Com uma trajetória marcada pela visão estratégica e compromisso com a transformação social por meio da educação, Celso Penha Vasconcelos é o atual diretor-presidente da Fundação Educacional de Votuporanga (FEV). Advogado de formação, mestre em Direito pela Universidade Mackenzie, com especializações no Brasil e na Espanha, Vasconcelos alia sua sólida formação jurídica a uma gestão moderna, inclusiva e voltada à inovação.

À frente de uma das instituições filantrópicas e educacionais mais relevantes do interior paulista, mantenedora do Centro Universitário de Votuporanga (Unifev), do Colégio Unifev e da Fundação Rádio Educacional de Votuporanga (Frev), ele conduz os desafios de gerir uma entidade que atua da educação básica ao ensino superior, passando por veículos de comunicação educativa.

Nesta entrevista, Vasconcelos fala sobre os valores que norteiam sua gestão, os investimentos em inovação, os impactos regionais gerados pelas instituições mantidas pela FEV, além das transformações que tecnologias como a inteligência artificial já estão provocando nas áeras da educação e do direito.

A FEV foi uma das patrocinadoras da segunda edição da Polointer, feira realizada entre os dias 11 e 15 deste mês, em Votuporanga. O evento reuniu setores moveleiros, construção, decoração, automóveis, agropecuária, náutica e serviços. Com o tema “Paris”, contou com uma estrutura de 12 mil m².

Leia a entrevista a seguir:

BE – Que valores ou princípios o senhor considera essenciais na condução de uma instituição filantrópica e educacional?

Celso Penha Vasconcelos – Acredito que alguns valores e princípios são essenciais para garantir a integridade do trabalho à frente de uma instituição filantrópica e educacional. Entre eles, podemos destacar a responsabilidade social, o compromisso com a educação de qualidade, inovações, sustentabilidade e a transparência na gestão. Tais princípios, juntos, criam uma base sólida para uma atuação ética, eficiente e verdadeiramente transformadora para a sociedade como um todo. Esse é o papel da Fundação Educacional de Votuporanga, que há quase 60 anos transforma vidas e participa ativamente do desenvolvimento econômico e social da nossa região.

BE – Quais são os principais desafios de gerir uma instituição educacional como a FEV, que abrange a educação básica, ensino superior e rádio e TV educativas?

Celso Penha Vasconcelos – Gerir a FEV é um enorme desafio que envolve múltiplos fatores, desde gestão pedagógica, administrativa, financeira e social. A Fundação Educacional de Votuporanga (FEV) é uma Instituição privada, sem fins lucrativos, mantenedora do Centro Universitário de Votuporanga (Unifev) e do Colégio Unifev e da Fundação Rádio Educacional de Votuporanga (Frev), que congrega a Rádio e a TV Unifev.

A FEV se tornou uma referência entre centenas de outras instituições do País, por sempre adotar uma gestão séria, competente, transparente e focada no mais importante: o desenvolvimento pessoal, social e profissional de seus estudantes.

Ao longo de 59 anos de história, vencemos inúmeros desafios que comprovam a excelência do ensino ofertado e a qualidade de uma Instituição séria, forte, renomada e que não para de crescer.

Hoje, com foco no futuro educacional e nas constantes transformações do mercado, o Centro Universitário de Votuporanga oferece mais de 50 diferentes cursos de graduação e pós-graduação, centenas de atividades de extensão presenciais e on-line, e diversos outros serviços prestados, gratuitamente, à comunidade.

BE – Qual o impacto da Unifev e das demais instituições mantidas pela FEV no desenvolvimento socioeconômico da região?

Celso Penha Vasconcelos – Sabemos que houve grande contribuição na saúde local após a abertura do curso de Medicina, aliado aos cursos de toda a área da saúde e também na construção civil em função dos cursos de Engenharia e Arquitetura. É visível a contribuição com o número de formados em todas as áreas do conhecimento, a informação levada à comunidade por meio da Rádio e TV Unifev e o ensino básico e médio no Colégio Unifev. Não há dúvidas quanto a relevância da FEV para o desenvolvimento regional.

BE – Quais os principais investimentos que a FEV tem feito nos últimos anos em inovação educacional?

Celso Penha Vasconcelos – Há muitos investimentos em capacitação de coordenadores, professores e corpo técnico em novas metodologias de ensino, em consultorias, visitas técnicas e parcerias e apoio de entidades ligadas à educação como o Semesp. Também há a aquisição de programas e aplicativos específicos, investimentos em equipamentos, laboratórios, criação do Centro de Especialidades em Medicina Veterinária (Cevet), ampliação da estrutura, como aumento do complexo esportivo (nova quadra e segunda academia) e novos equipamentos nas clínicas da área de saúde.

BE – Qual é o papel da Instituição na promoção de inclusão e acesso à educação de qualidade?

