Cultura Inovadora Humanizada:
No cenário empresarial atual, a busca incessante por inovação nos levou a uma corrida por tecnologia, metodologias ágeis e otimização de processos. Temos investido muito em sistemas e ferramentas, mas o maior entrave para a inovação não é a falta de recursos tecnológicos, e sim a negligência de investimento em um dos fatores mais complexos e poderosos de qualquer organização: o ser humano. A maioria das culturas organizacionais hoje está construindo ambientes que favorecem a execução automática em detrimento da criatividade genuína.
Uma pesquisa revela que mais de 90% das demissões ocorrem por questões comportamentais, as famosas soft skills, e não por incapacidade técnica. Isso expõe um paradoxo na gestão: contrata-se pelo currículo técnico, mas demite-se pelo comportamento. De que adianta ter o programador mais brilhante se ele não consegue colaborar com a equipe? Ou o estrategista genial que não tem empatia para entender as dores do cliente? Uma cultura inovadora não sobrevive apenas de hard skills; ela floresce na intersecção da competência técnica com a maestria humana.
O que nos leva a esse abismo comportamental é um estado de “piloto automático” generalizado. Muitos profissionais se tornaram “robôs humanos”, cumprindo tarefas de forma mecânica, sem a consciência e a presença necessárias para criar algo novo. Em um ambiente que valoriza apenas a tarefa pela tarefa, a capacidade de se comunicar, de sentir empatia, de se relacionar e de ter resiliência fica adormecida. E são justamente essas as competências que nos diferenciam das máquinas que tanto buscamos implementar.
A verdadeira inovação nasce de uma forte conexão de todos com o propósito da sua função, do porquê fazem o que fazem e como podem fazer ainda melhor o que já fazem. Ou até mesmo, como podem deixar de fazer o que fazem para poder se dedicar a tarefas ainda mais relevantes na conexão com o propósito, buscando automatizar processos sem medo de perder a função.. Uma cultura inovadora humanizada, portanto, incentiva ativamente a jornada de cada um em busca de entender seus próprios propósitos, comportamentos, gatilhos e motivações.
Levar essa cultura para a prática significa transformar intenções em rituais. Imagine uma reunião de planejamento que começa não com a pauta, mas com um “check-in” de 1 minuto onde cada um diz como está se sentindo. Pense em um projeto que não deu certo sendo analisado em uma reunião de “aprendizados”, não de “caça às bruxas”. Isso é criar segurança psicológica, o solo fértil onde as sementes da inovação podem germinar. É um ambiente onde o líder admite não ter todas as respostas e celebra a vulnerabilidade como uma força, incentivando a equipe a fazer o mesmo.
Podemos continuar a otimizar processos dando foco nos sistemas e nas tarefas mecanizando o comportamento das pessoas na equipe ou podemos cultivar uma cultura de conexão com o propósito e aprendizado contínuo em que a equipe possa inovar justamente por não se comportarem como robôs e trazer, inclusive, os robôs para apoiarem suas rotinas ampliando suas capacidades humanas e podendo aproveitar melhor todo potencial humano que tem em si para entregar os resultados almejados por todos.