Câncer colorretal: saiba como prevenir e identificar os sinais
Estudo da Fundação do Câncer projeta um aumento de até 21% de novos casos de câncer colorretal no Brasil entre 2030 e 2040. O câncer colorretal, também chamado de cólon, reto ou câncer de intestino grosso, segundo o estudo divulgado em março deste ano, está entre os cinco principais tipos de câncer que atingem homens e mulheres no mundo. Alguns casos podem surgir por herança genética. Outras ocorrências não têm relação com histórico familiar. Entre as medidas que podem ser tomadas para prevenção da doença estão o rastreamento médico, alimentação saudável e atividades físicas.
O cirurgião do Hospital Austa Mario Flamini explica que os sintomas do câncer colorretal podem começar com mudanças intestinais perceptíveis, como diarreia, muco ou até mesmo sangramento nas fezes. “O que pode gerar sensação de desconforto abdominal, distensão, aumento de gases, dores abdominais e perda de peso sem fazer dieta”, elenca.
O cirurgião ressalta que em casos de câncer mais baixo, no reto, o paciente ainda pode ter a sensação de que o intestino não esvaziou completamente, “o paciente pode desenvolver um cansaço excessivo até pela anemia que o câncer promove, além de náuseas, vômitos e outros sintomas”, cita Mario.
Causas e tratamento
O cirurgião afirma que o câncer colorretal pode surgir de herança genética. “Se você tem um parente de primeiro grau com câncer no colo, diagnosticado com menos de 50 anos, a chance aumenta de três a quatro vezes”, explicou. Outro tipo do câncer está relacionado à genética do tumor. “Surge o pólipo (lesões com potencial de câncer) no intestino e mesmo que não tenha um componente familiar, a mutação das células é que faz com que seja mais ou menos agressivo”.
O tratamento vai depender da fase do diagnóstico. “Às vezes um tumor pequeno, localizado só na mucosa do intestino, pode ser por um tratamento endoscópico, com a retirada do tumor ou às vezes até com quimio e radioterapia, dependendo da localização”, explica o cirurgião. “Outros tumores mais avançados podem necessitar de cirurgia para retirada de parte do intestino”, complementa.
Diagnóstico
O diagnóstico do câncer colorretal pode ser feito precocemente por meio de rastreamentos. A médica proctologista do Hospital de Base Giovana Dalmédico de Castro afirma que o objetivo é detectar a doença em estágios iniciais, reduzir a mortalidade e até reduzir o risco da doença com a retirada de pólipos. “Quem deve ser rastreado são todas pessoas a partir dos 45 anos, mesmo sem sintomas ou fatores de risco adicionais”, afirma a médica.
A proctologista ressalta que em alguns casos a idade de início pode ser mais precoce, “quando há histórico familiar de câncer colorretal, sinais de alarme (anemia, perda de peso, sangramento nas fezes) e indivíduos com doenças inflamatórias intestinais”, alerta. O rastreamento é feito por meio do exame de colonoscopia. Segundo a médica, no entanto, ainda há desafios para o rastreamento: “(A falta de) adesão do exame para rastreio, acesso aos serviços de saúde e os custos relacionados”.
A conscientização, portanto, é indispensável. “É fundamental que os indivíduos estejam conscientes dos fatores de risco e sintomas e que os profissionais de saúde e autoridades de saúde pública promovam o rastreamento regular e o diagnóstico precoce”, citou a proctologista. De acordo com Giovana Dalmédico, estudos apontam que o rastreamento regular pode reduzir a mortalidade por câncer colorretal em até 70%. “Além disso, o diagnóstico precoce pode aumentar as chances de sobrevida em até 90%”, ressalta.
O estilo de vida tem influência direta no risco de desenvolver câncer colorretal. A ausência de hábitos saudáveis, como a prática regular de atividade física, o controle do peso e o consumo moderado de álcool e cigarro, pode estar associada ao aumento desse risco. “Esses fatores contribuem para inflamações crônicas e alterações nas células do intestino, favorecendo o desenvolvimento da doença”, alerta a coordenadora médica do Pronto Atendimento da Unimed, Priscila Rocha Polezi.
A alimentação, por exemplo, segundo a médica, tem um papel fundamental na prevenção. “Dietas com alto consumo de carnes processadas (embutidos, bacon e salsichas) e carnes vermelhas estão associadas a maior risco”, orienta. Por outro lado, de acordo com Priscila, uma dieta rica em fibras, frutas, verduras e cereais integrais ajuda a reduzir os riscos, “pois melhora o funcionamento intestinal e protege a mucosa do cólon”, afirma.
Doenças inflamatórias intestinais crônicas, como retocolite ulcerativa e Doença de Crohn, podem oferecer mais riscos para o câncer colorretal ao longo dos anos. “Além disso, síndromes genéticas, como a Polipose Adenomatosa Familiar e a Síndrome de Lynch, também aumentam significativamente esse risco, exigindo acompanhamento médico especializado”, conclui Priscila.