Ao longo desses quase dois anos, tenho compartilhado vários temas diversos aqui na coluna que contribuem sobretudo para nos trazer reflexões sobre os pilares de uma cultura inovadora humanizada. E desde o início do ano, o foco tem sido em trazer reflexões que nos levem a fortalecer nosso pilar de liderança, já que o cenário atual corporativo é de muito desgaste, desengajamento e exaustão da própria liderança. E como é a liderança a responsável por fazer a conexão do propósito com os resultados, liderando toda uma equipe para esta visão, sem o engajamento genuíno da liderança, nenhuma mudança de fato acontece.

E quando falamos de liderança, podemos falar sobre diversas perspectivas. Por isso é que este ano tem sido dedicado a falarmos justamente sobre a perspectiva deste ser humano que lidera. Tenho recebido vários especialistas na Comunidade Reinvente para aprofundarmos temas relacionados à conexão do ser humano consigo mesmo, com seu propósito, com seus valores para que a partir deste aprofundamento do seu próprio papel no mundo consiga ter uma liderança engajadora de fato. Ninguém desengajado de si mesmo poderá engajar outra pessoa em algo de verdade.

Por isso, iniciaremos uma sequência de 5 artigos voltados ao auto: autoliderança, aurorregulação, autorrespossabilidade, autonomia e autogestão… Hoje falaremos sobre autoliderança: a habilidade de liderarmos a nós mesmos, às nossas próprias emoções, aos nossos próprios comportamentos. Para abrir essa jornada, tive um bate-papo com a especialista em desenvolvimento humano e autora do livro InspireSer Grazi Cavenaghi. Nosso bate-papo apenas reforçou o que já comentei aqui: não existe cultura inovadora humanizada sem líderes que estejam conectados consigo mesmos.

Grazi compartilhou os sete princípios da autoliderança que nos ajudam a alinhar nossa atuação com nossa essência: 1. Fazer tudo com intenção; 2. Escolher o simples; 3. Estar no seu lugar; 4. Ser humano; 5. Ser verdadeiro; 6. Dar um passo de cada vez e 7. Aceitar que está tudo bem. Esses princípios, embora sutis, carregam uma força transformadora quando vividos de forma consciente. A intenção nos resgata do piloto automático e nos reconecta ao porquê das nossas escolhas. A simplicidade nos permite enfrentar a complexidade do mundo corporativo com leveza. “Estar no seu lugar” é reconhecer nossos limites e potências — algo fundamental para liderar sem carregar o mundo nas costas.

Uma cultura inovadora humanizada se fortalece quando líderes assumem seu papel como “ser humano”, liderando com autenticidade e conseguindo, assim, respeitar os valores da empresa e a individualidade de cada pessoa da equipe. Nesse modelo de liderança, não há espaço para máscaras — há espaço para presença, escuta e coerência entre o que se diz e o que se faz.

A fala de Grazi também trouxe uma dimensão prática: autoliderança exige ritmo e constância. “Dar um passo de cada vez” e “aceitar que está tudo bem” são convites à paciência e à compaixão, não só com os outros, mas com nós mesmos. Isso implica reconhecer nossos ciclos, cuidar da saúde emocional, física e espiritual e honrar nossa história. É esse cuidado com o ser que sustenta uma liderança viva — aquela que não apenas entrega resultados, mas constrói sentido ao longo do caminho.

Liderar, nesse contexto, é um ato profundamente humano. E sabemos que é cada vez mais importante resgatar esse sentido justamente para lidar com os efeitos colaterais que enfrentamos. A força da cultura não está nos discursos bonitos ou nos slogans de parede. A cultura se fortalece quando pessoas reais, em posições de liderança, decidem viver com intenção, presença e verdade. Como a Grazy reforçou, “a autoliderança é o primeiro passo para servir com propósito”. Que possamos sempre ter clareza do nosso propósito e que ele possa ser o norte que nos guia na nossa liderança.

Daniel Rodrigues

Fundador da CCLi Consultoria Linguística, Empreendedor, Mentor e Palestrante

daniel.rodrigues@cclinet.com.br