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Terapia Genética

ArtigoTerapia Genética

A edição genética é uma técnica que permite atuar de forma precisa em um amplo espectro de doenças reguladas por genes, proporcionando tratamentos curativos e complementares aos tratamentos convencionais. Esta tecnologia é baseada nos sistemas de proteínas associadas a repetições palindrômicas regularmente intercaladas, agrupadas com a proteína Cas9 (CRISPR-Cas9), que edita o DNA de células somáticas e gera modificações, abrindo a possibilidade de tratar doenças genéticas.

O estudo inicial foi publicado em 2012, e, em 2020, o método recebeu o Prêmio Nobel de Química, concedido à francesa Emmanuelle Charpentier, diretora do Instituto Max Planck de Berlim, e à alemã Jennifer Doudna, professora da Universidade da Califórnia, Berkeley, nos Estados Unidos.

Essa tecnologia permite a produção de medicamentos e, desde o início de 2024, o medicamento exagamglogene autotemcel (CasgevyTM) já foi aprovado no Reino Unido e nos Estados Unidos para o tratamento de doenças falciformes e talassemia. Essas condições, que se associam por meio de combinações genéticas, têm um grande impacto tanto no país quanto no mundo, visto que, até então, o transplante de células-tronco hematopoiéticas, ou transplante de medula, era o único tratamento curativo conhecido.

Essas doenças ocorrem devido a alterações na hemoglobina, uma proteína interna do glóbulo vermelho responsável pelo transporte de oxigênio por todo o organismo. A anormalidade hereditária acontece nos genes que controlam a edição de sua estrutura molecular, que está modificada nas doenças falciformes ou na produção, como nas talassemias.

O exagamglogene autotemcel (Casgevy™) é uma população enriquecida de células CD34+ autólogas geneticamente modificadas. Ela contém células-tronco hematopoiéticas humanas e células progenitoras que são editadas em laboratório pelo método CRISPR/Cas9, para se diferenciarem em glóbulos vermelhos e produzirem altos níveis de hemoglobina fetal, que normalmente predomina nessa fase e se reduz logo após o nascimento, praticamente desaparecendo após o sexto mês de vida. Isso faz com que os sintomas apareçam, visto que a hemoglobina das doenças falciformes modifica a forma dos glóbulos vermelhos na baixa oxigenação, causando problemas reológicos e vasculares, que às vezes se associam ao déficit de produção das talassemias.

Pacientes com essas alterações, que já podem ser identificadas no programa nacional de rastreamento neonatal de moléstias, o teste do pezinho, apresentam baixa qualidade de vida, alta taxa de complicações e perspectivas de redução da sobrevivência a longo prazo.

Além disso, a terapia genética está sendo explorada para potencial uso em doenças autoimunes e câncer, ampliando o escopo de aplicação da tecnologia CRISPR-Cas9. Esses estudos visam entender melhor o potencial do Casgevy em diferentes contextos clínicos e melhorar os desfechos para pacientes com essas condições. Assim, na Doença de Crohn as pesquisas de edição genética com a tecnologia visam modular a resposta imunológica para reduzir a inflamação intestinal e restaurar a barreira intestinal intervindo nos genes que afetam a integridade da mucosa intestinal.

A terapia genética representa uma revolução no tratamento de doenças genéticas, oferecendo esperança a milhões de pacientes. À medida que a pesquisa avança, espera-se que novas terapias possam transformar a abordagem de várias condições, proporcionando não apenas alívio, mas também cura.

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