BIODETECTORES CANINOS
A capacidade olfativa dos cães é amplamente conhecida. Existem muitos exemplos de sua utilização, especialmente em aeroportos ao redor do mundo, onde é comum a presença de cães farejando malas e buscando drogas em diversos locais.
Um exemplo notável do uso de cães na medicina é a Medical Detection Dogs, localizada na cidade de Milton Keynes, no Reino Unido, que realiza pesquisas com cães voltadas para o diagnóstico de doenças. Essa organização treina cães para detectar enfermidades como câncer, diabetes e infecções. As pesquisas são baseadas na habilidade olfativa dos cães, e o trabalho é realizado em colaboração com instituições médicas e universidades, buscando comprovar que os cães podem auxiliar no diagnóstico precoce de várias condições de saúde.
Esses projetos têm mostrado resultados promissores, contribuindo para o entendimento de como os cães podem ser utilizados na medicina. O uso de cães na detecção de doenças tem atraído crescente interesse e pesquisa. Evidências sugerem que cães treinados são capazes de identificar compostos orgânicos voláteis (VOCs) específicos associados a diversas condições médicas, incluindo doenças infecciosas, metabólicas e neoplásicas.
Estudos recentes demonstraram a eficácia dos cães na detecção da Covid-19. Por exemplo, uma revisão publicada no Postgraduate Medical Journal destacou que cães treinados podem identificar perfis específicos de VOCs em indivíduos positivos para COVID-19, com potencial para aplicação em diagnósticos móveis e de baixo custo. Outro estudo, publicado no PloS One, relatou que cães treinados apresentaram alta sensibilidade (95,9%) e especificidade (95,1%) na detecção da COVID-19 em pacientes, comparável ao teste de RT-PCR. Além da COVID-19, os cães também têm sido utilizados para detectar outras doenças infecciosas. A European Society of Clinical Microbiology and Infectious Diseases relatou que os cães demonstraram alta sensibilidade na detecção de infecções do trato urinário e Clostridium difficile, em comparação com culturas bacterianas.
Cães treinados também têm mostrado eficácia na detecção de câncer. Um estudo publicado no BMC Cancer relatou que cães poderiam identificar pacientes com câncer de pulmão a partir de amostras de respiração e urina com uma taxa de detecção de 97,6%. Outro estudo no Gut demonstrou que cães poderiam detectar câncer colorretal com uma sensibilidade de 91% e especificidade de 99% a partir de amostras de respiração e fezes.
No entanto, a implementação ampla de cães para diagnóstico médico enfrenta desafios, como a necessidade de padronizar os métodos de treinamento e avaliar os riscos associados à exposição dos cães a patógenos. Até o momento, não há evidências de que o treinamento prejudique a saúde dos cães. Estudos futuros devem focar na validação desses métodos em condições reais e no desenvolvimento de procedimentos de certificação semelhantes aos utilizados para cães detectores de explosivos.
Em resumo, há um grande número de publicações no PubMed que demonstram que, quando bem treinados, os cães podem ser eficazes na detecção de várias doenças, incluindo a COVID-19, com alta sensibilidade e especificidade. Outro dado relevante é que os cães podem alertar para alterações nos níveis de glicose, sendo úteis no controle de pacientes diabéticos. No entanto, mais pesquisas são necessárias para padronizar e validar esses métodos em contextos clínicos e operacionais. Além disso, os cães podem ser não apenas uma ajuda valiosa no controle de doenças, mas também um grande companheiro no cuidado da sua saúde.