H1N1 E COMPLICAÇÕES PULMONARES
Há três meses, uma broncopneumonia – um tipo de pneumonia decorrente de uma infecção por influenza A (H1N1) – resultou na morte do apresentador e empresário Silvio Santos, um dos maiores comunicadores da televisão brasileira. Silvio tinha 93 anos e estava internado no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, devido a complicações da doença.
Sua perda gerou preocupações sobre a gravidade das infecções respiratórias. Desde então, outros grandes artistas também foram acometidos por pneumonia e faleceram, como o ator, diretor e produtor teatral Roberto Frota, de 85 anos, em 24 de setembro; o jornalista, apresentador e locutor Cid Moreira, aos 97 anos, em 3 de outubro; e, mais recentemente, o humorista Ary Toledo, aos 87 anos, em 12 de outubro.
Segundo a médica Mariana Bilachi Pinotti, pneumologista da Unimed Rio Preto, a influenza A (H1N1) é a causa mais comum de gripe em seres humanos, frequentemente responsável pela maioria das internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no País. A evolução da doença varia de acordo com o perfil do paciente. “Pessoas com doenças crônicas, idosos e crianças menores de dois anos são os mais vulneráveis e estão sujeitos a complicações, como a pneumonia”, afirma.
O infectologista Natal Santos da Silva, especialista do Austa Hospital, destaca que o vírus da influenza, particularmente a cepa H1N1, pode provocar infecções respiratórias que, em alguns casos, evoluem para complicações mais sérias, como a broncopneumonia. “Essa infecção se caracteriza pela inflamação dos brônquios e dos alvéolos pulmonares, que são as pequenas bolsas de ar localizadas nos pulmões. Geralmente é causada por bactérias, mas também pode ser desencadeada por vírus ou fungos”, explica.
De acordo com o médico, quando uma pessoa é infectada pelo H1N1, o sistema imunológico responde à infecção, mas em alguns casos, essa resposta pode ser exagerada. “O dano aos tecidos pulmonares causado pelo vírus pode tornar o ambiente propício para a colonização bacteriana. Com isso, infecções bacterianas secundárias podem se desenvolver nos pulmões após a infecção inicial pelo vírus da influenza”, acrescenta Silva.
“Em relação ao vírus H1N1, ele próprio pode afetar o pulmão e causar pneumonia viral, e não pneumonia bacteriana. Vários vírus são capazes de afetar o pulmão, como o adenovírus, o vírus sincicial respiratório, o coronavírus, o Influenza B, o vírus parainfluenza, o bocavírus e o metapneumovírus. Portanto, não apenas o Influenza H1N1, mas também o Influenza H3N2, entre outros”, complementa a médica Márcia Wakai Catelan, infectologista pediátrica do Hospital de Criança e Maternidade (HCM) de Rio Preto.
O diagnóstico da pneumonia envolve uma abordagem abrangente que inclui análise do quadro clínico do paciente, avaliação física, exames laboratoriais e de imagem, como radiografia ou tomografia computadorizada do tórax.
O tratamento pode variar conforme a gravidade da doença, o agente causador (bactéria, vírus ou fungo) e a condição de saúde geral do paciente, podendo envolver o uso de antibióticos, antivirais, antifúngicos e outros medicamentos para aliviar sinais e sintomas específicos.
“Os antibióticos devem ser prescritos de forma racional e segura, considerando os agentes bacterianos mais comuns, além da idade do paciente, dos fatores de risco e das condições crônicas associadas. Portanto, é fundamental procurar um médico para esse tratamento”, alerta a infectologista Márcia Wakai Catelan.
Pneumonia bacteriana (causada por bactérias): a transmissão ocorre através de gotículas respiratórias quando uma pessoa infectada tosse ou espirra; também pode ocorrer por aspiração de secreções orais ou gástricas.
Pneumonia viral (causada por vírus): a transmissão ocorre através de gotículas respiratórias,
semelhante à pneumonia bacteriana; pode se espalhar ao tocar superfícies contaminadas e,
em seguida, tocar o rosto.
Pneumonia fúngica (causada por fungos): geralmente ocorre pela inalação de esporos de fungos presentes no ambiente, especialmente em áreas onde esses fungos são comuns.
O período de contágio da pneumonia varia de acordo com o agente causador. Por exemplo, na pneumonia viral, como a causada pelo H1N1:
• O contágio costuma ocorrer de 1 a 2 dias antes do surgimento dos sintomas.
• Ele pode se estender por até 5 a 7 dias após o início dos sintomas. Em crianças ou pessoas
com sistema imunológico comprometido, o período de transmissão pode ser ainda maior.
Fonte: Natal Santos da Silva, infectologista do Austa Hospital
Febre
Calafrios
Cansaço e fraqueza
Dor de cabeça
Dor no peito
Dor no corpo
Tosse
Dificuldade para respirar
Suor excessivo
Náuseas e vômitos
Em casos mais graves:
Falta de ar
Baixa oxigenação
Adultos mais velhos e idosos podem apresentar sintomas distintos, como:
Confusão mental
Falta de apetite
Prostração (abatimento)
Baixo estado de alerta
Fonte: Mariana Bilachi Pinotti, pneumologista da Unimed Rio Preto e Natal Santos da Silva, infectologista do Austa Hospital
Adotar práticas de higiene, como lavar as mãos frequentemente e evitar contato próximo com pessoas infectadas, é fundamental para diminuir o risco de transmissão. No entanto, a medida mais eficaz de prevenção continua sendo a vacinação em dia. O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza gratuitamente, nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), vacinas contra a gripe — incluindo as principais cepas do vírus influenza, como a H1N1 — e contra a pneumonia, além de outras vacinas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Alcoolismo
Tabagismo
Asma
Diabetes
Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC)
Fibrose pulmonar
Doença cardíaca
Crianças abaixo de 5 anos, especialmente menores de 2 anos (principalmente os
recém-nascidos prematuros ou com baixo peso ao nascer)Idade avançada, pessoas com 65 anos ou mais
Sistema imunológico comprometido, como pessoas com HIV/AIDS, em tratamento de câncer ou que tomam medicamentos imunossupressores
Internação hospitalar, especialmente pacientes internados em unidades de terapia intensiva
Aspiração de conteúdos gástricos ou secreções da orofaringe
Moradia em ambientes com muitas
pessoas, incluindo instituições de longa permanência, como prisões, abrigos para sem-teto, asilos e casas de repousoExposição a toxinas ambientais, como solventes, tintas ou gasolina
Frequentar creches ou escolinhas
Desnutrição
Falta de vacinação contra certos tipos de pneumonia
Fonte: Mariana Bilachi Pinotti, pneumologista da Unimed Rio Preto, Natal Santos da Silva, infectologista do Austa Hospital e Márcia Wakai Catelan, infectologista pediátrica do Hospital de Criança e Maternidade (HCM) de Rio Preto.