CONHEÇA A IMPORTÂNCIA DE MONITORAR AS TAXAS DO COLESTEROL
O colesterol é um tipo de gordura (lipídio) produzido naturalmente pelo corpo humano e indispensável para diversas funções vitais. Ele desempenha um papel importante na produção de vitamina D, essencial para a saúde dos ossos e o fortalecimento do sistema imunológico, na síntese de ácidos biliares, que ajudam na digestão de gorduras, e na formação de hormônios sexuais, como estrogênio, testosterona e progesterona, responsáveis por regular funções reprodutivas e outras atividades corporais.
No entanto, quando presente em excesso no sangue, o colesterol pode trazer sérias consequências para a saúde. Essa condição, conhecida como hipercolesterolemia ou colesterol alto, quando não controlada, pode afetar pessoas de qualquer idade ou peso corporal. Suas causas estão associadas tanto a fatores genéticos quanto a hábitos de vida, como alimentação inadequada, sedentarismo, tabagismo e obesidade.
O colesterol alto é um dos principais fatores de risco controláveis para doenças cardiovasculares, como infarto e acidente vascular cerebral (AVC). Níveis elevados podem levar ao acúmulo de placas e depósitos de gordura nas paredes das artérias, obstruindo a circulação sanguínea para o coração e o cérebro.
Existem dois tipos principais: o HDL (colesterol bom) e o LDL, (colesterol ruim). Além das diferenças em tamanho, densidade e composição química, também há uma diferença nas funções dessas moléculas. “O LDL significa lipoproteína de baixa densidade e sua função é transportar o colesterol do fígado para as células dos tecidos do corpo, podendo acumular-se nos vasos sanguíneos e levando a formação de placas de aterosclerose. O HDL é uma lipoproteína de alta densidade e atua na remoção do excesso de colesterol do sangue, levando-o de volta ao fígado”, explica a cardiologista Rafaela Torres–especialista da clínica médica Lobão Medical Center.
A doença não apresenta sintomas, o que faz com que muitas pessoas não saibam que suas taxas estão elevadas. “Trata-se de uma condição assintomática, ou seja, o indivíduo pode ter um colesterol LDL muito alto e não apresentar nenhuma manifestação clínica. Não causa dor, tontura nem outros sinais. É justamente por ser uma doença silenciosa que é fundamental que as pessoas adotem o hábito de realizar exames de sangue regularmente, para que os níveis de colesterol sejam avaliados”, alerta o cardiologista Augusto Dias Sardilli, especialista do Incor Rio Preto.
Ricos em gorduras insaturadas (saudáveis)
Azeite de oliva extra virgem
Abacate
Frutos secos (nozes, amêndoas, castanhas)
Peixes ricos em ômega-3, (salmão, sardinha, cavala, truta e arenque)
Ricos em fibras solúveis
Aveia e centeio
Frutas (maçãs, peras, pêssego e laranja)
Vegetais de folhas verdes (espinafre, couve, alface)
Alimentos a evitar para controlar o colesterol:
Carnes vermelhas gordurosas (como carne de boi e carne de porco) e carnes processadas (como salsichas, bacon, presunto, linguiças)
Produtos lácteos integrais (como leite integral, queijos gordurosos e manteiga)
Alimentos fritos e fast food
Doces e bebidas açucaradas
Pães e massas refinadas (feitas com farinha branca).
Arroz branco e outros grãos refinados
Fonte: Cardiologista Fernando Bruetto Rodrigues, especialista do Hospital de Base de Rio Preto
A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) preconiza os valores ideais para adultos são:
Colesterol total: abaixo de 190 mg/dL
HDL: acima de 40 mg/dL
Para o LDL, as recomendações variam conforme o risco do paciente:
Risco baixo: abaixo de 130 mg/dL
Risco médio: abaixo de 100 mg/dL
Risco alto: abaixo de 70 mg/dL
Risco muito alto: abaixo de 50 mg/dL
Fonte: Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp)
O endocrinologista Antônio Carlos Pires, especialista do Hospital de Base, explica que embora o LDL alto seja um marcador de risco cardiovascular, isso não se aplica a todos os casos. Os riscos variam, sendo essencial avaliar o quadro geral do paciente, considerando não apenas o LDL elevado e o HDL baixo. “É fundamental adotar uma abordagem holística, pois raramente o colesterol alto (LDL elevado) aparece isoladamente; ele está geralmente associado a outras condições, como diabetes, hipertensão ou obesidade”, explica.
O médico destaca que o fato de apenas tomar medicamentos, como as estatinas, e continuar com uma vida totalmente desregrada, tanto com ingestão de alimentos muito gordurosos quanto com o consumo excessivo de carboidratos e bebidas alcoólicas, só piorará a situação. Ele diz ser importante tratar o paciente de forma integrada, incluindo um ponto essencial: a mudança de estilo de vida, que pode fazer com que o paciente obtenha excelentes resultados.
“Isso é um desafio e deve ser conquistado gradualmente, fazendo com que o indivíduo compreenda a importância da mudança de hábitos para a sua vida. Ele deve começar a praticar alguma atividade física, reduzir as calorias para perder peso, abandonar o tabagismo e manter uma rotina de exercícios moderados”, afirma Pires. “Uma média de 150 a 200 minutos de caminhada por semana já é suficiente para ajudar na prevenção”, acrescenta.
O endocrinologista enfatiza não haver um exercício específico; todo tipo de exercício é importante. “Se você for a algum lugar e houver escadas, se puder usá-las, melhor. Se tiver que ir a algum lugar e puder ir a pé, também é um exercício físico. Não é necessário se paramentar todo para fazer exercício. No dia a dia, tudo o que pudermos fazer para nos mover mais colabora com a melhoria do fluxo circulatório em todos os tecidos”, conclui Antônio Carlos.
Exames de sangue são a única forma de detectar o colesterol alto. Eles avaliam não apenas o colesterol total, mas também os níveis de HDL e LDL. Além disso, como os triglicerídeos, outro tipo de lipídio sanguíneo, pode estar elevado, sua análise também é frequentemente incluída. Geralmente, esses exames são realizados após um jejum de 12 horas.
“A detecção precoce pode ser realizada através da realização de rastreio, ou seja, exames de rotina. Indivíduos acima dos 10 anos devem ter a análise do perfil lipídico. O seguimento deverá ser individualizado e a repetição dos exames conforme indicação médica”, explica a cardiologista Rafaela Torres.
O cardiologista Augusto Dias Sardilli reforça ser importante que os adolescentes realizem pelo menos um exame de sangue durante essa fase da vida para monitorar os níveis de colesterol, uma vez que a doença está associada a uma carga genética significativa, o que torna essencial a detecção precoce para a adoção de medidas preventivas e redução do risco de problemas cardiovasculares no futuro.
Sardilli ressalta ainda que mesmo que o indivíduo não tenha fatores de risco e seja jovem, é importante fazer o exame para saber como estão os níveis de colesterol. “Com o passar dos anos, as chances de desenvolver dislipidemia aumentam, o que eleva a necessidade de realizar exames com mais frequência. Isso é ainda mais relevante para aqueles que apresentam fatores de risco, como hipertensão, diabetes, tabagismo ou histórico familiar de doenças cardiovasculares”, alerta Sardilli.