Ceratite Química: o perigo por trás dos procedimentos estéticos nos cílios
Os cílios alongados e volumosos se tornaram um dos procedimentos estéticos queridinhos entre as mulheres que desejam um olhar marcante. No entanto, o que muitas não sabem é que esses procedimentos, quando mal-executados ou feitos com produtos inadequados, podem causar sérios danos à saúde ocular. Foi o que aconteceu com a médica e influenciadora digital Romana Novais, esposa do DJ Alok.
Recentemente, Romana usou suas redes sociais para compartilhar com seus mais de quatro milhões de seguidores um episódio preocupante: após fazer um procedimento nos cílios, ela desenvolveu uma ceratite química, uma inflamação da córnea - transparente que recobre o olho - causada por contato com substâncias irritantes, como ácidos ou bases presentes em alguns produtos de beleza, limpeza ou industrial e, no caso dos alongamentos de cílios, as colas ou solventes utilizados no procedimento.
Romana contou que já havia feito o procedimento anteriormente, mas que dessa vez foi diferente e os sintomas apareceram no dia seguinte. “Quando acordei, não consegui enxergar nada, absolutamente nada. Ao abrir os olhos, senti uma dor muito forte, fulminante, severa. Foi a pior dor que senti na minha vida, não consigo nem descrever para vocês. Mas era uma dor dilacerante, parecia que estaca corroendo meu olho”, relatou Romana.
A ceratite química é uma condição séria que, se não tratada rapidamente, pode levar a complicações como úlceras corneanas, perda de visão temporária e até danos permanentes. “Em casos mais graves, pode haver lesões mais profundas na córnea e até comprometimento da visão”, afirma a oftalmologista Emanuele Renata Tonolli Pavani, professora da Faculdade de Medicina Faceres, especialista em plástica ocular.
O oftalmologista do Horp, Rafael Delsin, reforça a ceratite química se não for tratada adequadamente e de forma rápida, pode causar complicações sérias e acrescenta as cicatrizes permanentes, perda parcial da visão e, em casos extremos, até cegueira. “Por isso, qualquer sintoma ocular após um procedimento químico deve ser avaliado com urgência por um oftalmologista. A ceratite química é considerada uma emergência oftalmológica. Quanto mais rápida a intervenção médica, maiores as chances. Em casos mais graves, pode levar à cegueira”.
Os sintomas incluem: ardência ou dor intensa nos olhos, vermelhidão, sensação de areia ou corpo estranho, lacrimejamento excessivo, visão borrada ou sensível à luz (fotofobia) e inchaço nas pálpebras.
O médico Rafael destaca que o alongamento ou extensão de cílios não é um procedimento proibido. “No entanto, é imprescindível que qualquer procedimento estético seja realizado com produtos testados e por profissionais capacitados”.
Para Thiago Pizarro, médico especialista em oftalmologia, os procedimentos estéticos de cílios podem ser relativamente seguros. “Se realizados por profissionais altamente qualificados, com produtos regulamentados e seguindo normas rigorosas de higiene e proteção ocular. Para minimizar riscos, é importante certificar-se da qualificação do profissional, exigir o uso de produtos aprovados pela Anvisa e proteger adequadamente a superfície dos olhos durante o procedimento”.
Tratamento
Os cílios naturais desempenham um papel crucial na proteção ocular. Eles atuam como barreira física, desviando partículas e correntes de ar que podem carregar patógenos prejudiciais. Ainda, estimulam o reflexo de piscar, auxiliando na remoção de detritos e na manutenção da lubrificação da superfície ocular. Em caso de irritação ou contato com substâncias nocivas, é recomendada a lavagem imediata com água corrente ou soro fisiológico. “Após avaliação oftalmológica, dependendo da gravidade, pode-se usar colírios anti-inflamatórios e antibióticos”, orienta o oftalmologista Rafael.
Emanuelle ressalta que o tratamento depende da gravidade da inflamação e pode incluir o uso de colírios lubrificantes, antibióticos e anti-inflamatórios prescritos pelo oftalmologista. “Em casos graves, pode ser necessário o uso de pomadas oftálmicas ou até cirurgia. É essencial que o tratamento seja orientado por um oftalmologista e nunca se automedique, pois, o uso de colírios inadequados pode piorar a situação”, conclui.
Escolha um profissional qualificado - certifique-se
de que o aplicador tem formação e experiência com extensão de cílios
Verifique a procedência dos produtos - pergunte ao profissional sobre os materiais utilizados, especialmente a cola. Evite produtos com formol ou substâncias tóxicas
Faça teste de alergia - antes da aplicação, peça para fazer um teste de contato para evitar reações alérgicas
Evite contato com os olhos - durante a aplicação, os olhos devem permanecer fechados, e o produto jamais pode tocar diretamente no globo ocular
Observe os sintomas - após o procedimento, se houver qualquer sinal de desconforto persistente, vermelhidão ou dor, procure um oftalmologista imediatamente
Fonte: Ministério da Saúde