Tamanho da fonte

AMOR AO PRÓXIMO

EntrevistaAMOR AO PRÓXIMO
Wellington Zacharias homenageou o filho, Thales Carvalho Zacharias, falecido em 2011, com uma Casa de Acolhimento para pacientes e acompanhantes que vêm de longe em busca de tratamento de doenças graves em hospitais de Rio Preto 

O empresário Wellington Zacharias ressignificou a dor do luto pela morte de seu filho, Thales Carvalho Zacharias, ao fundar uma instituição em sua homenagem. A Casa de Acolhimento Thales Carvalho Zacharias atende crianças, adolescentes, adultos e idosos, com doenças graves, e acompanhantes (em geral familiares) vindos de outras cidades para tratamento nos hospitais de Rio Preto e sem condições de autossustento. Desde a sua fundação, em 28 de agosto de 2019, até maio de 2024, a instituição acolheu 2.163 pessoas, dentre elas 138 crianças.

Em 2022, surgiu a Unidade 2, o Thales Aprender, projeto de contraturno escolar direcionado a crianças de baixa renda, de 5 a 14 anos, de escolas públicas. O objetivo é potencializar o processo de alfabetização, em especial, a leitura, a escrita e o cálculo matemático, por meio de recursos diversos, como as artes visuais e, ao mesmo tempo, estimular o desenvolvimento pleno por meio de aulas de dança, yoga, esportes, recreação e inglês.

No primeiro ano, foram atendidas 30 crianças, inicialmente às terças e quintas-feiras, nos períodos da manhã e da tarde: 85% apresentavam graves defasagens de aprendizagem nas áreas de língua portuguesa e matemática. Em 2023, foi possível ampliar o público para 40 crianças e adolescentes, 20 por período, e passar a funcionar de segunda a sexta-feira. Em 2024, o número de crianças e adolescentes beneficiados subiu para 70 e há lista de espera.

Leia a entrevista a seguir:

BE – Qual a principal peculiaridade da Casa de Acolhimento Thales Carvalho Zacharias

Wellington Zacharias – A média de atendimento da Casa Thales é de 85 pessoas por mês. A capacidade máxima de acolhimento por dia é de 27 pessoas. A Casa se caracteriza pela grande rotatividade de usuários. Enquanto alguns chegam a ficar até dois ou três meses na instituição, outros permanecem apenas dois ou três dias, o tempo necessário à realização de exames para procedimentos que ainda serão agendados ou acompanhamento pós-procedimentos.

BE – De que forma a Casa de Acolhimento Thales Carvalho Zacharias vem ajudando crianças acometidas pelo câncer?

Wellington Zacharias – A Casa tem auxiliado crianças e adultos acometidos por câncer, problemas cardíacos e muitas outras doenças graves ao proporcionar acolhimento imediato e emergencial, moradia e endereço de referência durante o período de tratamento, repouso, pernoite, refeições, banho, lavagem de roupas, guarda de pertences, espaço de convivência, oficinas de artesanato e acompanhamento multidisciplinar. Desse modo, a instituição procura ajudar as pessoas em tratamento e seus acompanhantes a enfrentarem com dignidade o momento de fragilidade decorrente da doença, além de prevenir o agravamento do estresse ocasionado pelo afastamento do lar, a quebra da rotina e a interrupção do convívio familiar.

BE – Como surgiu a ideia de criar a instituição?

Wellington Zacharias – Surgiu do encontro entre pessoas com objetivos comuns. Eu pretendia eternizar o nome do meu filho Thales, falecido precocemente, por meio de um projeto social. Uma amiga que era voluntária da Associação Operação Alegria me contou que a presidente dessa ONG, a pedagoga Rita Zeinum, sonhava em montar uma casa para receber pessoas de baixa renda vindas de outras cidades por motivos de saúde, sejam pacientes que não estão internados, mas precisam ir todo dia ao hospital para tratamento, sejam acompanhantes de pessoas internadas nas UTIs, para as quais a única opção era dormir nos bancos da sala de espera, diante da carência de locais para atender esse público. Pedi para essa amiga me apresentar a Rita. Deste encontro nasceu a Casa de Acolhimento Thales Carvalho Zacharias. Procuramos um imóvel na região do HB, que foi comprado, reformado e mobiliado e o atendimento ficou sob responsabilidade da Associação Operação Alegria.

