O cálcio é um dos eletrólitos essenciais ao organismo para a regulação de processos intracelulares e extracelulares. A hipocalcemia é caracterizada por níveis baixos de cálcio no sangue. Nível sérico (sangue) total de cálcio inferior a 8,8 mg/dL (o nível normal é de 8,8 a 10,7 mg/dL) é considerado hipocalcemia. Embora a hipocalcemia não seja tão frequente, pode ser fatal se for severa e não reconhecida e tratada prontamente.

O organismo regula com precisão a quantidade de cálcio em cada parte do corpo. A homeostase do cálcio no organismo é uma interação entre o hormônio da paratireoide, a vitamina D, o fator de crescimento de fibroblastos, a calcitonina, o receptor sensor de cálcio, o cálcio e fósforo séricos. Quando a quantidade de cálcio fornecido pela dieta ou a sua absorção for insuficiente, o nível baixo no sangue; as glândulas paratiroides produzem mais hormônio paratireoide com a finalidade de manter o equilíbrio. Quando o nível de cálcio aumenta, elas produzem menos hormônios. O hormônio da paratireoide envia mensagens para que os ossos liberem mais ou menos cálcio no sangue, informa os rins para para que excretem mais ou menos cálcio na urina e regulem a absorção pelo trato digestivo. A calcitonina produzida pela tireoide reduz os níveis de cálcio no sangue.

A hipocalcemia pode ser causada por consumo insuficiente de cálcio, hipoparatireoidismo, deficiência de vitamina D e magnésio, por cirurgia (remoção da tireoide, paratireoide ou cirurgia radical do pescoço), doenças autoimunes - provocado por autoanticorpos contra glândula paratireoide são a principal causa de hiperparatireoidismo autoimune. Outras causas são provocadas por: septicemia, diurese excessiva, doença hepática crônica, hemorragia, vômito, alcoolismo, pancreatite, medicamentos (antibiótico: rifampicina; anticonvulsivantes: fenitoína, fenobarbital, bifosfonatos, alendronato, residronato, ácido zoledrômico, denosumabe, corticoides, cloroquina, calcitonina, doença renal crônica, transfusão de sangue maciça).

Os sintomas de hipocalcemia são: câimbra, pele seca e escamosa, unhas quebradiças, cabelos ásperos, espasmos musculares, músculos rígidos e doloridos, tetania, parestesia nos lábios, língua, nos dedos das mãos e pés, arritmias cardíacas, insuficiência cardíaca e eventualmente morte. Pode afetar o cérebro e provocar irritabilidade, confusão, comprometimento da memória, convulsões, depressão, delírio, alucinações. O diagnóstico diferencial para hipocalcemia inclui hipoalbuminemia, pancreatite aguda ou septicemia, lesão renal aguda, hiperfosfatemia, hipomagnesemia e hiperparatireoidismo.

O prognóstico da hipocalcemia geralmente é favorável, pois pode ser corrigido a tempo. Em pacientes com paratireoidectomia completa necessitam doses altas de suplementação de cálcio e vitamina D, para manter um nível normal de cálcio. O tratamento preconizado quando grave é através da reposição endovenosa de gluconato de cálcio ou cloreto de cálcio, e nos casos menos severos, a suplementação com vitamina D, magnésio, cálcio.