Imunossenescência
A imunossenescência é o processo de deterioração do sistema imunológico que ocorre comumente com o envelhecimento. Esse fenômeno faz com que a resposta imunológica do organismo se torne menos eficaz, aumentando a vulnerabilidade a infecções, doenças autoimunes e certos tipos de câncer, especialmente em idosos.
As principais características da imunossenescência incluem a redução da produção de células imunes. A medula óssea e o timo passam a funcionar mais lentamente, tornando-se menos eficazes na produção de células imunológicas, como os linfócitos. Com a imunidade mais fraca, a capacidade de resposta a vacinas e infecções diminui, resultando em um aumento de marcadores inflamatórios que podem contribuir para a piora de doenças crônicas e interferir nos microbiomas, especialmente na flora intestinal.
O envelhecimento desempenha um papel importante em doenças neurodegenerativas, tumores, doenças cardiovasculares, doenças autoimunes e na COVID-19. Contudo, os mecanismos da imunossenescência e sua relação com doenças ainda não estão completamente esclarecidos, tornando esta área um campo de pesquisa em desenvolvimento, especialmente diante do aumento da população idosa em todo o mundo. A profa. dra. Valquiria Bueno, coordenadora do Departamento de Imunologia da Unifesp e colaboradores têm se aprofundado nesse tema, observando o que ocorre em pacientes sob uso de drogas hipertensivas, como inibidores de angiotensina, e em portadores de doença de Crohn em relação à imunossenescência.
Vários estudos têm avaliado o efeito do envelhecimento no sistema imunológico, demonstrando uma função comprometida em diversas células, incluindo linfócitos, monócitos, neutrófilos e células NK. Além disso, uma característica bem documentada do envelhecimento é o aumento do estado inflamatório sistêmico, conhecido como “inflammageing”, com níveis séricos elevados de citocinas como IL-6, TNF-α e PCR, além da redução de IL-10. Pesquisas sobre células supressoras mieloides também têm sido foco de muitas publicações recentes.
Hoje, já existem exames e protocolos de avaliação que podem ajudar a diagnosticar a imunossenescência. O processo deve começar com uma consulta médica, onde o profissional revisará o histórico clínico do paciente, avaliará sintomas, infecções, a presença de doenças autoimunes e a resposta a vacinas frequentemente utilizadas.
A análise do número e tipos de linfócitos (T e B) no sangue serve para avaliar a função e a ativação das células imunes, assim como a medição de citocinas e proteínas inflamatórias, como a proteína C-reativa (PCR). Os testes de resposta a vacinas avaliam a eficácia da resposta imune após a vacinação, enquanto os testes de proliferação de linfócitos medem a capacidade das células imunes de se multiplicar em resposta a antígenos.
As avaliações genéticas e moleculares, com o estudo de biomarcadores associados ao envelhecimento imunológico, estão se tornando cada vez mais relevantes na prática médica. Esses exames ajudam a identificar alterações na função imunológica e a determinar o grau de imunossenescência em um indivíduo.
Prevenção e estilo de vida são aspectos cruciais para mitigar os impactos da imunossenescência. A adoção de hábitos saudáveis pode desempenhar um papel significativo na manutenção da saúde imunológica à medida que envelhecemos. Relembramos que alimentação balanceada, exercício físico regular, sono adequado, gerenciamento do estresse, hidratação, evitar substâncias nocivas, vacinação regular e Consultas Médicas Regulares são os itens a serem seguidos.
Adotar essas práticas pode não apenas ajudar a mitigar os efeitos da imunossenescência, mas também promover uma vida mais longa e saudável. A conscientização sobre a importância da prevenção e do estilo de vida é fundamental para todos, especialmente para aqueles que estão envelhecendo. A saúde imunológica deve ser uma prioridade ao longo da vida, garantindo que possamos envelhecer com qualidade e bem-estar.