No cenário atual, em que tecnologia, automação e inteligência artificial dominam as discussões, surge uma verdade que não pode ser ignorada: o maior diferencial competitivo ainda está nas pessoas. E para reforçar este ponto, nada melhor do que a frase do Simon Sinek: “100% dos clientes são pessoas, 100% dos funcionários são pessoas. Se você não entende de pessoas, você não entende de negócios”. Mais do que hard skills, é a capacidade de se comunicar, de se relacionar e de lidar com emoções que define o futuro da liderança hoje. E é nesse ponto que a cultura inovadora humanizada encontra sua força transformadora.
Ao longo das últimas semanas, temos refletido aqui na Coluna Mentoria sobre como humanizar a inovação nos negócios. Em um encontro recente da Comunidade Reinvente a especialista Lucedile Antunes reforçou dados impressionantes: 91% das demissões acontecem por questões comportamentais, e não técnicas. É algo que estamos cansados de saber e de ouvir, mas que acende um alerta importante para líderes e profissionais do agora, pois se não olharmos para dentro, para o nosso desenvolvimento humano, dificilmente conseguiremos olhar com qualidade para fora, para equipes e clientes.
O conceito de “líder do agora” apresentado por Lucedile vai além das teorias de gestão. Trata-se de reconhecer que o papel central de quem lidera não é acumular técnicas, mas cultivar soft skills fundamentais como empatia, resiliência, escuta ativa e comunicação assertiva. Na prática, isso significa, por exemplo, transformar uma reunião de feedback em um espaço de crescimento mútuo, em vez de um julgamento unilateral. Significa também perceber a dor que está por trás da fala de um colaborador, mesmo quando ela não é explicitada. Esse olhar humano está alinhado à essência da cultura inovadora humanizada que tenho trabalho aqui nos artigos, pois a inovação não acontece apenas em processos ou tecnologias, mas no modo como nos relacionamos e criamos ambientes leves, onde pessoas podem se engajar e se desenvolver. Como lembra Lucedile, “se está pesado, está errado”. Essa frase nos provoca a questionarmos se não estamos reproduzindo padrões antigos de controle e cobranças em vez de cultivarmos uma cultura de confiança, propósito e aprendizado.
Vemos que quando as empresas que adotam práticas de desenvolvimento contínuo de soft skills, como rodas de conversa, mentorias internas e avaliações 360º, acabam tendo uma redução significativa no turnover e maior engajamento das equipes. A lógica é simples: quando líderes escolhem investir em autoconhecimento e em conexão genuína, criam uma rede de pertencimento que se traduz em resultados. O desafio hoje é a liderança dar valor a esse investimento em autodesenvolvimento, pois, infelizmente, por conta das cobranças e dos paradigmas, para muitos ainda parece perda de tempo. E como temos cada vez menos tempo disponível, é algo que sempre acaba ficando para depois.
Mais do que nunca, cabe ao líder ser o protagonista de sua própria transformação e ninguém pode trilhar esse caminho por ele. Como destacou a especialista, é como estar dirigindo um carro: o consultor pode até estar no banco do passageiro, mas quem conduz a jornada é sempre o próprio líder. Esse protagonismo exige coragem para sair do piloto automático, rever crenças e assumir a responsabilidade por deixar um legado positivo. Mas ao investir em desenvolver a humanização na sua liderança, verá que conseguirá ter uma equipe cada vez mais inovadora. Não existe inovação sem colaboração e troca e quanto maior for a confiança no líder e nas pessoas do time, mais inovadora se torna uma equipe e mais resultados ela consegue entregar. Os pilares de uma cultura inovadora humanizada são um excelente caminho para garantir que o fator humano na sua empresa estará disponível para suas inovações.