BE – Qual o quadro de funcionários? A Casa Thales conta com voluntários? O que fazer para se tornar um voluntário?

Wellington Zacharias – A Casa Thales possui cinco funcionários e diversos voluntários, que promovem oficinas de artesanato, aulas de musicalização, aulas de yoga e ainda contribuem com a arrecadação de recursos financeiros por meio da realização de bazares de artesanato, de brechós e do cadastramento de cupons fiscais no Programa Nota Fiscal Paulista.

O Thales Aprender também tem uma equipe de profissionais contratados (coordenador pedagógico, professores, instrutor de esporte, monitor de aluno, psicólogo) e voluntários que auxiliam nas atividades com as crianças.

Quem quiser ser voluntário, pode entrar em contato conosco pelo WhatsApp (17) 99667-7246.

BE – Quais os desafios em oferecer esse atendimento?

Wellington Zacharias – Há muitos desafios: manter colaboradores e voluntários sempre alinhados à missão, visão e valores da instituição; encontrar doadores que abracem a ideia e nos ajudem a viabilizar os projetos, trabalhar dia após dia para garantir a excelência no atendimento.

Qual o sentimento em ajudar tantas crianças e suas famílias em um momento tão delicado?

Wellington Zacharias – O exercício da solidariedade e o contato com pessoas tão fragilizadas nos levam a olhar a vida e os problemas de um modo diferente, com mais resiliência, e a gratidão demonstrada por muitas delas estimula a contribuir, cada vez mais, para ajudar quem mais precisa.

BE – Antes de tudo isso, o senhor imaginava que sua vida tomaria este rumo? Que fundaria uma casa com trabalho social tão importante?

Wellington Zacharias – Não. A vida, às vezes, nos surpreende com situações inesperadas. Porém, quando começamos a realizar um trabalho social percebemos que há muito a ser feito.

BE – Para o senhor, qual o papel e o poder da sociedade civil organizada?

Wellington Zacharias – A sociedade civil organizada pode complementar a atuação do poder público, em várias frentes, com ações que viabilizem o acesso da população às políticas públicas.

BE – Como o senhor concilia o dia a dia de empresário, pessoal e a atuação na Casa de Acolhimento Thales Carvalho Zacharias?

Wellington Zacharias – O que viabiliza a realização de todas essas atividades é ter equipes eficientes e estabelecer boas parcerias. No caso, a administração cotidiana, tanto da Casa Thales quanto do Projeto Thales Aprender, está a cargo da diretoria e dos funcionários da Associação Operação Alegria, que tem como presidente a Rita Zeinum que está a frente desse trabalho. Acompanho toda rotina e ofereço o suporte, sempre que necessário.

BE – Há planos de expandir a área de atuação, ou mudar de algum jeito a forma como a Casa de Acolhimento Thales Carvalho Zacharias atua?

Wellington Zacharias – Temos planos de expandir a atuação construindo a Unidade 3 para atender exclusivamente pacientes submetidos a transplante de medula, sobretudo crianças. Após o procedimento, sua imunidade cai muito, então é importante que fiquem em locais isolados e com a higiene ainda mais rigorosa para favorecer a sua recuperação.

BE – Poderia deixar uma mensagem para os pais que passam por momentos de doença ou perda de um filho?

Wellington Zacharias – Encontrar um propósito e desenvolver ações que tragam benefícios à sociedade, especialmente às pessoas mais vulneráveis, nos ajudam a seguir em frente.

Sem publicações!

Publicações somente aos domingos

Publicações

Não encontramos resultados para sua busca.
Revista digital