Mudam-se os tempos...
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, / muda-se o ser, muda-se a confiança; / todo o Mundo é composto de mudança / tomando sempre novas qualidades.”. Se você, de verdade, deseja conhecer Luís de Camões e sua obra, além do prazer de lê-lo, há espalhados trabalhos acadêmicos e um esplendor cultural bibliográfico: Histórias da Literatura Portuguesa, de Teófilo Braga (até o Séc. XIX, 1900 pp.) e o substancioso volume de Antônio José Saraiva e Oscar Lopes (1955, 1264 pp.). Também “A Literatura Portuguesa” (1960), do mestre paulistano Massaud Moisés (413 pp.) que se completa em “A Literatura Portuguesa Através dos Textos” (1968, 461 pp.). Atenção: O livro mais recente, todos periodicamente reeditados, surgiu há 57 anos.
“No meio das tabas de amenos verdores, / cercadas de troncos, cobertos de flores, / alteiam-se os tetos d’altiva nação.” (I-Juca-Pirama, de genial escritor romântico). Informações consistentes sobre Gonçalves Dias você encontra na “História da Literatura Brasileira” (1888), de Silvio Romero (2 v., 1252 pp. até o Romantismo), na grandiosa “A Literatura no Brasil”, de Afrânio Coutinho (1950, 6 v., 6 mil pp.), na “Formação da Literatura Brasileira”, de Antonio Candido (1959, 2 v., 800 pp. até o romantismo), na “História Concisa da Literatura Brasileira”, de Alfredo Bosi (1970, 568 pp.). Também na “História da Literatura Brasileira”, de Massaud Moisés (1976, 4 v., 1900 pp.) que se completa em “A Literatura Brasileira Através dos Textos” (1971, 664 pp.). Atenção: O livro mais recente, todos periodicamente reeditados, surgiu há 50 anos.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades... Porém, se julgar interessante, dá um Google! Ou, pergunte-se: Por que, há tanto tempo, não se produzem livros como os mencionados? Faltam-nos inteligências dispostas a realizarem estudos desse fôlego e importância? Foquemos a publicação que inaugura, em dois tomos magistrais, a historiografia de nossos escritores. Silvio Romero a produziu com apenas 37 anos. Não fez tão-só o relato estético-literário da cultura, mas analisou-a no contexto estilístico, geossocial e político. E concebeu, ele-próprio, admiráveis páginas literárias. Assim, iluminamo-nos das visões críticas e informativas, e nos deliciamos com o refinado estilo do intelectual sergipano.
Focando os primeiros quatro séculos da história, Silvio Romero examina a fisiologia dos povos iniciais e suas tradições. Em dezenas e dezenas de páginas expõe como, aos poucos, e apesar do regime colonial e neocolonial, o panorama artístico vai-se desprendendo dos alentos ibéricos em busca da identidade pela fusão etno cultural da nação mestiça. O próprio Gonçalves Dias, filho de português e mameluca, encarnou o sangue lusitano, africano e indígena. E, como brasileiro nato, dedicou parte da diversificada obra ao hibridismo literário nacional.
Extravasando a época em que sua “História da Literatura Brasileira” foi escrita, Romero discute as raízes etnológicas e estéticas que fizeram do Brasil o Brasil. Porém, entretanto, e se lhe aprouver, dá um Google!