OVO DE GALINHA COMO ALIADO CONTRA ALZHEIMER
Você sabia que o consumo regular de ovo pode ser um grande aliado contra o surgimento de sintomas relacionados ao Alzheimer? As evidências benéficas da colina, nutriente presente no ovo de galinha, e a prevenção de doenças neurodegenarativas, como as demências, entre elas, o Alzheimer, foi revelado por um estudo em ratas feito por pesquisadores da universidade do Arizona, nos Estados Unidos. A descoberta, publicada na revista Aging Cell, poderá ajudar em novas pesquisas de prevenção à doença neurodegenerativa e a outras neuroenfermidades, como a doença de Parkinson. Apesar dos benefícios, é preciso cautela na ingestão do alimento.
O neurologista Fábio Henrique Limonte explicou que durante os estudos, os pesquisadores observaram que a ingestão de colina desde o início da vida até a fase adulta dos animais protegeu o grupo de doenças neurodegenerativas em comparação com o outro grupo que não foi tratado. “Desta forma, o ovo de galinha por ser rico desta substância tem sim um efeito na prevenção das doenças neurodegenerativas, das demências, entre elas, a mais comum que é a demência de Alzheimer”, afirmou.
Outra relação do ovo contra doenças neurodegenerativas se refere a proteína presente na clara, “posto que a sarcopenia (perda de massa muscular com a idade), é um fator que prejudica e está relacionado com demências”, alertou.
Segundo Limonte, que também é neurofisiologista pela Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto, há estudos que associam a circunferência da coxa de idosos ao desenvolvimento do Alzheimer, “na forma que os idosos que não exercitam, perdem massa muscular e que diminuem a circunferência da coxa têm uma maior prevalência”, disse.
O ovo é um alimento rico também em vitaminas A, E, vitaminas do complexo B, zinco, selênio, cálcio e fósforos. “Tanto vitaminas como micronutrientes que são essenciais para a função cerebral”, afirmou Limonte. O especialista destaca a vitamina B12, presente na gema. “Extremamente útil nas funções neurológicas, especialmente, na função do neurônio central, ligado mais uma vez a memória”, disse.
Na gema também estão as gorduras e colesteróis aliados da saúde cerebral. “Precisamos desse colesterol para formar as membranas dos nossos neurônios”, explicou o especialista.
O endocrinologista Caio Medeitos enfatiza a importância da colina como uma vitamina essencial, reconhecendo seu papel fundamental na síntese da acetilcolina. "Este neurotransmissor é crucial para o adequado funcionamento cerebral, contribuindo significativamente para a melhoria da memória e da capacidade de aprendizagem. A inserção de alimentos que contém colina na dieta pode, portanto, ter implicações positivas sobre a saúde cognitiva".
Mas quando começar a consumir regularmente o ovo?
Estudos evidenciam que o consumo de ovos desde o início da vida está associado a respostas nutricionais mais favoráveis. No entanto, a inclusão desse alimento na dieta em idades mais avançadas também proporciona benefícios relevantes, contribuindo para a saúde e o bem-estar geral. “Tanto na função da cognição como no ganho de massa muscular e redução da sarcopenia”, orientou Limonte.
Já para alérgicos, o médico sugere suplementação por noorotrópicos, encontrados nas farmácias. “Substâncias ricas em colina, fosfatidilserina, vitamina B12, vitamina D, magnésio, selênio e todas as substâncias que o cérebro utiliza para seu metabolismo e que faz com que melhore sua função cognitiva”.
Outra recomendação é uma dieta saudável. “A dieta brasileira é uma das piores dietas para o surgimento de Alzheimer por ser rica em carboidrato”, alertou o médico, complementando que a ideal é a dieta mediterrânea, “com azeites de oliva, óleos importantes para o desenvolvimento da membrana do neurônio, peixes, variação de proteínas, frutos-do-mar, todos os tipos de castanhas e variações de grãos”.
Atividade física diária e sono restaurador são outras recomendações. “A atividade motora protege da perda muscular que protege o dano neural. Sono adequado porque o cérebro precisa descansar, repor para que no outro dia sua função esteja preservada”, explicou. O convívio social também é importante. “Idosos que se isolam ou que tem déficit auditivo e não trata, vai progressivamente ficando isolado, perdendo contato e, por consequência, diminuindo a atividade intelectual”, afirmou.
Série de hábitos que, segundo Limonte, devem ser colocadas em prática após os 25 e 30 anos. “Não podemos parar de aprender. Este é o segredo de uma mente saudável. Palavras-cruzadas não faz tanta diferença. Aprenda idioma novo, toque um instrumento novo, aprenda coisas diferentes porque isso sim cria novos contatos sinápticos e expande a comunicação entre os neurônios”, recomendou.
A forma mais saudável de ingestão do ovo é cozido ou pochê, “pois os nutrientes são melhor aproveitados”, explica a nutricionista Janaina Fernandes. O ovo frito não é recomendado, ao ser fonte de ácido graxos trans, que são prejudiciais à saúde. Neste caso, o ideal, segundo a nutricionista é usar frigideira antiaderente ou um pouco de manteiga, ou azeite.
Janaina afirma que o ovo é um dos alimentos mais completos, “ficando atrás somente do leite materno em termos nutricionais, além de ser a proteína de maior valor biológico que existe por apresentar muitos dos principais nutrientes que o nosso organismo precisa”.
Sobre a diferença entre o ovo caipira e o ovo de granja, a nutricionista disse que os ovos caipiras podem ter mais vitaminas A, D (porque as galinhas são soltas e tomam mais sol), B8 (colina), cálcio, ferro e podem ser ricos em carotenoides como a Luteina e a Zeaxantina, que contribuem para a saúde dos olhos. “No entanto, os ovos de granja podem ter maiores concentrações de Vitamina E, Vitamina B12, Potássio, Gorduras Saturadas, Mono e Poliinsaturadas”, afirmou Janaina.
Apesar de todos os benefícios, a nutricionista alerta para os casos de alergia ao ovo e colesterol alto. “O consumo deve ser evitado por pessoas com alergias alimentares ou intolerância a galactosemia. Em casos de doenças cardiovasculares ou colesterol elevado, também e preciso ter cuidado com a quantidade de ovos consumidos”, orientou. “Deve evitar consumir o ovo com outros alimentos ricos em colesterol como carnes vermelhas e embutidos”, complementa a nutricionista.