LADY MACBETH DO DISTRITO DE MTZENSK
LADY MACBETH DO DISTRITO DE MTZENSK
Nikolai Leskov
Editora: Editora 34
Páginas: 96 (2009)
Preço: R$ 42,40 (Em sebos virtuais a partir de R$ 19,90)
“Lady Macbeth do Distrito de Mtzensk” é uma narrativa curta, tem perto de 80 páginas. É considerada, porém, a obra-prima do escritor russo Nikolai Leskov (1831-1895), um mestre das narrativas enxutas e poderosas.
Aliás, a força narrativa de Leskov inspirou o ensaísta e filósofo alemão Walter Benjamim (1892-1940) a escrever o seu famoso ensaio “O narrador” (1936), que tem como subtítulo “Considerações sobre a obra de Nikolai Leskov”. Nele, o alemão o caracteriza como um artesão da palavra que cria histórias a partir dos costumes e tradições.
Publicada em 1865 na revista Epokha, editada, então, por Dostoiévski, “Lady Macbeth do Distrito de Mtzensk” traz a história de Catierina Lvovna, segunda esposa de um comerciante rico. Jovem e entediada, ela se transforma, ao longo da narrativa, em uma assassina fria e objetiva, aspecto que a aproxima da criação de Shakespeare, que o autor retoma no título de seu pequeno romance.
A narrativa tem como epígrafe um provérbio russo. “Só coramos ao cantar a primeira canção”. Trata-se de um dito popular que funciona como uma espécie de mote para a história que explora a fraqueza humana, o desejo, a sedução, que eventualmente cedem espaço à profunda falta moral e ética. E, assim, dão oportunidade a um lado obscuro do ser.
A questão é que Catierina, seduzida pelo discurso e pelo charme de um capataz da propriedade do marido, se deixa viver a mais desvairada paixão sem se importar muito em esconder o fato. O primeiro a confrontá-la sobre a situação é o sogro. Ele é o primeiro a morrer. E assim sucederá a outros personagens que colocam seus planos e ambições em risco.
A mentora é sempre Catierina, que, em nenhum momento, se mostrará arrependida dos crimes que cometeu. Serguiêi, o amante, a ajuda na execução. É certo que o faz por vezes um tanto atormentado com a situação. Mas ele jamais se nega a seguir os planos da amante. O entrecho leva alguns leitores da obra a considerarem que ele guarda relação estreita com temas como a opressão e o sufoco, especialmente o feminino.
“Lady Macbeth do Distrito de Mtzensk” fez história ao inspirar uma ópera famosa, com o mesmo nome, de Dmitri Shostakóvitch, de 1934, além do filme “Lady Macbeth siberiana”, do cineasta polonês Andrzej Wajda.
O estilo fluido do autor é, por vezes, comparado ao de Tolstói, ao passo que a intensidade psicológica retomaria Dostoiévski. Apesar de todos esses traços notáveis e sofisticados, a narrativa é de leitura rápida e envolvente. Um dia, quando muito dois. E é mais uma aula dos escritores russos do século XIX que sabem como poucos abordar de maneira precisa os mistérios e o lado negro da mente humana. Texto Excelente. Recomendo!