Fundado em 1º de setembro de 1948, o Instituto dos Cegos de São José do Rio Preto completa 77 anos em 2025 com uma trajetória marcada por transformação, acolhimento e impacto social. Inicialmente criado como uma casa-abrigo para pessoas com deficiência visual, a instituição passou a atuar como escola regular em 2003. Em 2010, uma portaria do Ministério da Saúde reconheceu oficialmente seu papel como referência em habilitação e reabilitação visual. Desde então, o Instituto tem se dedicado a proporcionar independência, empoderamento e inclusão a pessoas de zero à terceira idade.

“A nossa missão é fazer com que essas pessoas sejam protagonistas de suas próprias histórias, conquistando autonomia e um lugar digno na sociedade, independentemente de a deficiência visual ser congênita ou adquirida. Nosso objetivo é promover um protagonismo nessa história, dando-lhes independência, autonomia e empoderamento social”, afirma a fisioterapeuta e especialista em orientação e mobilidade Regiane Cândido Rodrigues Pires, responsável Técnica do Instituto dos Cegos Rio Preto.

Estrutura e atendimentos

Hoje, o Instituto atende cerca de 280 usuários, oriundos de Rio Preto e de outros 102 municípios da região. Os atendimentos são divididos em três frentes principais: estimulação precoce e ambulatório; apoio pedagógico; e o Centro-Dia – voltado ao público adulto com deficiência visual adquirida.

Entre os principais motivos para a perda de visão em adultos estão a retinopatia diabética, o glaucoma e doenças hereditárias de retina. Já entre os casos congênitos, muitas crianças nascem prematuras ou com síndromes que afetam a visão. A porta de entrada para os atendimentos é feita via SUS, com encaminhamento pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS) da região. Encaminhamentos diretos também são recebidos de hospitais, especialmente nos casos pediátricos.

O trabalho da instituição é pautado em oficinas voltadas à habilitação e reabilitação visual. As atividades incluem ensino de Braile, orientação e mobilidade com a bengala longa, tecnologia assistiva e informática, além de atendimentos psicológicos, pedagógicos e sociais. A equipe multidisciplinar é composta por fisioterapeutas, psicólogos, assistentes sociais, pedagogos, professores de informática, educadores físicos e monitores de artesanato e culinária.

Inclusão também por meio do esporte, música e arte

Além das oficinas pedagógicas e de reabilitação, o Instituto também promove atividades esportivas e culturais. A instituição mantém equipes de goalball masculino e feminino, academia e aulas de judô – incluindo atletas iniciantes e paralímpicos. Na área cultural, destaca-se o projeto de música, com aulas de canto coral, percussão e a banda Visão do Coração, composta por músicos com deficiência visual.

“Essas atividades fazem toda a diferença no processo de inclusão e autoestima dos nossos ”, reforça Regiane. “Temos histórias emocionantes de superação, especialmente entre os atendidos com deficiência adquirida, que passaram pelo luto da perda da visão e reencontraram sua autonomia.”

Regiane lembra com emoção de momentos marcantes, como a entrega da bengala longa. “Quando eles voltam a circular sozinhos, pegar ônibus, retomar atividades, é como se conquistassem novamente seu espaço na sociedade. São conquistas que nos mostram que nosso trabalho vale a pena.”

Doações e expansão

Embora conte com parcerias com as secretarias municipais de Educação e Assistência Social, o Instituto depende fortemente de doações da comunidade para manter suas atividades. São bem-vindas doações financeiras, cestas básicas, insumos e apoio de voluntários que queiram oferecer oficinas de leitura, teatro, artesanato ou outras atividades.

Entre os principais projetos em andamento está a construção de uma nova quadra esportiva, iniciada em março de 2025. O espaço também abrigará um mini-anfiteatro e a nova sede administrativa. O investimento necessário ultrapassa R$ 1,5 milhão, e a instituição segue em busca de parceiros públicos e privados para viabilizar a obra.

As doações auxiliam diretamente na manutenção das atividades, aquisição de materiais, apoio às famílias assistidas e na realização de projetos como a construção da nova quadra esportiva. O Instituto também está de portas abertas a visitas e novas parcerias.