SEM TABUS
A terapia sexual pode ajudar a melhorar ou restaurar a qualidade dos relacionamentos amorosos. Ela tem como objetivo não apenas auxiliar os indivíduos a entenderem melhor a si, incluindo seu corpo, mente e vida emocional, mas também libertá-los dos complexos e inseguranças que os impedem de vivenciar sua sexualidade sem medo ou apreensão.
Os motivos que levam as pessoas a consultarem um profissional são os mais diversos, desde a dificuldade para alcançar a realização sexual, o desejo de sair da rotina, ter ou não fantasias, retomar o diálogo com o parceiro sobre o assunto ou simplesmente buscar aconselhamento. Entre os homens, as queixas muitas vezes estão ligadas a problemas de ereção e ejaculação, enquanto, entre as mulheres, destaca-se a dificuldade em atingir o orgasmo, queda na libido e a dor durante a relação sexual.
“A terapia sexual oferece um espaço seguro e estruturado para explorar problemas que são muitas vezes difíceis de discutir. Sua finalidade é ajudar indivíduos e casais a resolverem dificuldades relacionadas à sexualidade e à intimidade, promovendo uma vida sexual satisfatória, saudável e alinhada com as expectativas e necessidades de cada pessoa, considerando os aspectos emocionais, físicos e relacionais envolvidos”, afirma a psicóloga e terapeuta sexual, Ana Larissa Perissini.
Segundo a especialista, a terapia sexual pode ser conduzida individualmente ou em casal, dependendo da natureza das dificuldades enfrentadas e dos objetivos terapêuticos. “Embora ambas as abordagens compartilhem semelhanças, elas se diferenciam no foco e na dinâmica do trabalho terapêutico. Além disso, o processo é realizado de maneira multiprofissional, podendo envolver urologistas, andrologistas, ginecologistas, endocrinologistas, fisioterapeutas, psiquiatras e psicólogos”, explica Ana.
A psicóloga e terapeuta sexual Delly Lacerda aponta que um dos maiores desafios enfrentados por muitos casais é a dificuldade de expressar seus desejos e limites sexuais. “Essa falta de comunicação está frequentemente ligada ao medo de julgamento ou à falta de habilidades para iniciar conversas íntimas, resultando em mal-entendidos, frustrações e ressentimentos que afetam tanto a vida sexual quanto a conexão emocional do casal.”
Um fator importante destacado pela profissional é o uso da internet e da pornografia como meios para estimular o prazer no casal, ressaltando os riscos envolvidos quando essas práticas se tornam compulsivas. “Quando isso ocorre, pode haver comportamentos prejudiciais, como imposição de práticas sexuais sem consentimento, atitudes agressivas ou ações que ultrapassam os limites de privacidade de um ou ambos os parceiros”, conclui Delly.
A terapia sexual é frequentemente procurada por pessoas que enfrentam crises de ansiedade ou dificuldades em seus relacionamentos. No entanto, muitos desses pacientes não reconhecem que tais desafios podem estar intrinsecamente ligados à sua vivência psicossexual. Essa perspectiva ressalta a importância de compreender as interconexões entre a saúde emocional e os aspectos sexuais da vida, promovendo um tratamento mais holístico e eficaz para as questões que afligem o indivíduo.
Frequentemente questionado sobre o trabalho de um sexólogo, o psicólogo e terapeuta sexual Clóvis Neto explica que, além de atuar no desenvolvimento e na vivência sexual, também lida com as consequências desse processo, como distúrbios depressivos, falta de autorreconhecimento e baixa autoestima.
“Muitas vezes, esses problemas têm suas raízes no início da vida, no desenvolvimento pessoal e na falta de um olhar atento para si. Ao buscar ajuda, o indivíduo inicia um processo de restauração do seu caminho psicossexual. Buscamos na infância e trabalhamos degrau por degrau até identificar onde ocorreu o bloqueio, visando entender a origem dos traumas, sejam por ensinamentos, crenças religiosas, abusos, entre outros, e tentamos dissolver esses nós e quebrar essas barreiras”, afirma Clóvis.
Segundo o especialista, o papel da terapia é desmistificar o que a sociedade frequentemente estigmatiza, como o conceito de corpo “normal”, os medos e as inseguranças, promovendo a integração desses aspectos na dinâmica do casal, seja ele heteronormativo ou homonormativo. “A terapia sexual tem a função de mostrar que não existe um padrão ou manual a ser seguido, mas sim de individualizar o prazer e fomentar a autenticidade de cada indivíduo”, conclui.
Dificuldade de reconhecer e falar sobre sexualidade: Medo ou desconforto para abordar temas sexuais com o parceiro(a) ou com um profissional;
Comunicação ineficiente com parceiro(a): Falta de diálogo sobre desejos, expectativas ou limites sexuais, resultando em mal-entendidos e frustração;
Ansiedade e pressão de desempenho: Medo de não corresponder às expectativas durante a atividade sexual, o que pode levar a bloqueios e dificuldades de ereção ou excitação;
Histórico de traumas e abuso sexual: Experiências passadas de abuso que afetam a vivência sexual atual, criando bloqueios emocionais e físicos;
Conflitos entre desejo sexual e realidade relacional: Discrepância entre o desejo sexual de um dos parceiros e as condições emocionais ou logísticas do relacionamento;
Impacto da sexualidade na saúde mental: Dificuldades sexuais podem gerar ou agravar questões de saúde mental, como depressão ou ansiedade;
Falta de educação sexual: Desinformação sobre o próprio corpo, sexualidade ou práticas seguras, que podem gerar insegurança ou confusão durante a relação;
Baixa autoestima e imagem corporal: Dificuldades em aceitar o próprio corpo, o que pode afetar a confiança e o prazer sexual;
Compulsão sexual: Comportamentos sexuais excessivos ou impulsivos que causam desconforto ou afetam a vida cotidiana;
Traumas e abusos: Experiências traumáticas passadas que interferem na intimidade sexual e dificultam a construção de um vínculo saudável;
Disfunções sexuais: Problemas persistentes, como disfunção erétil, anorgasmia ou dor durante a relação sexual;
Orientação sexual e identidade de gênero: Questões relacionadas à compreensão e aceitação da orientação sexual ou identidade de gênero, que podem gerar confusão ou insegurança em relação à sexualidade;
Fontes: Psicólogas e terapeutas sexuais Ana Larissa Perissini e Delly Lacerda