionais, reposição hormonal, varizes, gravidez e até câncer.

Aneurismas

Outro evento que pode levar a morte súbita são os aneurismas, os quais podem ocorrer em qualquer artéria do corpo, no entanto, quando ocorre no cérebro e na aorta torácica e abdominal, há altas taxas de mortalidade. Nestes casos, o aneurisma surge da fragilidade ou defeito da parede arterial e pode vir desde o nascimento ou pode ser adquirido por conta de pressão alta não tratada, cigarro, traumas e placas de gordura ou calcificação, no caso dos aneurismas abdominais.

O neurocirurgião do Austa Hospital Lucas Crociati Meguins afirmou que para os aneurismas existe um acompanhamento semelhante ao das doenças cardiovasculares e que momentos de mudanças de tempo e momentos de exageros de bebidas e comidas, há mais riscos de doenças cerebrais hemorrágicas e isquêmicas, com risco de morte. “Uma hemorragia intracraniana ou isquemia extensa na caixa craniana pode acarretar, além das sequelas mais graves, uma dependência total de terceiros, traqueostomia e um risco muito elevado de óbito”, afirmou.