O FATOR HUMANO NAS DECISÕES ORGANIZACIONAIS
Os dois últimos artigos foram sobre transformação digital e liderança. No cenário atual de rápidas mudanças, as organizações enfrentam um desafio crucial: equilibrar o aspecto humano e tecnológico nas tomadas de decisão. Por isso, é cada vez mais importante o desenvolvimento do fator humano na tomada de decisões nas organizações, já que apenas os dados e o lado racional do cérebro não são suficientes para que as melhores decisões sejam tomadas, fazendo com que a ambidestria seja cada vez mais relevante nas culturas organizacionais.
Em um bate-papo com o especialista Wilson Kunze, debatemos a importância de não nos pautarmos apenas pelo automático nas decisões. Mas com transformações tão aceleradas é cada vez mais comum a tomada de decisões rápidas quando, na verdade, precisariam ser refletidas. Ele nos convida a olhar tanto para o lado “mágico”, originário da intuição humana, quanto um lado racional e analítico. O equilíbrio entre estas duas formas de percepção é fundamental para o sucesso organizacional, bem em linha com o que discutimos semana passada sobre o líder em construção, em que a caminho do meio, em muitas situações, se torna a melhor escolha para superar os desafios atuais.
De acordo com o pesquisador Daniel Kahneman, temos em nosso cérebro dois sistemas de pensamento: o Sistema 1 (pensamento rápido e intuitivo) é suficiente para muitas decisões cotidianas, o Sistema 2 (pensamento lento e analítico) deve ser acionado para decisões mais complexas e importantes. O desafio nas organizações modernas é saber quando alternar entre estes dois modos de pensamento.
Com a entrada da Geração Z no mercado de trabalho, as organizações precisam adaptar-se a novos conceitos e expectativas. Esta geração, nascida na era digital, valoriza experiências, busca propósito no trabalho e desafia os modelos tradicionais de liderança. Eles demandam ambientes de trabalho mais dinâmicos, horizontais e abertos ao diálogo. Portanto, um líder que continua baseando suas decisões no sistema automático que utiliza seu repertório já vivido para respostas seguras aos desafios já enfrentados e superados pode ter dificuldade em liderar nesse novo ambiente geracional.
A inovação centrada nas pessoas torna-se, portanto, cada vez mais fundamental. As organizações devem criar culturas que valorizem a diversidade geracional, promovam a comunicação aberta e ofereçam oportunidades de desenvolvimento contínuo. A liderança precisa evoluir de um modelo autoritário para um estilo mais colaborativo e empático.
Estudos recentes, como os realizados pela Dell e pelo Fórum Econômico Mundial, apontam para mudanças significativas no mercado de trabalho. Enquanto algumas funções serão substituídas pela automação, novas oportunidades surgirão, especialmente aquelas que exigem habilidades socioemocionais, as chamadas “soft skills”.
Assim, o fator humano continua sendo o diferencial nas organizações, mesmo em um mundo cada vez mais digital. A chave para o sucesso está em aproveitar o melhor de cada geração, promovendo um ambiente de trabalho que equilibre inovação tecnológica com empatia e compreensão humana. As organizações que conseguirem navegar com sucesso neste novo paradigma estarão melhor posicionadas para enfrentar os desafios do futuro e criar culturas verdadeiramente inovadoras e humanizadas.