Tamanho da fonte

ENTRE UMA PANDEMIA E OUTRA: ‘VIOLETA’, DE ISABEL ALLENDE

Coluna | LiteraturaENTRE UMA PANDEMIA E OUTRA: ‘VIOLETA’, DE ISABEL ALLENDE

Sobre o autor

“Violeta” (2022) é o último romance da escritora chilena/norte-americana Isabel Allende. E foi o primeiro que li dessa autora de origem latino-americana que ganhou renome na década de 1990, quando livros seus ganharam fama mundial ao serem adaptados para o cinema. Caso de A casa dos espíritos (1982), com filme de 1993, estrelado por Jeremy Irons e Maryl Streep.

Violeta, publicado em 2022, tem uma trama com recorte atual ao trazer a história de uma personagem centenária, a mesma que dá título ao romance, que nasceu e morreu em meio às duas grandes pandemias que assolaram o mundo no período de cerca de cem anos. A gripe espanhola e a Covid 19. A primeira chegou na América do Sul, onde é ambientada a história, pouco antes do nascimento da personagem em 1920 e é em meio à segunda que Violeta falece um século depois. Entre uma pandemia e outra muita coisa aconteceu. Seja na vida fictícia da personagem ou nos fatos históricos que o mundo assistiu e que são recuperados pela autora. E este talvez seja o dado mais curioso do livro.

Por uma questão de “liberdade compositiva”, palavras da própria autora, Allende não situa sua narrativa em um país determinado. Supomos que a história se passe no Chile, embora pudesse ser em um país vizinho. Trata-se de um ponto que torna ainda mais interessante a reflexão sobre o recorte histórico que o romance traz. A vida de Violeta, nascida de pais ricos que contrataram uma governanta vinda de Londres para educá-la, mudou de maneira radical quando a Grande Depressão de 29 chegou ao país. Trata-se da primeira grande mudança na vida da protagonista, que vê a família migrar para uma região remota e inóspita. E é lá que Violeta crescerá e sentirá os efeitos da segunda grande Guerra. Posteriormente, os da Guerra Fria. Estes principalmente por meio da ditadura que se instalou no seu país e que serve de espelho para outras tantas que ocorreram no continente americano (no Brasil inclusive).

Violeta é um livro composto em forma de memórias, endereçadas a Camillo, neto da protagonista. Uma espécie de legado que ela deixa para ele (e para nós). Uma história de amores, decepções, conquistas e perdas. E que incluem o envolvimento da protagonista em causas sociais, como a fundação de uma instituição de ajuda a mulheres vítimas de violência doméstica – esta, segundo Allende, inspirada na sua própria experiência.

Trata-se de uma obra de composição interessante, de leitura fluida e agradável. Devo dizer, aqui, que eventualmente questionei a pertinência de algumas opções da autora, que me pareceram artificias e pouco convincentes. É preciso admitir que Violeta resvala, por vezes, no clichê. Nada que desabone o conjunto, que tem bastante a oferecer. Especialmente se você busca uma história envolvente. Com conteúdo interessante. Que, de quebra, traz um pouco da dinâmica do último século!

VIOLETA

Isabel Allende

  • Editora: Bertrand do Brasil (2022)

  • Páginas: 322

  • Preço: R$ 64,90 (Em sebos virtuais a partir de R$ 34,50) 

Sem publicações!

Publicações somente aos domingos

Publicações

Não encontramos resultados para sua busca.

Revista digital