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Auriculoterapia

SaúdeAuriculoterapia
A técnica milenar que transforma o ouvido em caminho para o equilíbrio do corpo e da mente

Sobre o autor

A acupuntura auricular, técnica que utiliza a estimulação de pontos específicos na orelha, geralmente por meio de vegetais esféricas fixadas à pele, tem se destacado entre as terapias integrativas utilizadas no cuidado à saúde. Reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma terapia de microssistema, ou seja, capaz de tratar o organismo por meio da estimulação de uma parte localizada do corpo, a prática é considerada eficaz no combate a diversos sintomas físicos e emocionais.

No Brasil, a acupuntura auricular, também conhecida como auriculoterapia, foi incorporada ao Sistema Único de Saúde (SUS) em 2006, compondo a lista de Práticas Integrativas e Complementares (PICS) oferecidas em unidades de saúde pública. Desde então, tem sido cada vez mais utilizada por profissionais como alternativa ou complemento a tratamentos convencionais.

Há diversas condições de saúde as quais a auriculoterapia é mais comumente usada. “A auriculoterapia é muito utilizada para dores, distúrbios ginecológicos, e principalmente para problemas emocionais como ansiedade, estresse, depressão, síndrome do pânico, entre outros”, afirma o especialista em auriculoterapia francesa, José Trezza Neto.

Inspirada na sabedoria milenar da medicina tradicional chinesa, a técnica parte do princípio de que o pavilhão auricular reflete todo o corpo humano, como um mapa que representa diferentes órgãos, glândulas e sistemas. A estimulação desses pontos, feita com sementes, agulhas ou esferas magnéticas, age de forma sistêmica, influenciando o funcionamento de órgãos internos e promovendo o reequilíbrio energético do corpo.

A sessão de auriculoterapia inicia-se com uma anamnese detalhada e um interrogatório minucioso sobre os motivos que levaram o paciente a buscar o serviço. “Após o diagnóstico relacionado às queixas do paciente, procuramos pontos patológicos presentes no pavilhão auricular com auxílio de alguns instrumentos como apalpador de pressão, localizador eletrônico de pontos, filtros coloridos ou mesmo utilizando a pulsologia francesa. Uma vez localizado e selecionado os pontos a serem tratados, vamos fazer inserção de agulhas de acupuntura que ficarão retidas de 20 a 30 minutos ou tratar com auxílio de um aparelho de laser específico para esta técnica”, explica José Neto.

Segundo estudiosos do método, os pontos auriculares são canais valiosos no tratamento de doenças, dores crônicas, distúrbios emocionais e outros desequilíbrios. A prática também tem se mostrado eficaz em condições como insônia, ansiedade, tensões musculares e até no apoio para pessoas que buscam se livrar do tabagismo. “É inegável a satisfação dos pacientes em tratamentos de dores musculoesqueléticas e problemas psiquiátricos, como ansiedade, depressão e insônia. Além disso, obtém-se resultados notáveis em lesões neurológicas, como enxaqueca, paralisia de Bell, zumbidos e herpes zoster”, diz enfermeira e auriculoterapeuta clínica Rosana Fonsêca.

Ao reunir tradição e ciência, a auriculoterapia continua conquistando espaço nos consultórios e nas unidades de saúde pública, um reflexo da crescente valorização de abordagens mais integrativas, que colocam o bem-estar físico e emocional do paciente no centro do cuidado. Na prática da auriculoterapia, conforme destaca Rosana, a utilização de ferramentas e materiais específicos é crucial para a realização eficaz dos procedimentos e a obtenção de resultados positivos. Entre as ferramentas indispensáveis: apalpador de pressão e o detector elétrico. “Utilizamos, também, recursos luminosos diversos para a avaliação, como luz branca e luzes com comprimentos de ondas específicos. Para o estímulo, ou seja, o tratamento, são indispensáveis agulhas e um recurso de frequências de Nogier, que pode ser em formato de corrente elétrica ou luminosa (como laser e LED). Isso significa que o laser é um recurso opcional na auriculoterapia”.

Auriculoterapia francesa se diferencia da abordagem chinesa

Embora frequentemente confundida com a acupuntura auricular de inspiração chinesa, a auriculoterapia francesa tem uma origem e uma fundamentação bastante distintas. O método foi sistematizado em 1951 pelo médico francês Paul Nogier, considerado o pai da auriculoterapia moderna. A partir de observações clínicas, Nogier elaborou um mapa auricular detalhado, no qual a orelha é representada como a imagem de um feto invertido, com o lóbulo correspondente à cabeça e demais áreas da cartilagem refletindo membros, coluna e órgãos internos.

Esse mapeamento permitiu a identificação de pontos específicos na orelha com ligação direta a diferentes partes do corpo, o que abriu caminho para tratamentos direcionados e eficazes por meio da estimulação auricular. A técnica francesa rapidamente se destacou por sua base em neurofisiologia, oferecendo uma abordagem mais precisa e científica.

No entanto, a disseminação do conhecimento de Nogier acabou dando origem a uma adaptação oriental. “Essa versão surgiu após o primeiro artigo publicado pelo Dr. Paul Nogier na China, em 1957. A partir daí, os chineses adaptaram o método com conceitos energéticos, originando a acupuntura auricular, que é completamente diferente em raciocínio e estímulo”, explica a enfermeira e auriculoterapeuta clínica Rosana Fonsêca.

Ela ainda ressalta que a técnica chinesa recorre ao uso de sementes em razão das limitações materiais da época: “A abordagem chinesa utiliza sementes porque, na década de 50, eles não tinham acesso a melhores recursos, embora soubessem que essa prática teria menor eficácia e que não há meridianos na orelha”.

Enquanto a versão chinesa se fundamenta nos princípios da medicina tradicional chinesa, como o fluxo de energia vital e os meridianos, a versão francesa é guiada por estímulos físicos mensuráveis e respostas do sistema nervoso. Microagulhas, esferas magnéticas, estímulos elétricos e até laser são algumas das ferramentas utilizadas para ativar os pontos auriculares com maior precisão.

A eficácia da auriculoterapia francesa tem sido amplamente reconhecida em casos clínicos mais complexos, como enxaquecas, dores musculoesqueléticas crônicas, zumbidos, distúrbios emocionais e neurológicos. A técnica representa uma fusão entre ciência e prática terapêutica, oferecendo uma alternativa sofisticada e eficaz dentro do campo das terapias integrativas.

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