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Doença silenciosa pode causar infertilidade

SaúdeDoença silenciosa pode causar infertilidade
Aproximadamente 190 milhões de mulheres no mundo têm endometriose

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Silenciosa e dolorosa, a endometriose impacta significativamente a qualidade de vida da mulher se não for diagnosticada e tratada. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que aproximadamente 190 milhões de mulheres em idade reprodutiva sejam afetadas pela endometriose. No Brasil, o Ministério da Saúde calcula que uma em cada dez mulheres apresente os sintomas da doença, frequentemente sem diagnóstico ou tratamento adequados.

A endometriose é caracterizada pela presença de tecido endometrial fora do útero. O endométrio, camada que reveste internamente a cavidade uterina, é renovado mensalmente durante o fluxo menstrual. No entanto, em alguns casos, parte desse tecido se deposita na cavidade pélvica e abdominal. Esse processo pode levar à formação da doença, que muitas vezes é crônica e progressiva.

O ginecologista e obstetra Gabriel Dumbra, professor da Faculdade de Medicina Faceres, explica que a endometriose está relacionada a diversos fatores, incluindo predisposição genética, alterações hormonais, questões imunológicas e até o estilo de vida. “Mulheres com histórico familiar de mãe com diagnóstico de endometriose têm um risco maior de desenvolver a doença”, destaca.

Conforme dados da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), a condição é frequentemente uma causa de infertilidade, afetando até 30 a 50% das mulheres com endometriose. “A endometriose por ser uma doença basicamente inflamatória pode interferir desde a quantidade e qualidade de óvulos, pode ter focos ovarianos, por exemplos, que interferem diretamente no processo de ovulação até gerar distorções na anatomia da pelve feminina provocando aderências, obstruções, que podem impedir mecanicamente essa gravidez. Sem contar que indiretamente pode desestimular a relação sexual, uma vez que pode cursar com dor, fazendo com que essa mulher tenha menos relações sexuais”, explica a ginecologista Ana Paula Fonseca.

Segundo a Associação Brasileira de Endometriose, 57% das pacientes portadoras da doença apresentam dores crônicas. Foi em razão de dores crônicas que a comissária de voo Ana Maria Penha foi diagnosticada. “No início, imaginava que o estilo de vida que eu estava levando é que estava me prejudicando, porque tinha muitos voos a noite, não tinha o sono regulado. Mas como passar dos meses, a dor foi se intensificando. Cheguei a ficar afastada do trabalho por diversas vezes e não sabia porque doia tanto. Minha ginecologista pediu uns exames e detectou a endometriose. Agora, com o tratamento que fiz, tenho vida normal de novo”, conta.

Algumas mulheres descobrem a endometriose quando estão tentando engravidar e enfrentam dificuldades nesse processo. Graziela Couto, ginecologista e obstetra e professora da Faculdade de Medicina Faceres, explica que a relação entre a endometriose e a fertilidade é complexa e envolve vários fatores. “Alguns estudos sugerem que a doença pode dificultar a gravidez ao causar alterações na anatomia da região pélvica devido a aderências (tecidos grudados), comprometer o funcionamento dos ovários e provocar inflamações que afetam a qualidade dos óvulos, a ovulação, a fertilização e até a implantação do embrião no útero”. No entanto, ela reforça que esse é um tema ainda em estudo e debate na comunidade científica.

Diagnóstico

O diagnóstico é feito com base no relato da paciente, no exame físico ginecológico e em exames complementares, como ultrassom transvaginal, ressonância magnética e em alguns casos até um procedimento cirúrgico pode ser necessário.

Tratamento

O tratamento da endometriose é individualizado, considerando a gravidade da condição em cada paciente. Entretanto, a adoção de hábitos saudáveis, como dieta anti-inflamatória, exercício físico, suplementação direcionada e sono adequado, é recomendada universalmente. “Em casos específicos, intervenções hormonais ou cirúrgicas podem ser consideradas. A fertilização in vitro surge como alternativa para mulheres que desejam engravidar. É crucial o acompanhamento ginecológico para orientação personalizada”, conclui Ana Maria.

Recomendações para lidar com a endometriose
  • Não imagine que a cólica menstrual é um sintoma natural na vida da mulher. Procure o ginecologista e descreva o que sente para ele orientar o tratamento

  • Faça todos os exames necessários para o diagnóstico da endometriose, uma doença crônica que acomete mulheres na fase reprodutiva e interfere na qualidade de vida

  • Inicie o tratamento adequado ao seu caso tão logo tenha sido feito o diagnóstico da doença

  • Saiba que a endometriose está entre as causas possíveis da dificuldade para engravidar, mas a fertilidade pode ser restabelecida com tratamento adequado

Fonte: Associação Brasileira de Endometriose

Sintomas

  • Dor em forma de cólica durante o período menstrual que pode incapacitar as mulheres de exercerem suas atividades habituais

  • Dor durante as relações sexuais

  • For e sangramento ao urinar e evacuar, especialmente durante a menstruação

  • Fadiga

  • Diarreia

  • Dificuldade de engravidar. A infertilidade está presente em cerca de 40% das mulheres com endometriose

Fonte: Associação Brasileira de Endometriose

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