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Coragem: o elo entre discurso e prática

Coluna | MentoriaCoragem: o elo entre discurso e prática
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Daniel Rodrigues

No artigo de hoje falaremos sobre coragem! Na etimologia da palavra, coragem seria agir com o coração. Muitos dizem que coragem é o contrário do medo, mas na verdade coragem é agir junto com o medo e seu oposto é a covardia, portanto. Quando não agimos pelo medo de perder algo, por exemplo, estamos, na verdade sendo covardes. E nosso coração lá no fundo sinaliza para nós quando agimos assim. Coragem é não permitir-se corromper mesmo quando isso nos traz prejuízos ou dificuldades. Coragem, então, é o que precisamos para manter nossos valores vivos no nosso comportamento diário tornando o pilar propósito realmente o norte da cultura.

A especialista Carol Manciola esteve em um bate-papo comigo em um encontro recente da comunidade Reinvente e nos trouxe uma provocação interessante: “a liderança virou um mosaico de discursos bonitos e decisões contraditórias”. Essa incoerência é o principal sintoma de um modelo de liderança que perdeu o eixo. Queremos inovação, mas não toleramos o erro. Falamos em cuidar de pessoas, mas seguimos tratando-as como recursos. E enquanto o discurso avança, as relações se fragmentam.

Uma Cultura Inovadora Humanizada propõe a busca por caminho integrativo que consiga justamente reconectar resultados, pessoas e propósito. Isso exige muita coragem e, justamente por isso, é que coragem se tornou, inclusive, um dos nossos valores corporativos hoje. Coragem para agir com integridade mesmo quando o ambiente estimula a dissimulação; para encarar as expressões de resistência sem abrir mão dos valores; e para lembrar que a inovação começa na forma como nos relacionamos. Quando uma empresa reconhece que as pessoas não são um meio para o resultado, mas a própria fonte dele, ela deixa de buscar engajamento e passa a nutrir pertencimento.

Carol reforça que coragem é a fé em movimento, é a ação coerente com o grau de consciência. É uma visão que dialoga diretamente com os temas que venho trabalhando aqui nesta coluna: liderar de forma humanizada é ter consciência do impacto que geramos e escolher agir em coerência com o que acreditamos, mesmo sob pressão por metas ou reconhecimento. É compreender que cada decisão, seja na gestão de pessoas ou na condução de uma mudança, é um exercício de presença e integridade.

Um líder corajoso é aquele que não desiste das pessoas, que enxerga o potencial antes do erro e oferece suporte antes de impor sanção. Na prática, isso significa usar toda a “cesta de recursos”, ou seja, conversas honestas, mentorias, coaching e formação, antes de simplesmente optar pela demissão. E quando a pessoa, mesmo com suporte, não se engaja, a decisão de desligar deixa de ser punitiva e passa a ser respeitosa. Esse tipo de liderança constrói vínculos, fortalece a cultura e inspira novas gerações que buscam significado, não apenas cargos.

Coragem, portanto, é o elo entre o discurso e a prática. É a coragem de manter nossos valores íntegros que nos ajudará a manter uma prática conectada com o discurso no dia-a-dia, pois nossos exemplos são fundamentais para inspirar às pessoas a nos seguirem. Sem isso, o desengajamento continua elevado pois quando o que se diz não é o que acontece nos dia-a-dia, acabamos tendo uma quebra de confiança que faz o propósito não ser percebido como verdadeiro. O maior desafio é formar uma equipe que tenha coragem de não só apontar as contradições inerentes a qualquer ambiente corporativo para que essa coragem seja o verdadeiro elo do discurso com a prática favorecendo uma liderança humanizada de verdade.

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