PRÉDIO DO ANTIGO TIRO DE GUERRA (TG-197)
Um dos primeiros bens materiais a serem tombados como patrimônio histórico em São José do Rio Preto foi o antigo prédio do Tiro de Guerra (TG 197), localizado no cruzamento da rua Voluntários de São Paulo com a rua Saldanha Marinho. O tombamento ocorreu em abril de 2004, durante o segundo mandato do prefeito Edinho Araújo. Atualmente, o local é sede do Museu de Arte Primitivista José Antônio da Silva (MAP).
O TG 197 foi criado entre 1916 e 1919, durante um movimento liderado pelo dentista Raul Silva, que exerceu a presidência da instituição entre 1919 e 1920. Em 1924, as atividades foram suspensas, sendo retomadas em 1927. O prédio tornou-se a sede do Tiro de Guerra em 1938, após anos de funcionamento em locais improvisados.
A instalação abrigou o efetivo até a década de 1960, período em que era identificado como TG 02-041, denominação adotada em 1945. Com o aumento das turmas, surgiu a necessidade de um espaço maior, passando a operar em um novo endereço em 10 de fevereiro de 1966, na Rua Bait Chelala, 1225, na Vila Militar, em uma área de aproximadamente 6.000 m², onde permanece até hoje. Desde 1979, é denominado TG 02-033.
Para o professor e escritor Romildo Sant'Anna, o tombamento do edifício onde funcionou a sede de alistamento do antigo Tiro de Guerra é muito importante. “O prédio tem valor histórico, não pela arquitetura, que é até certo ponto comum, mas por representar o ‘luxo’ de sua época e, sobretudo, pelo valor afetivo, sendo um ponto de referência na vida da cidade”, afirma.
Romildo relata que, após abrigar o Tiro de Guerra, o prédio passou a sediar a Biblioteca Municipal Dr. Fernando Costa e, nos fundos, o primeiro museu de arte da cidade, o Museu Municipal de Arte Contemporânea, fundado por José Antônio da Silva. O local também foi sede da Secretaria Municipal de Turismo, sob a direção de Yolanda Bassitt, do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico, além de servir como base dos Combatentes da Revolução de 32.
Em 2006, um documento assinado por Sant’Anna e Yolanda indicava a transferência do Museu de Arte Primitivista ‘José Antônio da Silva’ para o prédio. A mudança ocorreu em 2012, mas, segundo Sant’Anna, infelizmente, a área dos fundos não foi utilizada. “Nessa parte do edifício, estão os 15 painéis pintados por José Antônio da Silva, que ilustram cenas de seu ‘Romance de Minha Vida’ (1949)”, pontua.
Manhã alta, sol a prumo. A poeira dos caminhos confunde-se com um punhado de fardas que marcham para a frente. Onde vão? Quem são? O que fazem esses jovens que se submetem a penosíssimos sacrifícios, envolvidos na poeira vermelha dos caminhos? São filhos do Brasil, os homens de amanhã, os defensores desta Pátria imensa, em cujo coração gigantesco cabem todos os que trabalham, quer sejam brasileiros, quer sejam estrangeiros...
E, no meio deste turbilhão convulso, transbordante de luz e de alegria, os rapazes da linha de tiro marcham a passo firme para o campo de exercício ou para longas viagens de instrução.
À frente, tambores e cornetas conduzem marcialmente um punhado de almas brasileiras que seguem contentes às ordens da Pátria, com o mesmo ardor e entusiasmo com que seguiram para a fronteira render guarda ao seu patrimônio.
São os soldados espontâneos, os soldados da fé, os soldados de Deus, porque encarnam, no amor à Pátria, uma divina religião de uma crença sagrada...
Mas paramos um pouco e observamos ainda: quem é aquele punhado de fardas que vai lá adiante, envolto na poeira vermelha dos caminhos? Quem são eles? O que fazem, e para onde seguem esses jovens?
São o orgulho da Pátria, o orgulho de São Paulo. É o Tiro de Guerra 197, que, para nossa felicidade, ostenta briosamente a farda do Exército Nacional, brasão glorioso do qual se orgulha justificadamente o nosso povo.
(Trechos retirados do álbum ilustrado da comarca de Rio Preto – Autores: Abílio Abrunhosa Cavalheiro e Paulo Laurito)
https://2rm.eb.mil.br/images/galeria_em_artigos/stg/tgs/SJRIOPRETO/historicotg.pdf