O líder que aprende
Tenho feito várias reflexões com especialistas na Comunidade Reinvente sobre um olhar mais atento ao ser humano que lidera! Para fechar os encontros de comemoração dos 5 anos da comunidade completados em abril, recebi Gabriela Imbernom Pereira com quem tenho tido o prazer de aprender ao longo de quase duas décadas. Ela nos traz a reflexão da dimensão do aprender para a vida! E de como pode ser impactante esse olhar sobre nosso processo de aprender com os desafios diários da nossa liderança.
Muitos líderes reclamam da dificuldade em engajar as equipes! Felizmente esse não é um dos nossos principais problemas, pois ao liderarmos a partir da perspectiva de uma cultura inovadora humanizada, fortalecemos o engajamento e as conexões justamente pela abertura ao aprendizado que nos exige uma postura humilde de aprendiz e que reflete em uma liderança mais autêntica. Posso até dizer que essa é a base da liderança em uma cultura inovadora humanizada: uma liderança que inspira pela escuta, aprende com as experiências e transforma o saber em ação. Nessa perspectiva, o líder deixa de ser aquele que apenas orienta, e se torna aquele que também aprende — com a equipe, com os erros e, principalmente, com o cotidiano.
No nosso bate-papo, a Gábi reforçou que “aprender é ser capaz de explicitar conhecimento por meio de uma melhoria de performance”. Em outras palavras, saber não é acumular, é aplicar. Essa definição nos provoca a pensar quantas vezes absorvemos conteúdos em treinamentos, livros e palestras, mas não os levamos à prática. É aqui que entra o poder dos rituais que ela apresenta, nos convidando a transformar e desenvolver nossos hábitos de aprendizagem. Os rituais podem ser simples, mas têm um grande impacto no nosso processo de aprendizagem: pequenos gestos diários de reflexão, como parar por três minutos após uma experiência significativa para se perguntar: o que isso me ensinou? e poder registrar as próprias anotações. É por meio da força dos rituais que a aprendizagem vira cultura.
Sabemos que qualquer conteúdo impacta mais quando vem acompanhado de experiências reais, de diálogos genuínos, de um ambiente onde o erro é visto como passo necessário do crescimento. Um líder que aprende é aquele que escuta o estagiário com o mesmo interesse com que escutaria um CEO. Valoriza o que cada pessoa tem a ensinar e cria espaços de escuta intencional, fortalecendo vínculos e promovendo desenvolvimento coletivo. E infelizmente isso ainda não tem sido ensinado nos cursos de liderança, mas é a verdadeira mudança cultural que nos ajuda a lidar com o contexto atual, mantendo a saúde mental.
Outra citação da Gábi que merece destaque é a seguinte: “Aprender é assumir a própria incompletude”. Ao contrário do que muitos pensam, esse não é um sinal de fraqueza, mas de maturidade. Líderes que reconhecem que não sabem tudo abrem caminho para equipes mais autônomas e participativas. O líder que aprende, na prática, deixa de ser o herói solitário para se tornar o facilitador de uma equipe que evolui junto.
Mais do que ensinar, líderes de uma cultura inovadora humanizada inspiram pela forma como vivem o que aprendem. Eles sabem que cada encontro e cada desafio são oportunidades para aprender. A liderança que transforma começa por dentro. Porque aprender é, antes de tudo, uma escolha de quem se recusa a estagnar e se abre para a dimensão do novo com leveza e coragem na confiança de que poderá aprender o que quer que seja necessário para seguir adiante cumprindo seu propósito enquanto líder.