TEMPO SECO EXIGE ATENÇÃO ESPECIAL COM A SAÚDE
O clima seco e quente, associado à baixa umidade do ar e à presença de fumaça das queimadas, exige atenção especial com a saúde. Esses fatores não só aumentam o risco de desidratação e irritações oculares, mas também doenças respiratórias e cardiovasculares, exigindo cuidados redobrados nesse período.
“O tempo seco pode ressecar a mucosa respiratória, comprometendo as defesas naturais do organismo e aumentando o risco de infecções e alergias. Além disso, ele pode agravar doenças respiratórias pré-existentes, como asma e DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica). Manter uma boa hidratação é essencial para preservar a umidade das vias respiratórias, protegendo-as dos efeitos nocivos do clima seco”, orienta a pneumologista Mariana Bilachi Pinotti, especialista da Unimed Rio Preto.
De acordo com a médica, o uso de umidificadores de ar é recomendado, porém, deve ser feito com moderação. É importante evitar mantê-los ligados durante toda a noite, especialmente em ambientes fechados, para prevenir o excesso de umidade, que pode favorecer o desenvolvimento de fungos e ácaros.
"Essas condições climáticas são especialmente prejudiciais ao sistema respiratório, provocando irritação e inflamação, resultando em sintomas como tosse seca, congestão nasal e até mesmo dificuldade para respirar, principalmente em pessoas com problemas respiratórios prévios, além de idosos e crianças", reforça o pneumologista Rafael Musolino, especialista do Hospital de Base de Rio Preto.
Uma das principais recomendações do médico é manter-se bem hidratado e climatizar o ambiente, seja com o uso de umidificadores, atentando-se sempre à higienização do aparelho, ou utilizando toalhas molhadas e baldes de água. Outro alerta diz respeito ao uso excessivo de ar condicionado, que reduz ainda mais a umidade do ar. “Ele deve ser utilizado com moderação, mantendo a temperatura entre 24°C e 26°C”, afirma Musolino.
O especialista em instalação, manutenção e higienização de ar condicionado, João Cleyber de Moraes Makhoul, proprietário da CClean, alerta que para não oferecer riscos à saúde, a manutenção e higienização do aparelho deve ser realizada periodicamente, pelo menos a cada seis meses. “Muitas pessoas costumam solicitar o serviço apenas quando o equipamento apresenta problemas. No entanto, ao abri-lo, mesmo que a parte externa esteja limpa, é surpreendente constatar o nível de sujeira e contaminação em seu interior, que pode acumular lodo, fungos e até mesmo teias de aranha e insetos. Como resultado, as pessoas estarão respirando um ar potencialmente poluído”.
A desidratação, conforme explica o cardiologista Elzo Mattar, presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp), provoca um aumento na viscosidade sanguínea. Esse fenômeno favorece a formação de coágulos ou trombos, os quais podem obstruir os vasos sanguíneos, resultando em problemas sérios de saúde, como infarto e acidente vascular cerebral (AVC).
“Numa tentativa de evitar a queda da pressão, nosso organismo promove um estreitamento dos vasos sanguíneos, podendo ocasionar hipertensão e aumentar os batimentos cardíacos, servindo como um gatilho para infarto ou AVC em pessoas predispostas”, explica Elzo.
A cor da urina é um bom indicador de uma hidratação adequada. “Se a frequência urinária aumentar e a urina começar a apresentar uma coloração mais clara, isso indica que a hidratação está satisfatória. No entanto, se os sintomas persistirem ou surgirem sinais mais graves, como sensação de desmaio, turvação visual, pressão baixa, aumento da frequência cardíaca ou ausência de urina, é fundamental procurar imediatamente um serviço de emergência”, orienta o cardiologista.
Sintomas de desidratação incluem:
Tontura
Vertigem
Dor de cabeça
Cansaço
Fadiga
Boca seca
Pele ressecada
Irritação nos olhos
Diminuição do volume urinário
Urina escura
Mal-estar
Fraqueza
Sonolência
Irritabilidade
Dificuldade de atenção
Sensação de fome, quando na verdade é sede
Fonte: Elzo Mattar, cardiologista e presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp), e Mariana Bilachi Pinotti, pneumologista da Unimed Rio Preto
O tempo seco e a fumaça das queimadas podem prejudicar a saúde dos olhos, causando sintomas como ressecamento, vermelhidão, coceira e a incômoda sensação de areia nos olhos. Para evitar complicações, alguns cuidados são essenciais nessa época do ano.
Segundo a oftalmologista Thaís Tanios, especialista do Hospital de Olhos Redentora, é importante reduzir o tempo de exposição a ambientes com ar-condicionado, piscar com mais frequência – especialmente para quem passa muito tempo em frente a telas de computadores e celulares – e manter o corpo e os olhos hidratados, consumindo bastante água. Além disso, o uso de óculos de sol é recomendado para proteger os olhos da poeira e outros agentes irritantes.
O uso de colírios lubrificantes pode ajudar aliviar os sintomas e o desconforto, mas é muito importante que haja a indicação de um médico oftalmologista, pois muitas pessoas acabam utilizando o colírio errado ou exagerando no uso, o que pode ser prejudicial. Thaís ressalta que os colírios não substituem a lágrima natural, e alguns podem conter conservantes que, em excesso, podem causar irritação e alergias.
“Quando observamos que há um componente inflamatório, envolvemos colírios anti-inflamatórios ou que contenham algum corticoide, mas o protocolo de tratamento é baseado em um bom exame oftalmológico. Só assim podemos indicar o que fazer”, explica Thaís.
Manter-se sempre bem hidratado.
Para saber a quantidade ideal de água a ser ingerida, basta multiplicar 35 ml pelo peso corporal em kg. Por exemplo, uma pessoa que pesa 70 kg deve beber cerca de 2.450 ml de água por dia.
Se realizar atividades físicas ou estiver em um ambiente muito quente, é importante aumentar essa quantidade.
Pessoas com insuficiência cardíaca e/ou doença renal possuem limitações na ingestão de líquidos, sendo fundamental consultar um médico.
Realizar lavagem nasal com soro fisiológico.
Usar colírio lubrificante, de preferência sem conservante, indicado pelo especialista, para manter os olhos hidratados
Evitar o uso de lentes de contato
Aplicar óleos corporais ou hidratantes na pele para combater o ressecamento e prevenir irritações
Em casa, sempre que possível, utilizar umidificadores, ou colocar bacias com água nos ambientes ou toalhas umedecidas para aumentar a umidade do ar
Optar por roupas leves e evitar a exposição ao sol, assim como a prática de atividades físicas nos horários mais críticos, que vão das 10h às 16h
Usar óculos de sol ao ar livre para proteger seus olhos do vento e da luz solar intensa
Fonte: Cardiologista Elzo Mattar, presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp)