O novo MASP é um prédio anexo ao ícone brutalista, projetado por Lina Bo Bardi em 1968 e pousado na Avenida Paulista, que homenageará Pietro Maria Bardi, primeiro diretor artístico do museu. Por limitações físicas, pouco mais de 1% do acervo do museu é exposto atualmente e esse novo espaço aumentará em até 66% a capacidade expositiva com cinco novas galerias para exposições, duas áreas multiuso, salas de aula, laboratório de conservação, área de acolhimento, restaurante e café. São interligados através de um túnel de 40 metros por uma passagem subterrânea que facilitará a circulação dos visitantes, com um funcionamento integrado dos dois prédios e preservação da paisagem urbana.

A conexão entre os dois edifícios se dá em vários níveis simbólicos, seja pela fachada de vidro do edifício original que propõe uma continuidade visual entre o interior e a cidade, por meio de aberturas visíveis de dentro do prédio enquanto há luz natural e à noite, essas frestas revelam fragmentos do museu para os observadores externos. Bem como pela nova fachada metálica que funciona como uma “pele” protetora, com chapas metálicas perfuradas e plissadas que diminui a carga térmica e aumenta a eficiência energética. O diálogo acontece sem ruídos, com o vão livre, proporções, design monolítico, no uso do concreto aparente, nas cores e no volume.

Como no filme “Ainda estou aqui”, o antigo e o novo museu dão pistas do espírito do nosso tempo, pois ambos são obras de arte que revisitam o passado com enfoque num reparo histórico e da potência da presença, seja material ou imaterial. O legado da arte e da arquitetura consiste em retratos e signos do que a sociedade deseja que tenha existência real, daqueles que ainda estão aqui, assim o tema do filme se conecta com o acervo artístico enclausurado e arquivado, ainda que abrigado em luxo. Faz um convite à reflexão sobre a construção da memória do lugar e do pertencimento, bem com a relação entre o cidadão e a cidade em diálogo com a cultura acessível e ao direito das práticas artísticas.