NOITES MAL DORMIDAS PODEM AUMENTAR O RISCO DE DEMÊNCIA
Um sono de qualidade, com duração adequada, traz inúmeros benefícios para a saúde física e mental. No entanto, dormir menos ou mais do que o recomendado pode aumentar os riscos à saúde. Para adultos, especialistas sugerem entre 7 e 9 horas de sono por noite, embora essa necessidade varie conforme a idade, o estado de saúde e o estilo de vida de cada pessoa.
“O sono de qualidade é fundamental para a recuperação física, consolidação da memória, equilíbrio emocional e saúde mental. Ele também ajuda no fortalecimento do sistema imunológico e na manutenção de processos metabólicos. A falta de sono ou sono fragmentado está associada a diversas condições de saúde, como doenças cardiovasculares, diabetes e declínio cognitivo”, afirma o neurologista e neurofisiologista clínico Ricardo Funes Bastos, especialista do Hospital de Base de São José do Rio Preto.
Segundo o médico, estudos mostram que pessoas que dormem menos de 6 horas por noite têm um risco maior de desenvolver demência, especialmente Alzheimer. A falta de sono crônica pode contribuir para processos inflamatórios e estresse oxidativo no cérebro, acelerando o declínio cognitivo.
“O sono tem um papel crucial na eliminação de toxinas cerebrais, incluindo as proteínas beta-amiloides, que estão relacionadas ao desenvolvimento do Alzheimer. Um sono inadequado ou fragmentado impede que o cérebro execute essa função de ‘limpeza’, aumentando a deposição dessas proteínas e a neurodegeneração”, explica Bastos.
O neurologista Fábio Henrique Limonte destaca que a ligação direta entre a má qualidade do sono e o desenvolvimento de doenças cognitivas foi evidenciada em grandes estudos populacionais, especialmente os realizados na Suécia. “Esses estudos mostraram que indivíduos com relatos de má qualidade do sono, como insônia e transtornos da apneia do sono, tiveram mais chances de desenvolver síndromes demenciais precocemente em comparação com aqueles que não apresentaram essas queixas.”
Limonte ressalta que, para garantir uma boa qualidade de vida e preservar a massa cerebral, é essencial manter um equilíbrio adequado entre os ciclos circadianos que regulam os períodos de sono e vigília. De acordo com o médico, quando os limites ideais de duração do sono são ultrapassados — seja dormindo menos de 6 horas ou mais de 10 horas — as pessoas podem enfrentar prejuízos físicos e cognitivos a longo prazo, como ganho de peso, diabetes e desregulação da pressão arterial.
“Durante a noite, a pressão arterial deve diminuir entre 10% e 20% em relação aos níveis diurnos. Quando essa queda noturna não acontece, ocorre um aumento dos níveis pressóricos, o que, a longo prazo, favorece a ocorrência de AVCs, infartos e outras patologias em condições muito piores. Além disso, os infartos, que frequentemente são pequenos, podem levar à má oxigenação cerebral, como no caso de pacientes com apneia do sono, que apresentam saturação de oxigênio muito baixa. Ao longo do tempo, isso pode causar danos cerebrais maiores e, consequentemente, um agravamento dos quadros cognitivos”, pontua Limonte.
Manter uma boa hidratação durante o dia, especialmente em climas quentes
Após as 18h, deve-se tomar apenas a água necessária, como para medicação, e evitar grandes quantidades de líquido
Manter uma rotina regular de horários para dormir e acordar
Não use o celular como despertador
Evite qualquer fonte de luz
Evitar eletrônicos e luzes fortes antes de dormir, principalmente próximos à cabeceira da cama
Reduzir o consumo de cafeína e álcool próximo à hora de dormir.
Praticar exercícios físicos regularmente, mas evitar atividades muito intensas à noite.
Criar um ambiente de sono confortável, com temperatura adequada e escuridão
Evitar ter por perto animais de estimação que possam fazer barulho e acordar a pessoa
Fonte: Neurologistas Ricardo Funes Bastos e Fábio Henrique Limonte
Acordar frequentemente com sensação de cansaço ou insatisfação com o sono, mesmo após uma noite aparentemente longa
Perceber que o sono não é reparador, ou seja, não traz a sensação de descanso ao acordar
Lapsos frequentes de memória
Problemas de concentração ou cognição durante o dia, causadas por noites mal dormidas
Sonolência excessiva durante o dia, mesmo após uma noite completa de sono
Despertares frequentes durante a noite que afetam a continuidade do sono
Sintomas de apneia do sono, como ronco alto, pausas na respiração ou sufocamento durante o sono
Confusão mental
Mudanças no comportamento
Dificuldades em se comunicar ou compreender informações simples
Sono agitado com muitos movimentos durante a fase REM
Quedas da cama ou movimentos bruscos durante o sono
Alterações repentinas no padrão de sono, como dormir muito menos ou muito mais do que o habitual
Dificuldade para alcançar fases profundas do sono, mesmo sem causas externas evidentes
Fonte: Neurologistas Ricardo Funes Bastos e Fábio Henrique Limonte
Manter uma boa hidratação durante o dia, especialmente em climas quentes
Após as 18h, deve-se tomar apenas a água necessária, como para medicação, e evitar grandes quantidades de líquido
Manter uma rotina regular de horários para dormir e acordar
Não use o celular como despertador
Evite qualquer fonte de luz
Evitar eletrônicos e luzes fortes antes de dormir, principalmente próximos à cabeceira da cama
Reduzir o consumo de cafeína e álcool próximo à hora de dormir.
Praticar exercícios físicos regularmente, mas evitar atividades muito intensas à noite.
Criar um ambiente de sono confortável, com temperatura adequada e escuridão
Evitar ter por perto animais de estimação que possam fazer barulho e acordar a pessoa
Fonte: Neurologistas Ricardo Funes Bastos e Fábio Henrique Limonte
Consultar um especialista é fundamental para a avaliação e o tratamento adequados dos distúrbios do sono e prevenção de problemas mais graves, como demência. Bastos esclarece que o diagnóstico envolve uma anamnese detalhada, exames físicos e neurológicos, e testes de imagem, como ressonância magnética, além de exames laboratoriais para descartar outras possíveis causas. “A polissonografia pode ser útil para a avaliação específica de distúrbios do sono.”
De acordo com o especialista, as opções de tratamento mais eficazes atualmente para distúrbios do sono, como a apneia do sono, incluem o uso de CPAP (pressão positiva contínua nas vias aéreas), que mantém as vias respiratórias abertas durante o sono. Outras alternativas de tratamento incluem dispositivos orais e, em alguns casos, intervenções cirúrgicas. Além disso, a perda de peso e mudanças no estilo de vida podem contribuir para a melhoria dos sintomas.
Bastos também adverte que certos medicamentos sedativos e hipnóticos, como os benzodiazepínicos, frequentemente usados para tratar insônia e outras condições, podem estar relacionados a um risco elevado de demência quando utilizados por períodos prolongados. “O uso desses medicamentos deve ser feito com cautela e sempre sob orientação médica”.