O câncer colorretal está entre os que mais crescem no Brasil e, como reforçam especialistas, o diagnóstico precoce segue sendo o fator determinante para salvar vidas. Nesse cenário, novas tecnologias vêm ganhando espaço, especialmente entre pessoas que adiam ou evitam a colonoscopia por medo, desconforto ou falta de informação. Entre elas, o teste genético nas fezes desponta como alternativa menos invasiva e mais prática para o rastreamento inicial.
Mas até onde esse exame consegue realmente substituir a colonoscopia? A reportagem ouviu três especialistas, entre cirurgiões e coloproctologistas, para esclarecer dúvidas e orientar o leitor sobre escolhas mais seguras.
O cirurgião do aparelho digestivo, gastroenterologista, coloproctologista Roberto Luiz Kaiser Junior, do Kaiser Hospital Dia, afirma que o teste genético nas fezes é uma alternativa moderna para o rastreamento do câncer colorretal, especialmente para quem quer evitar um exame de colonoscopia. “Esse teste funciona analisando as fezes, porém ele não substitui totalmente o exame tradicional”, afirma.
Segundo o médico, o teste genético nas fezes pode deixar de encontrar e identificar pólipos pequenos ou lesões planas. Além disso, não permite biópsia nem a remoção de pólipos, pois só analisa o aspecto das fezes. Também há risco de falsos positivos ou falsos negativos, pois não tem uma visão direta. “Por isso, a colonoscopia permanece como padrão-ouro, principalmente para pacientes com sintomas, histórico familiar, doenças inflamatórias intestinais, rastreamento ou quando algum exame prévio vem alterado.”
A colonoscopia continua sendo o método mais completo para avaliar o intestino grosso, sendo amplamente utilizado para a detecção precoce do câncer colorretal, entre outras condições. “Realizada sob sedação, a colonoscopia não apenas facilita a identificação de pólipos e inflamações, como também possibilita a coleta de biópsias e a remoção de pequenos pólipos durante o próprio procedimento”, afirma a coloproctologista Aline Amaro.
Ainda assim, o exame é cercado de receios. Para Aline, parte do medo vem do imaginário popular. “Esse receio geralmente se origina de uma combinação de fatores, incluindo o desconforto associado ao preparo intestinal exigido antes do exame e o estigma social em torno de procedimentos que envolvem áreas íntimas do corpo.”
O coloproctologista Danilo Munhóz reforça que a falta de informação contribui para a rejeição ao exame. “A falta de informação clara e acessível sobre a segurança, eficácia e importância da colonoscopia na prevenção de condições sérias intensifica essas preocupações. Portanto, é essencial promover uma comunicação aberta e educativa para desmistificar o procedimento e incentivar uma atitude mais positiva em relação à sua realização”, afirma.


