BALÉ DA COLHEITA
Poesia na CidadeBALÉ DA COLHEITA
Vestes rústicas
Pés descalços
Chapéu cobrindo o rosto
Nas mãos sementes grávidas
Que lançavam nas covas
E as cobriam com os pés
Era o lavrador à procura da fertilidade.
O tempo pariu a esperança De repente...
Num balé verde-escuro
Dançam milharais ao vento
Dobram-se ao chão e retornam
Como bailarinas esqueléticas
Folhas esguias chicoteiam o ar
Pendões gemem flores
Crescem as espigas eróticas
Cabelos profanos espalham-se
O lavrador dorme
Em câmera instantânea
Sonha com espigas carnais
Fruto da solidão do campo