Sarcopenia: a perda muscular silenciosa que ameaça a qualidade de vida
A sarcopenia, condição caracterizada pela perda gradual de massa, força e função muscular, afeta principalmente pessoas idosas, mas pode atingir também indivíduos mais jovens em certas circunstâncias. Associada ao envelhecimento e a doenças crônicas, ela impacta diretamente a mobilidade, aumenta o risco de quedas, fraturas e pode até levar à morte. A boa notícia é que, com a prática regular de exercícios físicos e uma alimentação equilibrada – especialmente rica em proteínas – é possível prevenir ou retardar significativamente seus efeitos.
Os principais sintomas da doença são fraqueza muscular e diminuição da resistência física. “Dificuldade para realizar atividades cotidianas, como levantar-se de uma cadeira, subir escadas ou carregar objetos, além de maior tendência a quedas”, afirma o ortopedista e especialista em cirurgia robótica do joelho, Marcos Zanovelo Bueno.
A médica paliativista Patrícia Cury destaca que a perda da força, um dos sintomas mais perceptíveis da sarcopenia, aumenta o risco de quedas, fraturas, perda da autonomia e hospitalizações. “A doença está associada a uma pior qualidade de vida e pode agravar outras condições, como osteoporose e doenças cardiovasculares".
A sarcopenia também está relacionada a um aumento do risco de mortalidade entre os idosos.
Apesar de o envelhecimento ser o fator mais comum, a médica paliativista explica que o sedentarismo, as doenças crônicas, como diabetes e insuficiência cardíaca, a desnutrição, internações prolongadas, uso de certos medicamentos e até processos inflamatórios também são fatores relacionados à doença. “A sarcopenia também pode surgir em pessoas mais jovens, especialmente se houver imobilização ou perda significativa de peso”, afirmou Patrícia.
Ainda de segundo, a doença não é apenas uma consequência natural do envelhecimento.
Tratamento
O tratamento da sarcopenia baseia-se principalmente na reabilitação física, com programas de exercícios resistidos orientados por profissionais especializados. Segundo o ortopedista Marcos Zanovelo, é essencial também tratar doenças associadas que possam agravar o quadro.
A médica paliativista acrescenta que, em alguns casos, é indicada a suplementação nutricional, especialmente com proteínas e vitamina D. “A chave está em recuperar força e função muscular e evitar a progressão da perda”, salienta.
A prevenção da sarcopenia envolve a prática regular de atividade física, com exercícios de força e resistência muscular, alimentação balanceada e rica em proteínas, manutenção de um peso corporal saudável, controle de doenças crônicas e check-ups médicos regulares.
“A melhor forma de prevenir é manter um estilo de vida ativo e saudável ao longo da vida”, ressaltou a médica paliativista Patrícia Cury.
Pacientes com mobilidade reduzida também devem adotar estratégias eficazes de prevenção por meio de nutrição adequada. “É importante garantir o consumo suficiente de proteínas, calorias e nutrientes como a vitamina D, sempre com orientação médica ou nutricional, para evitar suplementações desnecessárias e investigar possíveis doenças associadas”, orientou Patrícia.
Acompanhamento individualizado também é essencial. “Estratégias como fisioterapia adaptada, estimulação elétrica muscular, alimentação rica em proteínas e adequada ingestão de vitaminas e minerais podem ajudar a minimizar. Além de tratar condições médicas de base e promover mobilização”, explicou o ortopedista Marcos Zanovelo.
Construir uma base sólida de saúde muscular desde a juventude é uma das estratégias mais eficazes para envelhecer com qualidade de vida. A médica paliativista Patrícia Cury explica que hábitos saudáveis e a prática regular de exercícios físicos ajudam a formar um verdadeiro “estoque” de massa muscular que pode servir como proteção no futuro. “Exercícios de resistência, como musculação, são especialmente eficazes. Quanto mais cedo esse hábito for adquirido — e mantido — maiores são as chances de envelhecer com autonomia e qualidade de vida”.
A personal trainer Patrícia Forte reforça que a atividade física não só estimula o crescimento muscular como também melhora a força, aumenta a densidade óssea e é benéfica para o metabolismo, a coordenação motora, o sistema cardiovascular e até o emocional. Ela recomenda a prática de exercícios físicos de duas a três vezes por semana. “Atividades que envolvem o uso dos músculos, como caminhadas, natação e ciclismo, também contribuem para manter a massa muscular e a força”.
Ainda segundo a profissional, o melhor momento para iniciar uma rotina de exercícios é na adolescência — mas nunca é tarde para começar. No caso dos idosos, o acompanhamento profissional é essencial para garantir segurança e eficiência. “As orientações sobre avaliação, monitoramento, hidratação, descanso, socialização e exercícios específicos podem garantir que os idosos se exercitem de maneira segura, contribuindo para uma vida mais ativa e saudável”, concluiu.