‘CLUTTERCORE’, O CAOS ORGANIZADO
Uma das tendências contemporâneas mais intrigantes do design de interiores é o “cluttercore”, essa abordagem estética propõe o caos, a disposição da decoração com aglomerados intencionais de objetos. Temos “clutter” algo como desordem ou bagunça, aleatoriedade, um conforto que reside na descontração do caos e “core” que remete ao conjunto, estilo central ou essência de algo.
Em contraposição ao minimalismo - que preconiza espaços limpos e despojados - e muito próximo ao maximalismo, esse estilo não é desmazelado, consiste numa criteriosa curadoria de objetos, coleções e recordações que acolhem e abraçam essa catarse de elementos, um acúmulo intencional de itens, transformando o ambiente que poderia ser visto como desordenado em uma celebração vibrante da individualidade e da história pessoal.
Na essência, esse movimento busca criar uma atmosfera aconchegante que vai além da funcionalidade e está conectada com a personalidade do morador. Assim a decoração existe para uma experiência mais íntima, onde cada livro, quadro, planta, souvernir - seja uma lembrança de viagem, uma peça de arte, ou um objeto de família - contribui para um quadro maior desafiando padrões rígidos do design de interiores e evoluindo para um projeto mais humanizado e com lugar para personalização extrema.
Uma abordagem que questiona o ideal de organização na decoração com uma abordagem livre de pressões estéticas ligadas a máxima de menos é mais, com um vislumbre sobre a complexidade do morar para ser humano. Dessa maneira, “cluttercore” não é apenas uma maneira de decorar, também é uma maneira de existir no mundo e na busca por liberdade na construção de ambientes acolhedores. É uma declaração de identidade e uma homenagem à vida e a sua desordem gloriosa, o caos organizado valoriza a criatividade e autenticidade, extensões de vivências, memórias e afetos, permitindo que se viva num lugar com conexão e que ressoe com sua alma.