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PEDRO JANOT

EntrevistaPEDRO JANOT
Com uma carreira de mais de 30 anos em gestão, ele foi responsável pela expansão das operações da Richards, pela introdução da Zara no Brasil e pelo lançamento bem-sucedido da Azul

Pedro Janot iniciou sua trajetória como comprador na Mesbla, o que lhe proporcionou destaque e a oportunidade de ingressar em uma nova fase das Lojas Americanas. Na empresa, foi um dos responsáveis pela implementação da estratégia de folhetos, inovando ao divulgar ofertas por meio de encartes distribuídos nos jornais. Em seguida, assumiu o cargo de diretor na Richard, onde liderou projetos de reestruturação e expansão por franquias. Graças à sua dedicação aos colaboradores e clientes, Pedro se tornou o primeiro CEO da gigante espanhola Zara no Brasil, de 1998 a 2007. Após sua passagem pelo Grupo Pão de Açúcar, assumiu a presidência da Azul, a primeira companhia aérea low cost do País, conquistando significativa fatia do mercado.

Afastado do cargo após o acidente que o deixou tetraplégico, Pedro, atualmente, é um dos sócios do Grupo Solum BEE4 – que reúne negócios focados no segmento de ativos alternativos – e compartilha seus vastos conhecimentos em gestão, liderança e inovação por meio de palestras pelo Brasil. Além disso, atua como conselheiro de grandes companhias e é autor de dois livros “Focado em Pessoas” e “A vida é tudo que você faz com ela”.

Formado em administração pela Universidade Cândido Mendes, com pós-graduação pela PUC - RJ e MBA pelo Ibmec, Pedro é uma destacada figura no cenário empresarial nacional.

Recentemente, o executivo, com mais de 30 anos de experiência no mundo dos negócios, esteve em Rio Preto para palestrar aos empresários do Lide Noroeste Paulista.

Confira a entrevista a seguir:

BE – O senhor foi o primeiro presidente da Azul Linhas Aéreas e assumiu sem ter experiência na área. O que o senhor credita a sua escolha para o cargo?

Pedro Janot – Eu fui escolhido para a posição porque tinha feito dois startups que era um dos pré requisitos. Eu já tinha o startup da Richards e da Zara do Brasil. Eu fui o primeiro CEO da Richards quando ela começou sua expansão, da Zara quando ela entrou no Brasil, na qual eu fiquei por 6, 7 anos e depois fui primeiro CEO da Azul, assumi o posto para lançar a companhia. Minha ligação com o consumo e o cliente também foi um fator determinante para a escolha. Estar em São Paulo facilitou o processo de contratação.

BE – Um CEO pode assumir o comando de uma empresa na qual não tem domínio sobre a área?

Pedro Janot – Acredito totalmente nisso, porque é ele quem tem que saber as variantes das áreas, o que tem que saber das especificações de cada área são as pessoas que você contrata, que se cerca e essas pessoas têm que executar o que você pede e a sua demanda, obviamente, está enquadrada dentro do script que te de deram. Na Azul, foi abrir uma companhia aérea e ser a melhor companhia em qualidade do País.

BE – Na sua opinião, qual o perfil de um líder de sucesso?

Pedro Janot – O líder precisa ter uma relação muito próxima com a sua equipe. Mesmo que seja uma equipe de 17 mil pessoas. Porque essa proximidade cria uma linha que é indissolúvel. Justamente, fazendo a ponte entre sonhos e valores, você tem como resultante a cultura da empresa. Isso é algo que eu sempre valorizei em todos os lugares que passei.

BE – Quais as principais características o senhor valoriza em um profissional?

Pedro Janot – Primeiro, um profissional precisa ter um olho inquieto de um felino, um olho de tigre. Ele tem que estar em alerta para qualquer movimento, na sala, no mercado, com pessoas com propósito. Depois, esse líder tem que ser absolutamente pró gente, pró consumidor. Que “gentes” são essas? Gente interna, que fechará o serviço para gente externa, os quais são seus clientes. Então, cuidando desses dois, a pessoa terá sucesso. Terceiro, é o ego. O líder não pode ter ego. O ego é algo muito individual, mas quando se está no coletivo, liderando uma tropa, um time, um esquadrão, você tem que ter a humildade no bolso e esse bolso tem que estar furado.

