João Adibe, presidente da Cimed, demonstra otimismo frente ao futuro da companhia. Liderando a quarta maior farmacêutica do Brasil, o executivo ambiciona expandir significativamente o faturamento, almejando alcançar 10 bilhões de reais até 2030, e planeja uma extensa linha de novos produtos para o mercado.

Após consolidar a marca Cimed e sua identidade visual, a farmacêutica expande sua atuação para bens de consumo, investindo em marcas como Carmed, Lavitan e João e Maria. Essa estratégia visa o crescimento sustentável através da fidelização do cliente, impulsionada pelo sucesso de Carmed, que agora se estende a novas categorias como higiene bucal, perfumaria e maquiagem, capitalizando sobre o notável desempenho de seus protetores labiais.

A empresa Cimed anuncia o lançamento de João e Maria, uma nova marca de produtos para bebês, compreendendo treze itens diversificados, como sabonetes líquidos e lenços umedecidos. A projeção de faturamento para a marca é de R$ 130 milhões em 2025, com a expectativa de que ela contribua com 10% do faturamento total da Cimed até 2030.

"Meu pai introduziu toda a minha família no setor farmacêutico e teve a visão de investir em um negócio de menor porte para garantir um futuro mais promissor para seus filhos"

Nascido em São Paulo em 1972, Adibe tem cinco filhos e é casado com Cynthia Marques. O empresário notabilizou-se como presidente da Cimed, empresa de raízes familiares no setor farmacêutico. Sua trajetória profissional iniciou-se aos 15 anos, no laboratório Hornoterápica de seu pai, precedendo sua ascensão na Cimed, originada da fusão entre a Cimed e o Grupo Windson em 1977 e impulsionada por seu avô, pioneiro no setor.

A Cimed é uma indústria 100% brasileira, fundada há 46 anos, e hoje é responsável por mais de 10% de toda a produção nacional de medicamentos. Com sede administrativa em São Paulo, a empresa tem mais de 5 mil colaboradores em todo o país. Seu complexo fabril está localizado em Pouso Alegre (MG), e o centro de distribuição central e a gráfica da companhia em São Sebastião da Bela Vista (MG), além de contar com mais de 24 centros de distribuição espalhados pelo país.

Recentemente, Adibe esteve presente em um almoço exclusivo com empresários do Lide Rio Preto.

Leia a entrevista a seguir:

BE – Como a Cimed surgiu?

João Adibe – A Cimed surgiu a partir do meu pai. Meu avô, por parte de pai, era propagandista médico e, após alguns anos, ele e meu pai tiveram a oportunidade de adquirir um laboratório de médio porte na área farmacêutica. Com o tempo, meus tios se juntaram ao negócio, e meu pai, com muita coragem e ambição, tomou a decisão de vender sua parte dessa empresa para investir em um laboratório menor, com o objetivo de expandir o negócio e fazê-lo crescer. Hoje, esse laboratório é conhecido como a indústria farmacêutica Cimed.

Meu pai foi a pessoa que introduziu toda a minha família no setor farmacêutico e teve a visão de investir em um negócio de menor porte para garantir um futuro mais promissor para seus filhos. Quando começamos, éramos apenas 20 funcionários e tínhamos 6 produtos no catálogo. Hoje, temos mais de 600 produtos e contamos com mais de 5 mil colaboradores.

BE – A Cimed tem se destacado no mercado de genéricos. Quais são os principais diferenciais da empresa nesse segmento?

João Adibe – A Cimed se destaca no mercado de genéricos pelos seus principais diferenciais: o compromisso com a acessibilidade, proporcionando saúde de qualidade para todos os brasileiros, o contínuo investimento em tecnologia e inovação, e a manutenção de rigorosos padrões de qualidade. A empresa também possui uma forte presença no mercado, com parcerias estratégicas e campanhas eficazes que ampliam sua visibilidade e competitividade. Além disso, ao focar em oferecer oportunidades para seus colaboradores e suas famílias, a Cimed reforça seu compromisso com o crescimento sustentável e o bem-estar, consolidando sua posição no setor.

BE – A Cimed também atua no mercado de cosméticos com maestria e o hidratante labial com sabor de Fini foi o produto em 2023. Carmed e Lavitan também são produtos consolidados. Mulheres e crianças ajudam a solidificar a imagem da marca?

João Adibe – Lançamos Carmed em 2015 e sabíamos do imenso potencial do produto. Em tema de reunião de brainstorming sobre diversos produtos, Juliana Felmanas, diretora de Planejamento Estratégico, que na época era responsável por inovação e novos negócios na Cimed, trouxe a ideia de uma colaboração com a Fini, que tinha tudo a ver com o nosso público e também com a questão das cores e dos sabores.

Aí surgiu o que seria nosso grande sucesso, onde juntamos a hidratação profunda diária que o consumidor já conhece, com a marca de balas mais querida do Brasil em uma collab desejo.

