CIDADES E GÊNERO
Em março celebramos as mulheres e há questões urgentes que implicam as vivências e a forma como o ambiente urbano foi construído, as experiências concretas muito distintas dos espaços públicos e privados experimentados por cada gênero. A cidade reproduz a imagem e semelhança, a partir das necessidades do masculino, reflete e amplifica valores correspondentes aqueles que historicamente detiveram o poder e a hegemonia na determinação sobre o mundo construído.
A perpetuação da violência de gênero e o medo como elemento estruturador na relação das mulheres com as cidades é um importante modulador de comportamento. O risco de estar num corpo feminino define horários e percursos, busca por trajetos mais longos e menos perigosos; desvio de ruas pouco iluminadas, transporte público vazio para evitar assédio, tudo isso implica o não exercício de um direito básico: pleno direito de ir e vir.
As realidades são múltiplas para mulheres quando observadas raça, condição cultural e econômica. Estudos enumeram os desafios relacionados ao gênero no planejamento urbano a partir de três grandes perspectivas: acessibilidade dos serviços, acessibilidade política e acessibilidade econômica.
Assim a busca por moradia, igualdade salarial, remuneração do trabalho doméstico não pago, ascensão às posições de poder, além de uma cidade mais feminina e feminista, poderão remodelar e incluir, através de projetos a experiência urbana segura, acolhedora e que dê liberdade aos corpos em movimento dentro e fora de casa.
Planejar e construir cidades mais inclusivas e igualitárias para mulheres, além de políticas públicas urbanas com recorte de gênero, contribuem para diminuir as disparidades e gerar prosperidade e assim ressignificar as cidades.