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AFINAL, O QUE É PSICOPATIA?

COLUNA | SAÚDE MENTALAFINAL, O QUE É PSICOPATIA?

A psicopatia é um transtorno de personalidade que se destaca pela ausência de empatia, remorso e culpa, prevalecendo o comportamento antissocial, distante e/ou manipulador. No entanto, como se trata de um transtorno afetivo, as qualidades racionais destes indivíduos estão preservadas e eles então podem desenvolver características carismáticas a fim de atrair pessoas ou o ambiente a seu favor. Não se trata de um transtorno momentâneo ou oscilante, e sim uma condição estável e permanente.

O entendimento popular da psicopatia é superficial e carregado de estereótipos. A maioria desconhece que a psicopatia engloba uma vasta gama de manifestações, muitas das quais não envolvem atividades criminosas. Traços como impulsividade, falta de remorso e tendência à manipulação podem levar a comportamentos antiéticos, mas também a uma adaptação social perfeita, adornando o psicopata com carisma e sedução, semelhantes aos narcisistas, em detrimento emocional daqueles ao seu redor. Essa maestria em manipulação torna a psicopatia difícil de detectar, especialmente em contextos onde tais indivíduos podem parecer encantadores.

A confusão entre psicopatia e crimes violentos é alimentada por filmes e séries que retratam psicopatas como vilões brutais, perpetuando a ideia de que psicopatia e criminalidade andam de mãos dadas. Exemplos como o de “Hannibal Lecter” em “O Silêncio dos Inocentes”, entre outros, cristalizam essa noção. Embora nem todos cometam atrocidades, a psicopatia aparece no mundo corporativo manipulando colegas e superiores para obter vantagens pessoais, exploram geralmente subordinados, tem ambições individuais e não coletivas, tomam decisões impulsivas e parecem ousados ou persuasivos, mas podem ser corruptos e antiéticos sem arrependimento ou remorso e tampouco se importar com as consequências para colegas ou as empresas. Verdadeiros predadores emocionais ou sociais.

Clinicamente, a psicopatia é avaliada através da Hare Psychopathy Checklist-Revised (PCL-R), criada por Robert Hare. Esta ferramenta examina traços como charme superficial, grandiosidade, mentira patológica, manipulação, ausência de remorso, insensibilidade emocional, estilo de vida parasitário, falta de metas realistas e impulsividade.

A etiologia da psicopatia é complexa, fruto de uma intrincada interação entre fatores genéticos e ambientais. Pesquisas sugerem uma base neurobiológica, com alterações em áreas do cérebro como a amígdala e o córtex pré-frontal, ligadas ao controle emocional e à tomada de decisões. Experiências adversas na infância, como abuso ou negligência, podem também fomentar traços psicopáticos, culminando na plena manifestação do transtorno.

Até os dias atuais, não existe forma de tratar o transtorno. A natureza astuta e manipuladora dos psicopatas dificulta o tratamento e a psicoterapia, mostra-se limitada. Pesquisas buscam métodos mais eficazes, no entanto, a prevenção por meio de intervenção precoce e identificação de fatores de risco, permanecem sendo a estratégia mais promissora.

A psicopatia, ainda hoje, representa um enigma tanto para a compreensão quanto para o tratamento no campo da saúde mental e, nas palavras do pesquisador Robert Hare: “O psicopata está para os outros homens assim como o gato está para o rato. A vantagem do rato sobre nós é a de que eles sempre sabem quem é o gato”.

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