“A cozinha de um país é a sua paisagem colocada na panela”: isso foi o que escreveu o escritor e jornalista espanhol Josep Pla (1897-1981). A Lagosta ao Thermidor foi criada em Paris, por volta de 1891, no restaurante Maison Maire, como Homard à la Thermidor e se tornou um clássico da cozinha francesa. O nome é uma homenagem à peça de teatro escrita pelo dramaturgo Victorien Sardou, “Thermidor”, que tratava de temas políticos ligados à Revolução Francesa.
Basicamente, o prato é preparado com a carne retirada da lagosta, salteada no vinho branco e no cognac, com Mostarda Dijon e cogumelos, misturada ao molho Béchamel e gratinada no forno com Queijo Gruyère. Originalmente era servido com arroz Pilaf. E foi o que eu fiz; porém, só com especiarias.
A França é o país mais visitado no mundo, e, com isso, a sua culinária é amplamente conhecida como uma das mais sofisticadas e influentes. Diga-se de passagem, a apresentação dos pratos é impecável. A gastronomia francesa foi reconhecida, em 2010, pela UNESCO, como Patrimônio Imaterial da Humanidade, graças aos banquetes majestosos de Luís XIV, que transformavam a arte de receber em verdadeiros espetáculos à genialidade de chefes como Paul Bocuse, dentre outros. O vocabulário da cozinha moderna, as técnicas universais, o modelo de restaurantes, o Guia Michelin, que diz quem é quem no mundo da Gastronomia, com suas cobiçadíssimas estrelas, tudo isso veio da França.
Existem várias espécies de lagosta e lagostim, mas quem comeu a reverenciada Lagosta-Americana, das águas frias do Maine, não vai esquecer. É um dos poucos alimentos que, até hoje, é vendido com vida, em alguns mercados norte-americanos. Normalmente são marrom-escuras, quando vivas; mas, quando vão para a panela com água fervendo, ganham a coloração vermelho-vivo. É bem drástico, mas é o jeito com que se faz.
Quanto ao Arroz Pilaf, foi criado na Antiga Pérsia, atual Irã, no século V a.C., que é um arroz feito com caldo aromático. Este arroz é um verdadeiro viajante. Os persas levaram o método de cozimento para a Rota da Seda, passou pelas mãos dos árabes, pelo Império Otomano, pela Índia e pelo Ocidente. Todos esses povos contribuíram com algum ingrediente.
Ingredientes para o Molho Béchamel
2 colheres (sopa) de manteiga
2 colheres (sopa) de
farinha de trigo
3 xícaras (chá) de leite quente
sal q.b. (quanto baste)
noz-moscada ralada q.b.
Como fazer o Molho Béchamel
Em uma frigideira, em fogo baixo, coloque a manteiga. Assim que ela derreter, coloque a farinha de trigo. Mexa, até dar o “ponto de pipoca” (cheiro de pipoca). Coloque o leite aos poucos. Mexa. Se empelotar, use um mixer. Ponha o sal e a noz-moscada a gosto. Assim que o molho engrossar, desligue o fogo.
Ingredientes para o segundo molho
1 colher (sopa) de manteiga
½ cebola branca
150g champignon
pimenta-do-reino branca
½ xícara (chá) de vinho branco
2 colheres (sopa) de cognac
sal q.b.
½ xícara (chá) creme
de leite fresco
2 colheres (chá) Mostarda Dijon
2 gemas de ovo
50g Queijo Gruyère
carne da cauda da lagosta cozida na água com sal
Obs: Reserve a “casquinha” da cauda, para fazer as “barquinhas” recheadas e levá-las ao forno.
Como fazer o molho
Em outra panela ou frigideira, coloque a manteiga e refogue meia cebola branca; na sequência, ponha o champignon e a carne da cauda da lagosta. Tempere com sal e pimenta-do-reino clara. Flambe esta mistura com o vinho branco e com o cognac. O álcool vai evaporar, mas o gosto do líquido vai ficar.
Transfira tudo para a primeira frigideira. Acrescente o creme de leite fresco. Mexa tudo. Ponha a Mostarda Dijon, o Queijo Gruyère ralado e misture tudo. Prove, para acertar os temperos. Finalize com as gemas de ovo.
Ponha as caudas da lagosta em uma assadeira. Recheie com o molho e acrescente mais queijo por cima, para grelhar no forno preaquecido.
Ingredientes para o Arroz Pilaf
Arroz Basmati
1 colher (chá) de manteiga
½ cebola picada
2 dentes de alho
água
1 colher de (café) de páprica doce
1 colher de (café) de açafrão
1 colher de (café) de cúrcuma
1 colher de (café) de canela em pó
2 cravos
sal q.b.
Como fazer o Arroz Pilaf
Ferva água com as especiarias. Em uma panela, refogue na manteiga: primeiro, a cebola; depois, o alho e o arroz. Ponha o sal. Coloque a água fervida com as especiarias e espere secar.
Obs: neste arroz, é bem comum adicionar diversas castanhas e uvas-passas.
Harmonização
Para combinar vinho com um prato, a regra básica é não deixar um sabor sobressair ao outro. Harmonizar é potencializar o sabor do outro. O básico do básico é usar vinhos brancos para carnes brancas e vinhos tintos para carnes vermelhas. Em se tratando de réveillon, um bom champagne pode ser um bom começo de festa e de ano também. E se for comer lagosta, continue com um vinho branco e elegante como ela.
Mais um ano se passando e eu continuo aqui, com as minhas Histórias Temperadas. Obrigada por lerem minhas receitas. Aproveito para desejar aos leitores da Revista Bem-Estar um ano delicioso. Feliz Ano-Novo!
Esta coluna é sempre publicada no último domingo de cada mês, sempre no meio da revista, para você destacar e guardar a receita.