BE – Em seu site, o programa “No ar, com Pedro Janot”, o senhor realiza entrevistas e troca experiências com convidados especiais, compartilhando sua visão no mundo dos negócios. Como surgiu essa ideia? E quais os diferenciais desse programa?

Pedro Janot – O grande diferencial desse programa e das minhas palestras é que eu passo por situações que não são teóricas, são histórias de verdade, em que eu consigo prover a mensagem: é assim e eu fiz assim. Alguns desses fundamentos estão até hoje na Azul, até hoje na Zara e na Richards. Foi em 1986 na Richards, em 1998 na Zara e começou em 2007 na Azul, quando teve seu primeiro voo para Salvador.

BE – Como o senhor avalia o emprego da Inteligência Artificial no setor corporativo?

Pedro Janot – A inteligência Artificial vai trazer uma aceleração enorme. A capacidade de processamento aumentou, cresceu muito a base da comunicação digital. Com a implementação da Inteligência Artificial, a velocidade de processamento e feedback das máquinas será significativamente aumentada, permitindo uma aprendizagem mais eficiente. Isso resultará em dados mais precisos para os responsáveis de cada setor, possibilitando uma melhor orientação e garantindo que as diretrizes estabelecidas pela IA estejam alinhadas com os princípios da empresa.

BE – Como o senhor avalia sua trajetória profissional ao longo de mais de 30 anos de experiência no comando de grandes empresas?

Pedro Janot – Avalio como uma trajetória de sucesso. É pouco visto no Brasil outros executivos que tenham feito o que fiz. Mesmo depois do meu acidente, voltar a empreender como um palestrante, conselheiro e mentor. O lançamento da startup do grupo Solum BEE4 foi mais um marco nessa jornada. Essas empresas, que conquistam fatias do mercado corporativo variando de 3 a 300 milhões, continuam crescendo a taxas de dois dígitos. Trabalhar com essas empresas emergentes exige preparo para as demandas da bolsa de valores e implica um planejamento minucioso, a integração de novos executivos e a colaboração dentro da equipe, tudo com o propósito de viabilizar um crescimento estruturado e profissional.

BE – No ano passado, o senhor lançou seu terceiro livro, “Focado em Pessoas”, na qual revisita sua trajetória à frente de renomadas empresas, como Richards, Zara, Pão de Açúcar e Azul Linhas Aéreas. Quem ainda não leu a obra, o que encontrará?

Pedro Janot – O leitor encontrará uma estruturação de sonho e valores, se deliciará com histórias do primeiro grupo, da primeira fase da Azul, que foi a implantação da companhia. Isso é muito divertido porque consegui fazer o trabalho que é algo seríssimo em lançar uma companhia de aviação que demanda capital intensivo, regulação por um órgão de governo, obediência à um órgão nacional de controle aéreo, é intensivo em capital, intensivo em tecnologia, intensivo em controle do governo, seja no campo operacional ou no campo estratégico e intensiva na briga de mercado, que é muito acirrada por buscas de um melhor posicionamento de uma malha aérea.

Ou você tem a boeing ou tem produtos da Embraer, então ela tem que ser específica nisso.

BE – O senhor tem planos de lançar um novo livro? Pode nos adiantar algo?

Pedro Janot – Eu tenho vontade de lançar um livro mais atualizado, e mais didático, também sobre o pós do meu acidente, o que vivi durante o acidente, que me trouxe melhorias e me levou a lugares que eu nunca imaginei passar.

BE – Em novembro de 2011, durante uma viagem “de descanso” a seu sítio sofreu um acidente de cavalo. A queda provocou uma grave lesão abaixo do pescoço, deixando-o tetraplégico. Além das limitações físicas, como o acidente modificou a sua vida?

Pedro Janot – Aumentou a minha objetividade, porque tinha menos horas disponíveis para trabalhar e também o resgaste à família. Falo do resgate à família porque na época do acidente eu estava muito focado em mim, tudo voltado para mim e não tinha espaço para ninguém entrar. Quando eu estava no chão, foi a família que me acolheu e me auxiliou. Também, de 2011 a 2014, quando lancei meu primeiro livro “Maestro de voo”, encontrado na Amazon.

BE – Quais os principais conselhos o senhor daria para quem deseja ter sucesso profissional?

Pedro Janot – Foco em pessoas, ser um líder hipnótico, que sabe ouvir a sua equipe e seus clientes e ser um líder que se desafia e que desafia seu grupo interno de trabalho.

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