Um dos temas que tem ganhado bastante relevância no contexto corporativo é o da saúde mental. Não que seja um tema novo, de forma alguma. Mas o que percebemos é que, da pandemia para cá, é um tema que deixou de ser tabu e passou a ser estratégico para engajamento e retenção e, portanto, uma prioridade importante para a liderança. A explosão de afastamentos por ansiedade, depressão e burnout, torna o tema ainda mais urgente, especialmente com a entrada em vigor em 2026 da atualização da NR1 que passa a trazer mais clareza sobre algumas responsabilidades que as empresas e suas lideranças precisam ter com relação à saúde mental de seus colaboradores também.
Para mim, pessoalmente, este é um tema que já está em pauta há mais de uma década pelo menos e me sinto muito confortável sempre em poder contribuir para um avanço nesta pauta já que na visão da nossa cultura inovadora humanizada, um dos pilares é justamente o do ambiente de trabalho que contempla não só a dimensão física do trabalho mas também a dimensão psicológica, pois a segurança psicológica que um ambiente consegue promover é antídoto para os principais problemas de adoecimento mental que temos visto por aí.
Recentemente, fiz um bate-papo bem profundo sobre este tema com Dany Moraes, especialista em neurociência e psicologia positiva. Ela abre o papo reforçando, inclusive, o que acabei de falar acima, reforçando que “o cuidado com a saúde mental começa no indivíduo, mas só se sustenta quando vira ambiente”. Quando falamos de inovação humanizada, falamos também de produtividade sustentável: o quanto realmente é possível de ser produzido com as condições existentes. É comum vermos empresas que ainda associam performance ao excesso: excesso de horas, de pressão, de urgência. Mas sabemos que performance sem saúde vira custo, e não resultado. Um líder que dorme bem, que estabelece limites, que reconhece seus sinais de estresse e que se permite pausar, entrega mais qualidade de decisão e mais presença.
Além disso, um ponto que contribuiu muito para mim, especialmente, foi o destaque que ela fez para conseguirmos diferenciar saúde mental de saúde emocional. Enquanto saúde mental envolve nossa capacidade de processar informações, tomar decisões e lidar com o estresse, saúde emocional está ligada à forma como compreendemos e expressamos sentimentos. Na prática, isso significa que um colaborador pode estar cognitivamente funcional, mas emocionalmente fragilizado. A liderança integrativa precisa ser capaz de perceber essas nuances. Um simples “como você está de verdade?” feito com presença genuína já muda o clima de uma conversa e abre portas para acolhimento.
Por fim, a maior inspiração do encontro foi justamente o convite para que as lideranças recebam as diretrizes da NR1 não apenas como um conjunto de regras, mas como um convite à mudança cultural. Caso contrário, a própria lei se torna apenas mais um fardo para a já tão sobrecarregada liderança. É importante termos consciência de que saúde mental não é mais um tema acessório, já que é base para uma liderança que cuida, inspira e transforma. Como líderes, temos o desafio de contribuir para criarmos ambientes onde as pessoas possam performar sem se perderem de si mesmas. E essa é, talvez, uma das principais responsabilidades que precisamos assumir hoje, pois devemos incluir os custos psicológicos que temos para conquistar nossos resultados para que haja equilíbrio de tensões e impulsionamento sustentável dos resultados ao longo dos anos minimizando os riscos à saúde mental de todos.
Daniel Rodrigues
Fundador da CCLi Consultoria Linguística, Empreendedor, Mentor e Palestrante
