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A MEDICINA E A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

ArtigoA MEDICINA E A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

A inteligência artificial (IA) tem causado um grande impacto na sociedade, especialmente na área médica. Um exemplo disso é um estudo de 2023, publicado no Annals of Emergency Medicine, que envolveu 30 pacientes em situações de urgência e emergência. Anotações médicas, incluindo sintomas, exames físicos e resultados laboratoriais, foram analisadas pela IA, que alcançou um diagnóstico correto em 97% dos casos, superando os 87% alcançados por médicos humanos.

Outra pesquisa, divulgada no JAMA Cardiology em 2021, revelou que uma IA, treinada com cerca de um milhão de eletrocardiogramas, apresentou desempenho similar ou superior ao dos diagnósticos clínicos realizados por cardiologistas. Além disso, um modelo de IA chamado Med-PaLM2, desenvolvido pelo Google, obteve mais de 85% de acertos ao responder questões de uma prova de licença médica nos Estados Unidos, um desempenho comparável ao de um médico especialista e bem acima do necessário para aprovação.

Em 2024, uma pesquisa publicada no JAMA Ophthalmology mostrou que um chatbot superou especialistas em glaucoma e alcançou o mesmo nível de especialistas em retina em termos de precisão de diagnósticos e tratamentos. Com tantos exemplos, fica evidente que a IA já está superando médicos em algumas áreas, como na avaliação da doença de Parkinson.

A ascensão da IA levanta a questão: o que acontecerá com os médicos que dedicaram anos e recursos significativos à sua formação, ao descobrirem que uma máquina pode desempenhar suas funções de maneira mais eficaz e rápida? Uma pesquisa com 1.043 médicos americanos revelou que 65% deles estão preocupados com o uso da IA na tomada de decisões diagnósticas e terapêuticas, embora 56% estejam animados com a possibilidade de usar a IA como um complemento à sua prática. Entre os mais entusiasmados estão cardiologistas, anestesiologistas e radiologistas, enquanto médicos de família e pediatras demonstram menos entusiasmo.

Um desafio adicional é que a IA, emergindo tão rapidamente, ainda não foi integrada adequadamente na formação médica. Existe uma preocupação de que o ensino nas faculdades de medicina ainda prepare os estudantes para serem tomadores de decisões clínicas de forma individual, sem considerar a colaboração com tecnologias avançadas. Este cenário sugere a necessidade de reestruturar a educação médica para preparar melhor os futuros médicos para trabalhar com IA. Torna-se então necessário reformular o currículo médico para incluir competências em tecnologia da informação, análise de dados e ética em IA.

A integração da IA na medicina traz também numerosos desafios éticos e profissionais. Um dos principais questionamentos é sobre a autonomia do médico e a segurança do paciente. Com a IA realizando diagnósticos e até mesmo sugerindo tratamentos, surge a preocupação sobre a dependência excessiva de algoritmos, que podem não estar preparados para lidar com nuances humanas e contextos complexos. Além disso, existe uma preocupação considerável sobre a privacidade dos dados. Os sistemas de IA requerem grandes volumes de dados para treinamento e operação eficiente, o que levanta questões sobre a segurança e privacidade dessas informações sensíveis.

A IA já está revolucionando a saúde em todos os níveis. Embora possa haver resistência por parte de médicos das gerações atuais, é provável que os mais jovens se adaptem mais facilmente e redefinam o significado de ser médico. O futuro da medicina será provavelmente definido não apenas pelas ferramentas de IA, mas também pela capacidade dos médicos de utilizar esses recursos para melhorar o cuidado dos pacientes.

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