OS ALIMENTOS DAS CEIAS VILÕES DO ABDÔMEN
Alimentos ricos em gordura, sódio e açúcar, típicos das ceias de Natal e Ano Novo, podem ser vilões para o acúmulo de gordura abdominal. Para evitar privações desgostosas ou exageros prejudiciais, a Bem-Estar ouviu profissionais que trazem dicas de ceias com substituições saudáveis e recomendações para um consumo equilibrado para quem não abrir mão dos pratos tradicionais. As orientações também alertam para o risco que esses alimentos têm de descompensar cardiopatias e trazer riscos para doenças cardiovasculares.
Entre as comidas e bebidas que causam acúmulo do tecido adiposo no abdômen estão alimentos ricos em gorduras saturadas e trans (hidrogenada), alimentos com farinha branca, com sódio (sal) em excesso, realçadores de sabor, além daqueles ricos em açúcar, como os refrigerantes, sucos industrializados e adocicados e, para somar, o álcool, típico das celebrações.
O nutricionista Venâncio Campos explica que esses alimentos são cheios de calorias vazias e pobres em nutrientes. “Os processados e frituras, por exemplo, contêm gorduras trans e saturadas que favorecem o acúmulo de gordura abdominal”, explicou. “Além disso, o consumo excessivo de açúcar presente em refrigerantes e sucos adocicados contribui para a resistência à insulina, um fator diretamente ligado ao aumento da gordura na região abdominal”, ressaltou o nutricionista.
Alimentos vilões do abdômen estão presentes em pratos típicos das festividades, como a rabanada, farofa e sobremesas muito açucaradas, como o panetone e as tortas. “Eles são frequentemente preparados com ingredientes que aumentam a quantidade de açúcar e gordura, o que pode levar ao ganho de peso e ao acúmulo de gordura abdominal”, alertou Campos.
Entre os mais prejudiciais para o acúmulo de gordura na região do abdômen, segundo o nutricionista, estão os alimentos com açúcar em excesso, como as sobremesas e bebidas adoçadas e alcoólicas. “São os principais responsáveis pelo acúmulo de gordura abdominal. Além disso, as frituras, que são ricas em calorias e gorduras ruins, também têm um impacto significativo”.
A boa notícia é haver pelo menos dois caminhos para aproveitar as ceias sem preocupação. A primeira dica é fazer substituições de ingredientes para festividades com opções saudáveis e também saborosas. “Optar por assados em vez de frituras, usar frutas frescas para sobremesas e evitar o excesso de alimentos como as farofas, por exemplo. Além disso, incluir saladas coloridas e pratos à base de legumes pode enriquecer a ceia”, orientou o nutricionista.
No caso das bebidas, segundo Campos, vale escolher opções que você consome menos. “A cerveja, por exemplo, é feita para ser consumida em grande quantidade. Já o vinho é mais fácil de você controlar o quanto está bebendo”, recomendou. Mas se for tomar cerveja, a dica é escolher marcas com redução de calorias. “No entanto, a moderação é fundamental, pois o álcool em excesso é um grande responsável pelo aumento de peso”, complementou Campos.
Já para quem não abre mão das substituições, o recado do nutricionista é equilíbrio: aproveitar as tradições, mas com consciência. “Tente controlar as porções e intercalar pratos mais pesados com opções mais leves. Além disso, mantenha-se hidratado e, se possível, escolha um dia para se exercitar após as festividades, ajudando a equilibrar o consumo”, orientou.
Os alimentos vilões da gordura abdominal também são aqueles culpados pela gordura visceral, que se acumula em torno dos órgãos e está associada a doenças metabólicas, como diabetes tipo 2, como também ao acúmulo da gordura no fígado (esteatose hepática) e doenças cardiovasculares.
O médico especialista em cardiologia, Augusto Sardilli, alertou que as gorduras hipercalóricas e o excesso de sódio podem repercutir no coração e no sistema cardiovascular. “As comidas ricas em sal, em sódio, podem elevar a pressão arterial e pode descompensar uma cardiopatia de base do paciente”, afirmou.
Segundo o cardiologista, os alimentos ricos em gordura, ultraprocessados, gordura saturada também são fatores de risco para doença cardiovascular porque podem aumentar, em especial, o colesterol ruim. “Lembrar que o colesterol LDL é uma molécula inflamatória, aterotrombótica que está diretamente relacionada com o aumento de risco de doença cardiovascular por conta de aumentar as placas de gordura nas artérias”, alertou.
Outra consequência é o ganho de peso, “Se a gente tiver uma alimentação muito desregrada, vão ser quatro, cinco quilos que, eventualmente, a gente pode ganhar”, citou. Segundo o especialista, a obesidade é também um fator de risco para doenças cardiovasculares, como a hipertensão, para diabetes, estateopose hepática que é a gordura do fígado, apneia do sono e hipertensão arterial.
Açúcar que também tem reflexos no sistema cardiovascular, segundo Sardilli. “Também é um fator de risco para o aumento da glicemia. Em excesso pode descompensar paciente que já tem um quadro de diabetes”, afirmou. “A gente deve, sim, fazer o equilíbrio. Ao invés de comer a torta inteira, metade da torta, quem sabe comer um pedacinho porque você vai ter tido o prazer daquele alimento gostoso, palatável, mas não vai ter um exagero em açúcar”, recomendou.
ALIMENTOS VILÕES DA GORDURA ABDOMINAL
Alimentos processados e ultraprocessados (gorduras trans e saturadas), frituras, enlatados, alimentos com realçadores de sabor, refrigerantes, sucos adocicados e álcool
Pratos típicos com ingredientes vilões – Rabanada, farofa e sobremesas açucaradas, como panetone e tortas, drinques e bebidas adoçadas
ALIMENTOS INIMIGOS DA SAÚDE CARDIOVASCULAR
Alimentos com sódio - Carnes processadas, alimentos em conserva, queijos, temperos e molhos prontos, refeições prontas, bolachas e biscoitos, salgadinhos, manteiga e margarina, presunto, bacon, salame, linguiça, batatas fritas, hambúrguer e alimentos ultraprocessados
Gorduras saturadas e trans - carnes, queijos, manteigas, creme de leite, óleo de coco, óleo de palma, azeite de dendê, bolachas recheadas, frituras, bolos, bebidas alcoólicas, refrigerantes, massas, sorvetes, lanches fast-foods, comidas ultraprocessadas
Açúcar – Doces em geral, compota de fruta, leite condensado, chocolates tradicionais, achocolatados, gelatinas, ketchup, bolos simples e recheados, biscoitos doces recheados ou açucarados, bebidas industrializadas e açucaradas, batata e farinhas brancas (alto índice e carga glicêmica)
Fonte: Médico cardiologista Augusto Sardilli, nutricionista Venâncio Campos e blog Vida Saudável do Hospital Albert Einstein