Roma nunca é só o que você vê. É o que você sente quando se perde nas ruas, o que prova no primeiro gole de vinho, o que leva para sempre depois de um prato de carbonara servido como se fosse um segredo de família.
Gosto de pensar que Roma tem humores. Às vezes, é imponente, como o Colosseo Quadrato, que parece ter sido desenhado para caber numa cena de Fellini. Outras vezes, é íntima, como quando você encontra uma mesa no canto de uma trattoria e o garçom, que poderia estar na sua família, decide o que você vai comer naquela noite.
Há um momento em que a cidade se oferece por inteiro: no cheiro de café que vem de uma torrefazione escondida, no sabor de um gelato criado por um chef que transforma o clássico cacio e pepe em doce, no primeiro pedaço de pão que chega à mesa com azeite verde e denso. Comer em Roma é uma imersão tanto quanto visitar uma basílica. Muda algo em você.
Do alto de um rooftop como o do Bvlgari Hotel ou no terraço do Mirabelle, a cidade se espalha aos seus pés como um banquete visual. Mas é lá embaixo, nas ruas de Trastevere ou no Pigneto, que ela serve seus temperos mais ousados: mercados que parecem óperas, menus que unem séculos de tradição com um toque de rebeldia contemporânea.
Roma é assim: pode começar como um cenário de cartão-postal e terminar como um jantar que você nunca mais vai esquecer. Entre um prato e um poema, ela se insinua e se instala.