Também acreditamos que o fato de Carmed ter uma linguagem divertida e bem-humorada permite que outras marcas consigam ousar tendo uma parceira que já tenha esse DNA.

Exemplo disso é que, embora a marca tenha uma presença digital muito forte, temos buscado oferecer experiências offline também, como o ônibus imersivo de Carmed e as lojas temáticas com as fachadas de Carmed, para nos conectarmos ainda mais com nossos consumidores, criando laços e abrindo um diálogo direto com o público.

E nessa relação cada vez mais próxima do consumidor, com ações no ambiente on e offline, os resultados não poderiam ser diferentes - Carmed se consolidou como uma das marcas de hidratantes labiais mais lembradas pelo público, a partir da collab com Fini e com colaborações subsequentes, como “Carmed BFF”, com Larissa Manoela e Maisa, além de parcerias com Barbie, Burger King e Madonna, que mantiveram a marca em destaque nas trends do TikTok e Instagram, impulsionando o crescimento da categoria em mais de 90%. Em 2023, a Cimed registrou um faturamento de R$ 400 milhões só na marca Carmed, um aumento de cerca de 2.000% em comparação a 2022.

"Nossa missão é proporcionar acessibilidade a todos os brasileiros, que podem contar com uma linha completa para cuidar de sua saúde e bem-estar"

BE – A Cimed atua no segmento de medicamentos e de consumer health, que reúne remédios sem prescrição e produtos de higiene e beleza e nutrição. Atuar em diversas frentes é uma estratégia para se manter competitiva e alcançar perfis diferentes de consumidores?

João Adibe – Sem dúvida, nossa missão é proporcionar acessibilidade a todos os brasileiros, que podem contar com uma linha completa para cuidar de sua saúde e bem-estar, de forma viável.

BE – Quais os principais desafios do setor farmacêutico no mercado brasileiro?

João Adibe – O setor farmacêutico no mercado brasileiro enfrenta desafios como a necessidade de equilibrar a tradição com as inovações que surgem a cada dia. Quando comecei a trabalhar aos 17 anos, meu pai era o líder; hoje, como CEO, lidero ao lado da minha irmã com o compromisso de garantir que nossos filhos e sobrinhos possam também ter um futuro no setor. Essa transição de gerações, que pode ser desafiadora em muitas empresas, é algo que enfrentamos com muito propósito e alinhamento de ideias. Dentro da Cimed, conseguimos integrar a experiência dos fundadores com a inovação das novas gerações, o que nos permite evoluir constantemente, mesmo diante das adversidades do mercado. A chave para superar esses obstáculos é manter um ambiente familiar que compartilha objetivos comuns e trabalha de forma colaborativa para enfrentar os desafios do setor.

São papéis próximos, mas dentro da empresa é fundamental separá-los, para um fluxo de trabalho saudável e eficiente, e até para uma preservação da nossa relação como família. Vejo algumas empresas familiares terem como principal desafio equilibrar o pensamento dos fundadores com a inovação que vem chegando junto com as novas gerações. Dentro da Cimed não temos esse tipo de obstáculo, pode-se considerar esse um exemplo da parte gratificante de trabalhar em um ambiente familiar, pois temos todos esse mesmo propósito e vontade de fazer acontecer.

BE – O Grupo Cimed é a quarta maior indústria farmacêutica do Brasil. Há planos de expansão internacional?

João Adibe – Sim, nos últimos 10 anos, a empresa passou de um faturamento de R$ 300 milhões para R$ 3 bilhões, e em 2024, alcançou R$ 3,6 bilhões, com recordes históricos de crescimento. A Cimed superou a média do mercado com um crescimento de 27%, enquanto o mercado farmacêutico como um todo cresceu 6%. A companhia segue com uma agenda forte de crescimento orgânico, além de ter se consolidado como líder em várias categorias, com destaque para genéricos e marcas como Lavitan e Carmed. Em 2025, iniciamos uma nova etapa com o projeto Nova Era, um plano de negócios que visa levar o faturamento da companhia a R$ 10 bilhões até 2030.

BE – Você tem uma forte atuação nas redes sociais, só no Instagram são 4,1 mi seguidores. Como essa popularidade influencia nos negócios?

João Adibe – Acredito que minha influência, tanto como empresário quanto influenciador, tem um impacto direto e muito positivo na construção da nossa marca. Ao compartilhar de maneira autêntica nossos valores, visão e até mesmo minha rotina, consigo humanizar a comunicação da empresa e criar uma conexão verdadeira com os consumidores, pois, no fim, as pessoas compram de pessoas. Hoje, mantenho com meus seguidores uma relação de troca e diálogo, o que fortalece ainda mais a confiança na marca. Essa proximidade amplia nossa visibilidade, permite alcançar um público mais segmentado, gera mais engajamento e reforça nossa autenticidade. A presença do CEO nas redes sociais é fundamental para consolidar nossa reputação e criar vínculos duradouros com o público.