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TRANSPLANTE DE MEDULA ÓSSEA

ArtigoTRANSPLANTE DE MEDULA ÓSSEA

O Transplante de Medula Óssea, atualmente denominado Transplante de Células-Tronco Hematopoiéticas (TMO/TCTH), é um procedimento consagrado na prática médica. Ele está indicado para doenças neoplásicas hematológicas e tem sido utilizado desde 1993 em todo o mundo como tratamento alternativo para casos selecionados de doenças autoimunes.

As doenças autoimunes em que o TMO/TCTH tem sido mais frequentemente utilizado incluem Esclerose Múltipla, Esclerose Sistêmica e Doença de Crohn. Este procedimento, na modalidade autóloga, utiliza medicamentos em conjunto com células do próprio paciente.

Desde 2013, o procedimento é aplicado no Brasil e na América Latina para tratar a Doença de Crohn, iniciando pelo hospital Beneficência Portuguesa de São José do Rio Preto/SP. Após o desaparecimento das lesões intestinais do primeiro paciente, foi elaborado um protocolo de conduta e tratamento, que foi encaminhado aos órgãos de Ética e Pesquisa do País com o objetivo de divulgar os resultados à sociedade e à comunidade científica nacional e internacional.

Após dez anos, a instituição realizou 70 procedimentos que seguem critérios clínicos rigorosos. Os resultados, publicados pela equipe médica do hospital, demonstram a eficácia do tratamento.

É um equívoco considerar esse procedimento como experimental. Para mudar essa percepção, foram realizadas várias ações, palestras e atividades educativas, além do envio de documentos ao Conselho Federal de Medicina, destacando a eficácia do tratamento. O procedimento reprograma o sistema imune do paciente, comprometido pela Doença de Crohn, através do uso de medicamentos indicados para doenças imunológicas.

Os resultados mostram uma melhora significativa na qualidade de vida dos pacientes, com longos períodos sem necessidade de medicação, redução de intervenções cirúrgicas e, principalmente, resolução de complicações, como o fechamento de fístulas em alguns casos.

É importante ressaltar que o TMO/TCTH, na modalidade autóloga, deve fazer parte do arsenal terapêutico para a Doença de Crohn no país, em casos devidamente selecionados e analisados para evitar indicações indiscriminadas. O procedimento deve ser realizado por equipes especializadas e com expertise em Transplante de Medula Óssea e no tratamento da Doença de Crohn. O procedimento deve ser visto como um auxílio na recuperação imunológica do paciente, e não como uma cura definitiva, visto que isso não ocorre nas Doenças Inflamatórias Intestinais. Nossos resultados, avaliados após quatro anos do procedimento, mostram que os pacientes transplantados apresentaram períodos livres da doença de 100% (6 meses), 97% (9 meses), 85% (12 meses), 68% (24 meses), 60% (36 meses) e 40% (48 meses) após o TMO.

Esses dados e outros aspectos específicos de alguns pacientes estão sendo publicados. Mantemos uma monitorização constante de todos os pacientes e realizamos um programa multidisciplinar de acompanhamento a distância, com ações sociais efetivas.

Há uma necessidade urgente de expandir o acesso a esse procedimento aos pacientes graves e que não respondem aos tratamentos convencionais, visto que já tem custo previsto no SUS (Sistema Único de Saúde). Devido ao caráter equivocado de ser considerado experimental, atualmente seu acesso é restrito aos possuidores de planos de saúde, muitas vezes após longas batalhas judiciais. Estamos no maio Roxo e temos a obrigação de ressaltar mais esta possibilidade de tratamento para as Doenças inflamatórias intestinais e em particular na Doença de Crohn.​​​​​​​

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