AVC E EXERCÍCIOS
Os pacientes que sofreram um AVC (derrame) e voltam a se exercitar estão fazendo a escolha certa. A atividade física regular ajuda na recuperação e reduz o risco de outro derrame.
A orientação do médico e do fisioterapeuta é crucial para a recuperação. É importante começar de forma simples, com caminhadas curtas, e comunicar ao fisioterapeuta quais são as atividades de seu gosto, para organizar um programa de exercícios consistente.
Antes de tudo, uma avaliação pré-exercício ou teste de estresse deve ser realizada para determinar o que o coração e os pulmões do paciente podem suportar. A decisão conjunta entre o médico clínico e a equipe de fisioterapia sobre a abordagem progressiva é fundamental para minimizar possíveis riscos e aproveitar os recursos disponíveis.
Os pacientes podem participar de programas coletivos que, além de beneficiar sua recuperação, ajudam a desenvolver um senso de comunidade, onde os participantes torcem uns pelos outros. A organização de centros comunitários para idosos deve ser estimulada, como preconiza a American Stroke Association.
Existem evidências emergentes que sugerem que, após um AVC, os pacientes podem se exercitar com maior intensidade do que se pensava anteriormente, e os benefícios podem justificar o esforço extra.
Estudos recentes indicam que exercícios aeróbicos mais breves e intensos, em comparação com sessões de treinamento mais longas e de intensidade moderada, podem ajudar os sobreviventes de AVC a melhorar drasticamente sua aptidão física. Outro dado observado é que, no grupo que realizou exercícios intensos, houve um menor risco de hospitalizações relacionadas ao AVC e de morte precoce. Isso contrasta com a crença de que exercícios de intensidade moderada são mais seguros e sustentáveis após um AVC, em comparação aos exercícios de alta intensidade, conhecidos como HIIT (High-Intensity Interval Training).
Uma revisão demonstrou que o HIIT melhora a mobilidade, aumenta a produção de substâncias químicas e melhora a função cognitiva e motora. Os cientistas teorizam que o HIIT pode aumentar a produção de proteínas nas mitocôndrias, melhorando assim a eficiência do sistema cardiovascular. Outro estudo, em pacientes que sofreram AVC há pelo menos seis meses, dividiu os participantes em dois grupos que realizaram treinamento aeróbico três vezes por semana. Um grupo fez HIIT, enquanto o outro exercícios moderados. Ambos os grupos mostraram melhora na resistência à caminhada após 12 semanas, mas a capacidade de aptidão cardiorrespiratória dos participantes do HIIT foi superior. Esses benefícios podem durar mais, e oito semanas após uma reavaliação, a aptidão cardiorrespiratória se manteve do mesmo modo, fora de exercícios regulares, e novamente o grupo HIIT foi o mais beneficiado. Graças à sua eficiência e eficácia, o HIIT já encontrou seu lugar entre jovens adultos e atletas que buscam melhorar os níveis de condicionamento físico, mas existe uma hesitação compreensível em aplicá-lo em populações mais vulneráveis.
Concluindo, incorporar exercícios físicos na rotina de recuperação após um AVC é uma estratégia fundamental para melhorar a saúde e reduzir o risco de novos eventos. Embora existam desafios, as evidências apontam que, com o devido acompanhamento médico e fisioterapêutico, mesmo atividades mais intensas, como o HIIT, podem trazer benefícios significativos e duradouros. O caminho para a recuperação é individual, e é essencial que cada paciente, com sua equipe de saúde, encontre a abordagem que melhor atenda às suas necessidades e capacidades. Com suporte adequado e programas bem planejados, o exercício físico pode se tornar uma poderosa ferramenta na luta contra as limitações impostas pelo AVC.