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PATRIMÔNIO HISTÓRICO PRESERVA A MEMÓRIA E A IDENTIDADE CULTURAL 

TurismoPATRIMÔNIO HISTÓRICO PRESERVA A MEMÓRIA E A IDENTIDADE CULTURAL 
O objetivo do tombamento é assegurar que tais edificações não sejam demolidas, destruídas ou degradadas ao longo do tempo  

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Com seus 172 anos de história, São José do Rio Preto conta atualmente com 14 patrimônios tombados que enriquecem a identidade do município. Essa lista abrange prédios, árvores e até mesmo um túmulo. O tombamento garante que esses bens não sejam demolidos, destruídos ou degradados com o tempo, além de desempenhar um papel crucial na sociedade ao preservar a história e manter viva a memória de épocas passadas, destacando sua importância para todas as gerações.

Um bem é tombado quando sua importância histórica, artística ou cultural é oficialmente reconhecida por um órgão do poder público, seja ao nível municipal, estadual ou federal. Esse processo é regido por leis específicas que estabelecem diretrizes para sua conservação e manutenção. O tombamento pode ser aplicado a bens móveis e imóveis de interesse cultural ou ambiental, como fotografias, livros, mobiliário, utensílios, obras de arte, edifícios, ruas, praças, cidades, regiões, florestas, cascatas, entre outros.

Em Rio Preto, esse reconhecimento é realizado pelo Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Cultural e Turístico (Comdephact), responsável por identificar, preservar, proteger e conservar o patrimônio cultural da cidade.

Para que um bem seja tombado, é necessário um inventário histórico elaborado por um profissional habilitado, como um arquiteto ou historiador. Esse inventário é submetido ao Comdephact, que analisa os motivos que justificam a importância cultural do bem e a necessidade de protegê-lo devido ao seu valor histórico, artístico, etnográfico e paisagístico. Se aprovado pelo órgão, o processo segue para a Câmara Municipal, onde o tombamento pode ser oficializado por meio de uma lei ou decreto do Prefeito.

“A solicitação deve ser encaminhada ao Comdephact e pode ser feita por qualquer pessoa, pelo proprietário do bem ou pelo próprio órgão municipal de preservação, acompanhada de uma justificativa técnica que comprove a relevância histórica e cultural do bem (inventário)”, explica o arquiteto e urbanista Kedson Barbero, vice-presidente do Comdephact e presidente do Conselho Municipal de Turismo (Comtur).

PRESERVAR PARA NÃO PERDER

O tombamento é fundamental para a preservação dos bens de um município. O historiador Fernando Marques, o aponta que, em Rio Preto, ainda há alguns bens que deveriam ser tombados. Entre eles estão o prédio do Colégio Monsenhor Gonçalves, com seu lindo auditório; o velho sobrado da família do primeiro cartorário da cidade, Leo Lerro, na rua Jorge Tibiriçá, abaixo do prédio da Loja Riachuelo; o prédio do antigo Banco Francês e Italiano (posteriormente Hotel Rio Preto), na rua Bernardino de Campos, de frente para a Igreja Matriz; e o prédio do Bispado, na rua Siqueira Campos, ao lado do Edifício Ipesp, entre outros.

“Infelizmente, Rio Preto é uma das cidades do interior do Estado que não conseguiu preservar seu centro velho, com belos casarões, palacetes e jardins, testemunhas da era de ouro da produção de café na região. Eu, até, nem retiraria o piso de paralelepípedos da área central; manteria como era”, ressalta Marques.

Segundo o historiador, a cidade de Ribeirão Preto serve como um excelente exemplo. Antigos casarões da histórica Avenida Nove de Julho foram transformados em locações para agências bancárias, uma iniciativa que preservou a arquitetura original dos edifícios e manteve a conexão da população com a história da cidade. “Em muitos desses prédios há painéis fotográficos mostrando o local no passado. Aqui, o prédio do antigo Bispado, localizado na Rua Siqueira Campos, poderia ser transformado em um belo museu, até da diocese. Por que não?”, sugere.

LEGADO CULTURAL

A preservação da identidade cultural de um país depende, conforme o professor de história Flávio Homero da Silva, da transmissão da história dos bens tombados às novas gerações. Para isso, é fundamental adotar uma abordagem que combine educação formal com experiências interativas, integrando essas iniciativas ao cotidiano dos jovens, tornando o aprendizado envolvente e acessível.

Flávio destaca que uma das estratégias educacionais consiste em integrar a história dos patrimônios tombados nas disciplinas de história e geografia. Essa abordagem permite que os alunos desenvolvam uma compreensão mais profunda da relevância desses locais, valorizando sua preservação e contextualizando-os dentro do patrimônio cultural e histórico de sua região.

“Organizar visitas escolares a esses lugares é igualmente essencial para que os alunos conheçam de perto e reconheçam seu valor. Outra abordagem importante é incentivar as escolas a 'adotarem' um patrimônio local, possibilitando que os alunos o estudem e o promovam, criando um vínculo mais profundo com o local. Promover a coleta de histórias orais de pessoas da comunidade que tenham uma conexão com o patrimônio, também pode tornar a história mais viva e próxima dos jovens”, pontua.

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