QUEM SERÁ PROFESSOR NO FUTURO?
Mais um Dia dos Professores e eu me pergunto sobre o futuro docente e a Educação nesse País. Sou professora e acho que nessa profissão passamos por 3 fases: a primeira é a idealista. Iniciamos a carreira com mil sonhos para mudar o mundo. A segunda é a realista. Aquela em que ainda amamos o que fazemos, mas já reconhecemos que somos limitados e somos só parte de um sistema ruim. A terceira fase é a negativista, no qual as decepções superam qualquer ideal porque o sistema se beneficia da ignorância do povo. Perdoem-me se não escrevo bonito sobre a importância dos professores. Isso já sabemos, embora falte concretude. Esse texto é somente a reflexão de uma professora na fase realista.
Todo mundo sabe que a Educação no Brasil é péssima, basta analisar os dados do IDEB, do PISA, etc. Ouvir pessoas idosas relatando o quanto a escola lhes exigia e o quão respeitados eram os professores parece coisa de filme antigo. Hoje, a Educação tem um caráter assistencialista e condescendente, além de ser só mais uma peça no jogo político. Oferece o mínimo, porque a maioria dos alunos não alcança nem o mínimo e com isso se diminuem a exigências.
O Brasil sempre atrasado, adota metodologias baseadas em discursos idealistas sem comprovação científica já abolidas em países desenvolvidos. As cabeças dos alunos são laboratórios e a cada novo governo, surgem “novos gênios” tentando reinventar a roda. Hoje o foco da escola está em projetos ideológicos e pouco se dedica ao “arroz com feijão”: ler, escrever com proficiência a própria língua; desenvolver raciocínio lógico-matemático e ter cultura geral sólida.
Pensando também no quanto a profissão de professor é mal remunerada, desvalorizada e mal formada, quem sonha hoje em ser professor? Pesquisas já apontam o “apagão docente”. Não arrisco dizer que ninguém queira, mas uma coisa é certa: muitos dos que serão professores não o farão por vocação e isso contribui para que não se empenhem em fazer um bom trabalho. Serão os alunos de hoje, precariamente formados, com pouca cultura e na impossibilidade de cursar outra área, farão cursos de Licenciatura que existem aos milhões e com qualidade duvidosa, mas com mensalidade barata. Na verdade, isso já acontece. Nas Universidades bem conceituadas esses cursos também não são disputados. Se o aluno estudar um pouco, entra.
Enfim, a profissão, que forma todas as outras profissões, está em declínio e o efeito dominó fará com que outras profissões também sejam prejudicadas. Alguns professores mais otimistas pensam que chegando a esse ponto, não haverá outro caminho a não ser recomeçar do 0 e recomeçar certo. Será?
Até lá continuamos dando o máximo todos os dias driblando as dificuldades, resistindo às decepções e aprendendo a celebrar as pequenas vitórias porque apesar de tudo, elas ainda existem.