Celso Penha Vasconcelos – Na Unifev e no Colégio, ações que garantem a inclusão social e educacional de estudantes são planejadas e efetivadas, tanto por via da adaptação curricular e das metodologias de ensino, como por meio do suporte de núcleo específico que colabora com o desenvolvimento dos alunos com deficiências e atípicos. São desenvolvidos diferentes tipos de acessibilidade, desde a arquitetônica, passando pela metodológica, até a atitudinal, são colocadas em prática em prol da evolução dos nossos alunos.

BE – Quais estratégias a Unifev tem adotado para se destacar no cenário educacional regional?

Celso Penha Vasconcelos – Estamos utilizando vários instrumentos e recursos para nos diferenciar no cenário da educação regional. Capacitação dos colaboradores, aulas dinâmicas, metodologias ativas, pesquisas junto à comunidade acadêmica, laboratórios modernos, educação empreendedora e conceitos inovadores têm como função destacar a Unifev como instituição reconhecidamente inovadora e plenamente capaz de oferecer a melhor qualificação para nossos alunos.

BE – Como sua formação em Direito influência sua atuação como gestor educacional?

Celso Penha Vasconcelos – O Direito é um ramo da ciência que se aplica em todos os demais, pois trata das relações humanas. A gestão do negócio educacional é totalmente voltada às pessoas: alunos, professores, colaboradores, pais, sociedade. O viés humanista do Direito nos prepara para o mercado de trabalho na área privada, com os contratos, a propriedade, a empresa, os negócios, e também para atuar de forma a alcançar a justiça social, em áreas nas quais o interesse particular é preponderante. O advogado tem que desenvolver sua atuação empreendedora, de gestão e aprimorá-las cada vez mais nos diversos nichos, sendo um deles a educação.

BE – De que forma a inteligência artificial pode contribuir com a rotina do advogado?

Celso Penha Vasconcelos – A inteligência artificial veio para ficar. Não é de se discutir se ela vai substituir o advogado, pois o talento não se substitui. É preciso entendê-la e utilizá-la em prol da advocacia, tornando-a mais hábil na análise dos problemas. Ela dá suporte na análise de contratos, processos, das questões mais complexas da sociedade. Esse auxílio exige do advogado um conhecimento maior, pois, da resposta aos “prompts” há necessidade de análise aprofundada para melhor solucionar o problema em que se está debruçando. É mais um meio, um instrumento, em favor da advocacia e do advogado, que agilizará seu tempo e a resolução do problema.

BE – Qual ramo da advocacia o senhor considera que está em expansão? Por quê?

Celso Penha Vasconcelos – O Direito Digital está em plena expansão em razão dos mecanismos de inteligência artificial, criptomoedas, “smart contracts”, metaverso, redes sociais, que impactam diariamente a vida das pessoas e cuja solução está ainda engatinhando. A tecnologia tem avançado de forma abrupta, os problemas estão surgindo e o direito precisa, urgentemente, se adequar para as soluções.

Outra área em crescimento é o Direito do Agronegócio. São várias nuances que envolvem os contratos agrários e que poucos advogados conhecem a fundo, como, por exemplo: parcerias agrícolas, arrendamentos, vendas de embriões, doenças genéticas em plantas e animais para consumo humano e as alternativas para solucionar o endividamento rural. Enfim, o Direito do Agronegócio é sempre novo e para o futuro.

BE – Quais os maiores aprendizados acumulados ao longo de sua trajetória na FEV?

Celso Penha Vasconcelos – Ao longo da minha carreira profissional, tive a oportunidade de passar por importantes entidades, clubes de serviços, diretoria da 66ª Subsecção da Ordem dos Advogados do Brasil, Santa Casa de Votuporanga, Associação Comercial de Votuporanga, entre outras. No entanto, sem dúvida, a FEV ocupa um espaço marcante na minha trajetória profissional. Fui docente e coordenador do curso de Direito da Unifev, tesoureiro da Fundação e estou na minha segunda gestão como diretor-presidente da FEV. Nossa missão é educar com excelência para o desenvolvimento pessoal e social e para isso investimos diariamente na construção e manutenção de importantes valores como: responsabilidade social, conduta ética e moral, desenvolvimento sustentável, gestão participativa, inovação e transparência. Além disso, buscamos constantemente a melhoria da qualidade de ensino.

BE – Como o senhor enxerga o futuro da educação no Brasil?

Celso Penha Vasconcelos – Essa é uma questão muito ampla, que mereceria uma matéria somente para esse tema. No entanto, de forma resumida, vale observar que a educação, como qualquer outra área, passa por profundas transformações, seja por conta da introdução de novas tecnologias, surgimento de metodologias inovadoras, questões comportamentais e marcos regulatórios. Por exemplo, a IA irá trazer muitas mudanças na educação em todos os sentidos, como contribuindo para pesquisas mais rápidas. Essa e muitas outras questões farão parte de um novo cenário que envolverá cada vez a educação, trazendo novos desafios. As instituições que melhor entenderem e se adaptarem, terão maior possibilidade de obterem êxito.